Os mistérios da Operação Zelotes
Por André Pereira, no site
Sul-21:
Daqui a 50 anos, os livros de História descreverão 2015 como um dos anos mais conturbados da história republicana brasileira, mas vamos torcer para não ter que esperar pela arqueologia histórica para desencavar alguns dos mistérios mais intrigantes da Operação Zelotes. Alguns, aliás, já começam a ser esquecidos, tais são o ritmo e a quantidade de fatos. Ei-los, para refrescar a memória.
1. Afonso Motta. O nome apareceu na imprensa e foi noticiado por veículos do próprio grupo RBS mas o título da matéria foi: “Investigação cita deputado “ Só que Motta não é suspeito de suposta falcatrua como parlamentar federal do PDT e sim como dirigente da RBS. Fazendeiro da fronteira oeste, ele foi vice-presidente do grupo afiliado da Rede Globo até 2009. Há, claro, a atitude corporativa conhecida mas ,acima de tudo, impõe-se a criminalização da política, dos políticos, do homem público, e não do executivo da iniciativa privada.
2. R$ 565 bilhões. Porque uma operação que envolve suspeição sobre a cifra estratosférica de mais de meio trilhão de reais sonegados não tem uma só centelha da repercussão explosiva de outros escândalos de desvios de dinheiro público? Simples: envolve grandes empresários e empresa da mídia. Ou seja, patrocinadores dos conglomerados de comunicação. Isto é, a elite da iniciativa privada.
3. Augusto Nardes. Também é nome que surgiu entre os suspeitos do esquema de corrupção. Nardes é gaúcho, ex-deputado do PP e tem posição política partidária, portanto. Como Motta, ele tem foro especial já que é ministro do Tribunal de Contas da União e será investigado pelo Supremo Tribunal Federal. E é ele que está com o processo da contas da presidenta Dilma sobre sua mesa de relator.
4. Santo Ângelo. Foi uma das cidades gaúchas visitadas pela Policia Federal mas, ao contrário de outras operações fartamente televisionados com suspeitos levando algemados por policiais encapuzados, esta padeceu de estranho silêncio visual midiático. Neste município, segundo escassos informes, teriam sido aprendidos computadores de um parente de Nardes de quem ele foi sócio. Até o deputado federal Paulo Pimenta, relator da subcomissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados, estranhou a inclusão de Santo Ângelo do interior do RS ao lado de capitais como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro que são centros políticos e econômicos do país.
5. Jornalistas investigativos. Eles se auto intitulam assim e têm até clube com sócios cativos bem remunerados e melhor empregados. Mas até agora nenhum se dignou a escarafunchar as entranhas do escândalo da Zelotes. Sobre os crime da sonegação, silencia-se e, assim, sonegam-se informação aos leitores. É este o papel de jornalistas investigativos verdadeiros? Ou só mexem em conformidade com o que pensam e determinam os patrões?
6. Sonegação criminosa. Se fosse evitada tão criminosa sonegação talvez o país não precisasse fazer o ajuste fiscal, com medidas tão amargas como as que estão sendo apresentadas. Se os empresários fossem honestos e pagassem o que devem é bem possível que o Brasil já tivesse avançado ainda mais em políticas públicas para os mais pobres. Ao promoverem tamanha sonegação os ricos e poderosos prejudicam a maioria da nação e o próprio Brasil.
7. Valores altos. Entre as 74 empresas investigadas, estão o Grupo Gerdau, com R$ 1,2 bilhão de crédito, a RBS com R$ 672 milhões e a Marcopolo com R$ 260 milhões.
8. Irregularidades variadas. A propina aos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para os empresários apagarem dívidas tributárias envolvia, também, venda de sentença, negociação para indicar conselheiros, redução de valores de multa e até mesmo singelo pedido de vista do processo que prolonga indeterminadamente o julgamento.
Daqui a 50 anos, os livros de História descreverão 2015 como um dos anos mais conturbados da história republicana brasileira, mas vamos torcer para não ter que esperar pela arqueologia histórica para desencavar alguns dos mistérios mais intrigantes da Operação Zelotes. Alguns, aliás, já começam a ser esquecidos, tais são o ritmo e a quantidade de fatos. Ei-los, para refrescar a memória.
1. Afonso Motta. O nome apareceu na imprensa e foi noticiado por veículos do próprio grupo RBS mas o título da matéria foi: “Investigação cita deputado “ Só que Motta não é suspeito de suposta falcatrua como parlamentar federal do PDT e sim como dirigente da RBS. Fazendeiro da fronteira oeste, ele foi vice-presidente do grupo afiliado da Rede Globo até 2009. Há, claro, a atitude corporativa conhecida mas ,acima de tudo, impõe-se a criminalização da política, dos políticos, do homem público, e não do executivo da iniciativa privada.
2. R$ 565 bilhões. Porque uma operação que envolve suspeição sobre a cifra estratosférica de mais de meio trilhão de reais sonegados não tem uma só centelha da repercussão explosiva de outros escândalos de desvios de dinheiro público? Simples: envolve grandes empresários e empresa da mídia. Ou seja, patrocinadores dos conglomerados de comunicação. Isto é, a elite da iniciativa privada.
3. Augusto Nardes. Também é nome que surgiu entre os suspeitos do esquema de corrupção. Nardes é gaúcho, ex-deputado do PP e tem posição política partidária, portanto. Como Motta, ele tem foro especial já que é ministro do Tribunal de Contas da União e será investigado pelo Supremo Tribunal Federal. E é ele que está com o processo da contas da presidenta Dilma sobre sua mesa de relator.
4. Santo Ângelo. Foi uma das cidades gaúchas visitadas pela Policia Federal mas, ao contrário de outras operações fartamente televisionados com suspeitos levando algemados por policiais encapuzados, esta padeceu de estranho silêncio visual midiático. Neste município, segundo escassos informes, teriam sido aprendidos computadores de um parente de Nardes de quem ele foi sócio. Até o deputado federal Paulo Pimenta, relator da subcomissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados, estranhou a inclusão de Santo Ângelo do interior do RS ao lado de capitais como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro que são centros políticos e econômicos do país.
5. Jornalistas investigativos. Eles se auto intitulam assim e têm até clube com sócios cativos bem remunerados e melhor empregados. Mas até agora nenhum se dignou a escarafunchar as entranhas do escândalo da Zelotes. Sobre os crime da sonegação, silencia-se e, assim, sonegam-se informação aos leitores. É este o papel de jornalistas investigativos verdadeiros? Ou só mexem em conformidade com o que pensam e determinam os patrões?
6. Sonegação criminosa. Se fosse evitada tão criminosa sonegação talvez o país não precisasse fazer o ajuste fiscal, com medidas tão amargas como as que estão sendo apresentadas. Se os empresários fossem honestos e pagassem o que devem é bem possível que o Brasil já tivesse avançado ainda mais em políticas públicas para os mais pobres. Ao promoverem tamanha sonegação os ricos e poderosos prejudicam a maioria da nação e o próprio Brasil.
7. Valores altos. Entre as 74 empresas investigadas, estão o Grupo Gerdau, com R$ 1,2 bilhão de crédito, a RBS com R$ 672 milhões e a Marcopolo com R$ 260 milhões.
8. Irregularidades variadas. A propina aos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para os empresários apagarem dívidas tributárias envolvia, também, venda de sentença, negociação para indicar conselheiros, redução de valores de multa e até mesmo singelo pedido de vista do processo que prolonga indeterminadamente o julgamento.