Escritores e intelectuais assinam manifesto pela democracia
Mais de mil ficcionistas, poetas, editores e ensaístas assinam o manifesto de "escritores e profissionais do livro pela democracia". Chico Buarque é um dos signatários do abaixo-assinado
Chico
Buarque é um dos signatários do abaixo-assinado “Escritores e
profissionais do livro pela democracia”, publicado na noite desta
segunda-feira (21). Além dele, de acordo com os organizadores, o
documento já conta com outras 1.256 adesões.
A manifestação surgiu no Facebook, no último sábado, e tomou
proporção maior do que a esperada pelos idealizadores. Um deles, o
escritor e jornalista Marcelo Moutinho, comemorou a divulgação na rede
social.“São ficcionistas, poetas, editores, ensaístas, livreiros, revisores, capistas, designers, diagramadores, bibliotecários, contadores de história, que, preocupados com flagrantes ameaças às conquistas democráticas e ao Estado de Direito, decidiram se manifestar em conjunto”, explicou, antes de revelar outros signatários.
“Subscrevem o documento, entre outros, Chico Buarque, Antonio Candido, Milton Hatoum, Slavoj Zizek, Leonardo Padura, Lira Neto, Raduan Nassar, Bernardo Carvalho, Laerte, Humberto Werneck, Aldir Blanc, Rubens Figueiredo e Davi Arrigucci Jr, além de muitos amigos queridos, parceiros de literatura – e de vida”.
Confira o documento na íntegra
“Nós, abaixo assinados, que
escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil,
vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo
exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas
constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.
Não podemos imaginar a livre
circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade
democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela
sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais
acesso à educação.
Ainda podemos nos recordar facilmente
dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do
regime ditatorial iniciado em 1964.
A necessária investigação de toda
denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às
premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.
O retrocesso e a perda dos valores
democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos
incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.
Ao percebermos as conquistas
democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à
privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à
agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido
por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a
se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao
desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de
um Estado de direito.
Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia”.
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