Como pode o povo se sentir bem economicamente, estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia “do país” vai mal? Só o efeito do noticiário extremamente negativo sobre a economia, descolado da realidade, explica. Colar as duas realidades é, talvez, o maior desafio da campanha de Dilma.
Da Rede Brasil Atual
Povo vai bem, mas noticiário o induz a achar que o país vai mal
Segundo Ibope, avaliação do governo Dilma sobe e maioria (76%) se diz satisfeita com a vida. E se 30% pensam que a economia vai mal, como pode 68% acharem que sua vida estará melhor em 2015?
Da Rede Brasil Atual
Povo vai bem, mas noticiário o induz a achar que o país vai mal
Segundo Ibope, avaliação do governo Dilma sobe e maioria (76%) se diz satisfeita com a vida. E se 30% pensam que a economia vai mal, como pode 68% acharem que sua vida estará melhor em 2015?
por Helena Sthephanowitiz
Na pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (26), Dilma Rousseff (PT) subiu dois pontos na espontânea, chegando a 27%. Marina Silva (PSB) teve 18%, e Aécio Neves (PSDB), 12%. A pesquisa espontânea é aquela que reflete melhor a firmeza do voto, porque apenas pergunta em quem o eleitor votará, sem mostrar nenhuma lista de nomes. Responde quem já tende a ter definido o candidato de sua preferência.
Na sondagem estimulada, feita em seguida, mostra-se um disco com as opções de candidatos, e o pesquisado escolhe um dos nomes. Quem só responde diante do disco de opções tem queda por aquele candidato naquele momento da sondagem, mas é mais incerto se a intenção declarada se converterá em voto na urna.
Na simulação de primeiro turno estimulada, segundo o Ibope, Dilma cresce pouco em cima da espontânea. Sobe de 27% para 34% no primeiro turno e para 36% no segundo turno. Nota-se que 34% corresponde a quem avalia o governo da presidenta com bom e ótimo, o que pode representar seu piso de votos, abaixo do qual ela dificilmente cai. Há outros 36% que avaliam seu governo como regular, e pelo menos uma parte destes votará em Dilma, coisa que a pesquisa não captou, mas significa que a campanha da presidenta tem todo este segmento do eleitorado para explorar e crescer. Se apenas um terço de quem avalia o governo como regular, com viés positivo, votar em Dilma, a probabilidade de vitória da presidenta continua alta.
Marina sobe de 18% na espontânea para 29% na estimulada no primeiro turno e para 45% num eventual segundo turno. Seu momento eleitoral é o melhor possível. Mas algo próximo de certeza de votos mesmo ela só tem de cerca de 18% dos pesquisados. Os demais ela ainda precisa convencer o eleitorado a converter em intenção em voto. Marina tem o nome conhecido por ter participado das eleições de 2010 com boa votação, mas não tem propostas bem conhecidas.
É uma faca de dois gumes. Ela pode tanto consolidar votos como perdê-los, quanto mais suas propostas (ou falta delas) forem conhecidas. Uma coisa é simpatia por uma imagem abstrata de novidade, como uma roupa que parece bonita na vitrine de uma loja. Outra coisa é o conhecimento mais profundo da candidata e avaliar o que ela pode fazer de fato nos próximos quatro anos, se vencer. É como experimentar a roupa da vitrine para decidir se compra. Pode não vestir bem no corpo da pessoa como parecia na vitrine.
Dilma sobe de 27% na espontânea para 36% no segundo turno, sempre segundo o Ibope. Marina salta de 18% para 45% na mesma simulação. Dilma sobe só um terço de seus votos firmes na sondagem do princípio ao fim do processo eleitoral. Marina mais do que dobra, subindo uma vez e meia. É improvável que ao longo da campanha eleitoral Dilma conquiste tão poucos novos votos e Marina conquiste tanto sozinha. Seria necessário Dilma fazer tudo errado e Marina tudo certo para isso acontecer.
Aécio é quem está em maiores apuros. Tem 12% de votos firmes na espontânea e 19% na estimulada de primeiro turno, e corre o risco de ver sua candidatura esvaziar-se mais se consolidar a polarização entre Dilma e Marina. Precisa provocar uma difícil reviravolta para voltar ao jogo.
Na prática, mesmo na simulação de segundo turno que é apenas uma sondagem pouco confiável nesta fase da campanha, se for para levar a sério os números do Ibope, o que se pode concluir é que as intenções de votos declaradas em Dilma estão próximas de seu piso, batendo com as avaliações de bom e ótimo de seu governo. As em Marina estão próximas de seu teto. Logo, Dilma tem espaço, e muito, para crescer. Já Marina tem que se esforçar para não cair.
A própria pesquisa mostra a avaliação do governo Dilma subindo. Mostra também uma coisa inusitada. A grande maioria dos brasileiros (76%) diz estar satisfeita com a vida atual que leva. E 43% acham que sua própria situação econômica está boa ou ótima. Só 13% acham que está ruim ou péssima. Outros 68% estão otimistas acreditando que sua própria vida estará melhor em 2015. Quando perguntados sobre a economia do país, a situação se inverte: 30% dizem estar ruim ou péssima, contra 24% dizendo que está boa ou ótima. Mesmo assim, 45% acham que a economia do Brasil estará melhor no ano que vem contra apenas 13% que acham que estará pior.
Como pode o povo se sentir bem economicamente, estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia “do país” vai mal? Só o efeito do noticiário extremamente negativo sobre a economia, descolado da realidade, explica. Colar as duas realidades é, talvez, o maior desafio da campanha de Dilma. Para alegria de seus correligionários, é relativamente fácil explicar o óbvio: que o Brasil é exatamente o mesmo país onde o povo brasileiro vive, e não o das manchetes alarmistas que mais parece um país estrangeiro, que nada tem a ver com onde vivemos.
