Quem pode mais: Dilma ou Temer?
Instalada a comissão do impeachment na Câmara dos Deputados, o jogo político agora se move para as sombras do poder em Brasilia. Se até aqui o governo da presidente Dilma Rousseff vinha conseguindo um mínimo de apoios no Congresso, o custo vinha sendo altíssimo, como se viu na última reforma ministerial, quando ministérios importantes, como Saúde e Ciência e Tecnologia, foram entregues a nomes relativamente desconhecidos do PMDB.
Apostava-se na histórica divisão do maior partido da base aliada para ir empurrando o barco em meio à tempestade. Ocorre que, na semana passada, quando o vice Michel Temer foi reeleito presidente do PMDB, todo o discurso da legenda girou em tornou da unidade interna. A tal ponto que Temer se negou a ir à posse do ex-presidente Lula alegando que outro ministro – Mauro Lopes, do PMDB, escolhido para a Aviação Civil – havia quebrado uma decisão partidária que impedia filiados de assumir novos cargos na administração federal.
Portanto, existem hoje dois campos de poder no País. O do Palácio do Planalto, sob permanente ameaça desde o dia da posse no segundo mandato, e o do Palácio do Jaburu, cada vez mais concorrido. A lógica dos aliados é muito simples. Se Dilma pode oferecer um ministério, Temer tem dois: o atual e algum que, em breve, poderá ser perdido pelo PT.
A grande aposta de Dilma era a capacidade de articulação política do ex-presidente Lula. No entanto, desde que ele foi atingido pela divulgação de conversas privadas, seu poder de influência encolheu, por mais que a legalidade dos grampos possa vir a ser questionada nos tribunais.
A partir de agora, a função Lula se reduz à de articulador das massas “contra o golpe” e “em defesa da democracia” – o que ele pode fazer mesmo estando fora do governo, como demonstrou nesta sexta-feira. Nos próximos dias, Dilma terá que, cada vez mais, apontar inconsistências jurídicas no pedido de impeachment e abrir o debate aberto com a sociedade, caso realmente queira concluir o seu mandato.
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