Comparado a outros setores, jornalismo é o nicho com mais profissionais arrogantes

 
Jornal GGN - Os meios de comunicação vivem atualmente um processo de mudanças profundas, que lhes obrigam a remodelar modelos de negócio, exposição dos serviços e recursos humanos. Segundo a professora da PUC-Minas, Betania Tanure, que participou de evento sobre o papel da gestão de pessoas para a competitividade dos empreendimentos de mídia, a cultura das empresas de comunicação no país ainda são muito hierarquizadas. 
 
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Por Nathalia 
 
A área de recursos humanos terá papel fundamental no processo de mudança pelo qual os veículos de comunicação estão passando. Essa foi a conclusão do debate realizado no painel "O papel da gestão de pessoas na competitividade das empresas de mídia", durante o 10º Congresso Brasileiro de Jornais. Para contribuir com a conversa, participou do encontro a professora da PUC-Minas, Betania Tanure, que foi enfática: "A arrogância dos jornalistas trava o crescimento. Comparado a outros setores, esse é um dos mais arrogantes".
 
De acordo com a acadêmica, as pessoas ainda são muito autoritárias. "Ainda existe o 'manda quem pode, obedece quem tem juízo", explicou. A título de exemplo, ela contou que, em escala de 0 para países com empresas democráticas e 100 para as autoritárias, o Brasil está no nível 75. "A grande questão é que, hoje, a maneira de exercer o poder é mais dissimulada".
 
A professora abordou o assunto para explicar que as lideranças dizem muito sobre o curso das organizações. Ela questionou os participantes sobre a cultura das empresas e disse que o grande dilema na maioria dos casos é que os costumes organizacionais são mantenedores do status quo, ou seja, protege a companhia de mudanças disruptivas.
 
Ainda sobre o assunto, ela explicou que a cultura brasileira tem impacto forte no comportamento das empresas. "Num momento de mudança, é preciso ousar, arriscar e errar, necessariamente. Aqui entra, também, a questão da arrogância, pois se você erra num sistema autoritário, acaba por não alimentar seu processo de inovação. Aqui está um grande desafio a ser enfrentado". 
 
Para ela, os funcionários precisam se sentir parte do processo, ter propósitos, visão de futuro e sonho compartilhado. "A liderança tem que ter credibilidade". Se o desafio for superado, Betania conta que os próximos passos são claros: ela orienta que os envolvidos percebam, queiram e façam o processo de mudança acontecer.