Aquela história de votar com a mão no bolso, de acordo com a sensação de bem-estar social, favorece Dilma, mas ainda não está refletida nas intenções de voto, por uma abstrata visão negativa do país propagada no noticiário, como se os brasileiros não vivessem nele. É muito improvável que esse quadro permaneça até o fim das eleições. Esse é o maior desafio da campanha de Marina Silva, além de contradições sobre a tal “nova política”, a começar por suposto uso de empresas laranjas, com indícios de caixa dois, para bancar despesas de campanha da chapa Eduardo-Marina, no caso do jatinho.
Na sondagem estimulada, feita em seguida, mostra-se um disco com as opções de candidatos, e o pesquisado escolhe um dos nomes. Quem só responde diante do disco de opções tem queda por aquele candidato naquele momento da sondagem, mas é mais incerto se a intenção declarada se converterá em voto na urna.
Na simulação de primeiro turno estimulada, segundo o Ibope, Dilma cresce pouco em cima da espontânea. Sobe de 27% para 34% no primeiro turno e para 36% no segundo turno. Nota-se que 34% corresponde a quem avalia o governo da presidenta com bom e ótimo, o que pode representar seu piso de votos, abaixo do qual ela dificilmente cai. Há outros 36% que avaliam seu governo como regular, e pelo menos uma parte destes votará em Dilma, coisa que a pesquisa não captou, mas significa que a campanha da presidenta tem todo este segmento do eleitorado para explorar e crescer. Se apenas um terço de quem avalia o governo como regular, com viés positivo, votar em Dilma, a probabilidade de vitória da presidenta continua alta.
Marina sobe de 18% na espontânea para 29% na estimulada no primeiro turno e para 45% num eventual segundo turno. Seu momento eleitoral é o melhor possível. Mas algo próximo de certeza de votos mesmo ela só tem de cerca de 18% dos pesquisados. Os demais ela ainda precisa convencer o eleitorado a converter em intenção em voto. Marina tem o nome conhecido por ter participado das eleições de 2010 com boa votação, mas não tem propostas bem conhecidas.
É uma faca de dois gumes. Ela pode tanto consolidar votos como perdê-los, quanto mais suas propostas (ou falta delas) forem conhecidas. Uma coisa é simpatia por uma imagem abstrata de novidade, como uma roupa que parece bonita na vitrine de uma loja. Outra coisa é o conhecimento mais profundo da candidata e avaliar o que ela pode fazer de fato nos próximos quatro anos, se vencer. É como experimentar a roupa da vitrine para decidir se compra. Pode não vestir bem no corpo da pessoa como parecia na vitrine.
Dilma sobe de 27% na espontânea para 36% no segundo turno, sempre segundo o Ibope. Marina salta de 18% para 45% na mesma simulação. Dilma sobe só um terço de seus votos firmes na sondagem do princípio ao fim do processo eleitoral. Marina mais do que dobra, subindo uma vez e meia. É improvável que ao longo da campanha eleitoral Dilma conquiste tão poucos novos votos e Marina conquiste tanto sozinha. Seria necessário Dilma fazer tudo errado e Marina tudo certo para isso acontecer.
Aécio é quem está em maiores apuros. Tem 12% de votos firmes na espontânea e 19% na estimulada de primeiro turno, e corre o risco de ver sua candidatura esvaziar-se mais se consolidar a polarização entre Dilma e Marina. Precisa provocar uma difícil reviravolta para voltar ao jogo.
Na prática, mesmo na simulação de segundo turno que é apenas uma sondagem pouco confiável nesta fase da campanha, se for para levar a sério os números do Ibope, o que se pode concluir é que as intenções de votos declaradas em Dilma estão próximas de seu piso, batendo com as avaliações de bom e ótimo de seu governo. As em Marina estão próximas de seu teto. Logo, Dilma tem espaço, e muito, para crescer. Já Marina tem que se esforçar para não cair.
A própria pesquisa mostra a avaliação do governo Dilma subindo. Mostra também uma coisa inusitada. A grande maioria dos brasileiros (76%) diz estar satisfeita com a vida atual que leva. E 43% acham que sua própria situação econômica está boa ou ótima. Só 13% acham que está ruim ou péssima. Outros 68% estão otimistas acreditando que sua própria vida estará melhor em 2015. Quando perguntados sobre a economia do país, a situação se inverte: 30% dizem estar ruim ou péssima, contra 24% dizendo que está boa ou ótima. Mesmo assim, 45% acham que a economia do Brasil estará melhor no ano que vem contra apenas 13% que acham que estará pior.
Como pode o povo se sentir bem economicamente, estar otimista com o futuro e ao mesmo tempo acreditar que a economia “do país” vai mal? Só o efeito do noticiário extremamente negativo sobre a economia, descolado da realidade, explica. Colar as duas realidades é, talvez, o maior desafio da campanha de Dilma. Para alegria de seus correligionários, é relativamente fácil explicar o óbvio: que o Brasil é exatamente o mesmo país onde o povo brasileiro vive, e não o das manchetes alarmistas que mais parece um país estrangeiro, que nada tem a ver com onde vivemos.
Aquela história de votar com a mão no bolso, de acordo com a sensação de bem-estar social, favorece Dilma, mas ainda não está refletida nas intenções de voto, por uma abstrata visão negativa do país propagada no noticiário, como se os brasileiros não vivessem nele. É muito improvável que esse quadro permaneça até o fim das eleições. Esse é o maior desafio da campanha de Marina Silva, além de contradições sobre a tal “nova política”, a começar por suposto uso de empresas laranjas, com indícios de caixa dois, para bancar despesas de campanha da chapa Eduardo-Marina, no caso do jatinho.
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