Marina desiste de vetos e abre palanque a coligações firmadas por Campos
Enviado por Assis Ribeiro
de O Globo
Marina começa a recompor palanques que tinha vetado
Para viabilizar palanques e conter a debandada de candidatos a governador rumo aos adversários Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), a candidata Marina Silva (PSB) começou a rever vetos a coligações fechadas por Eduardo Campos. Já está renegociando sua participação direta ou indireta nas campanhas do Rio de Janeiro (PT), Paraná (PSDB), São Paulo (PSDB), Mato Grosso do Sul (PMDB) e Alagoas (PP). Nesta quinta-feira em Sertãozinho (SP), onde teve agenda com empresários do agronegócio, ela acertou com Nelsinho Trad, candidato a governador do Mato Grosso do Sul pelo PMDB, como será sua campanha no Estado. Antes Marina havia vetado a coligação com o peemedebista, por suas eventuais ligações com o agronegócio.
No final de semana, Marina fará uma caminhada com Romário, candidato ao Senado pelo PSB em coligação com Lindibergh Farias, do PT, em uma comunidade da capital fluminense. Rio era outro estado onde Marina havia vetado a coligação com o PT. Desta vez o petista não estará presente, mas nos próximos eventos ele e Marina devem estar juntos. O comitê do petista já mandou produzir grande quantidade de material gráfico com fotos de Marina, Lindbergh e Romário juntos.
— A negociação está em curso. Foi pedido que o Lindbergh não participe dessa agenda de Marina e Romário no fim de semana. Mas a fórmula é que, mais na frente, ao invés de Marina ir em um evento de Lindbergh, os dois se encontrem em um evento do Romário — diz um interlocutor do PSB.
Pressionado pelo vice-presidente Michel Temer para desfazer a aliança com o PSB e apoiar Dilma, já que Marina não se dispunha a subir em seu palanque, Nelsinho Trad diz que, na reunião com Marina, lhe entregou sugestões para o programa de governo e ela já está negociando sua agenda em Mato Grosso do Sul.
O encontro com Marina foi muito bom. Ela recebeu nosso plano de governo. Irá submeter nossos pontos programáticos para o staff político dela no fim de semana e já organizar agendas pelo Brasil. Foi muito produtivo — disse Nelsinho Trad, dando como encerrado o impasse com a candidata do PSB.
No Paraná, a situação da coligação do PSB com o PSDB de Beto Richa é mais difícil. Mas o presidente do PSB no estado e segundo suplente ao Senado, Severino Araújo, sem pedir autorização para Marina Silva, já está tocando sua campanha gráfica reunindo no material de propaganda a candidata a presidente do PSB com Richa, o candidato ao Senado Álvaro Dias (PSDB) e ele próprio. Desde sábado passado, quando a ex-ministra foi oficializada como candidata no lugar de Eduardo Campos, o comitê de Beto mandou produzir 28 milhões de santinhos com a foto dos três, e o nome e número de Marina como candidata a presidente da República.
Nesta sexta-feira, material vai para as ruas. Contemporâneo de Miguel Arraes, o pernambucano Severino Araújo fugiu para o Paraná em 1964. E avisa que independente de Marina subir no palanque, ou participar da campanha no Paraná, estará no material de propaganda porque a aliança é formal, aprovada em convenção do PSB.
— Está todo mundo no santinho junto com ela: o Beto, o Álvaro Dias e eu. O material foi doado pela campanha do Beto e ela não tem como impedir. A aliança foi aprovada em convenção do partido, não tem nada clandestino. Se ela substituiu o Eduardo, é candidata do partido, não pode impedir. O Comité do Beto doou. Como fazer campanha sem um faz-me rir? Aqui, quem quiser doar estamos aceitando: de agronegócio, da Shincariol, fábrica de cerveja. Se a Marina vier aqui a gente vai fazer campanha. Se não fizer vamos fazer assim mesmo. Só precisamos do nome dela e do número para os santinhos. Somos cabo eleitorais bem qualificados: fazemos campanha sem a presença do candidato. Se ela vier ou não, o santinho vai pra rua — diz Severino Araújo.
Em Alagoas, outro palanque que Marina anunciou que não pisará ao lado do coligado , o senador Benedito de Lira também está disposto a manter a aliança com o PSB mesmo assim. Seu candidato a vice-governador é do PSB.
— O senador não vai nem para Aécio nem para Dilma. Marina terá que reafirmar o compromisso firmado com Eduardo Campos — disse um interlocutor do candidato a governador pelo PP em Alagoas.
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