Contraditório em Pauta <contraditorioempauta@uol.com.br>
Prezados (as),
A luta utilitarista pelo alimento, saúde, moradia e outros itens indispensáveis para a conservação da vida é, sem dúvida, indispensável sob o enfoque assistencialista. Por isso, tem sido a nossa bandeira de luta tradicional e causa maior do crescimento dos movimentos populares nas últimas 3 décadas. Essa luta deve continuar porque atende a uma necessidade fundamental para a sobrevivência humana.
Porém, sob o enfoque político, irá acrescentar pouco à luta de classe no futuro, e explico:
- Tornou-se uma bandeira da elite e seus capatazes da direita que estão investindo muito na grande mídia e mídias sociais, num processo sórdido e sofisticado. Sob o guarda-chuva de entidades assistencialistas matrizes (ActionAids, Abrinq, ACM e outras) estão arrecadando fortunas que são distribuídas a outras entidades, muitas delas, de esquerda, que atendem, diretamente, a população necessitada. Com isso, cooptam as lideranças assistencialistas, muitas vezes, sem que elas se apercebam, e que se incumbirão de manter a massa assistida nos limites do assistencialismo.
- Essa luta utilitarista amortece, às vezes, elimina a verdadeira luta de classe já que incita as pessoas a se envolverem com o imediato prioritário, a defesa da vida, e não com as mudanças estruturais.
Nesse sentido, se os movimentos sociais de esquerda não avançarem no seu modelo de luta, acabarão por ser totalmente confundidos com os movimentos de direita. “O amarelo do ouro e o vermelho do sangue passarão a ser parte de uma mesma matiz”.
César Cantu
São Paulo, 16.12.21
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