Pais responsáveis não deveriam votar em Aécio
Para além do desespero que as pesquisas lhe provocaram a ponto de sair à caça de votos com medidas que, vindas de outros partidos/candidatos, seriam por ele classificadas de “populistas”, Aécio Neves causa desserviço à educação.
Depois de anunciar o Poupança Jovem, programa que promete um depósito anual de R$ 1.000 ao longo dos três anos de ensino médio (resultando em 3 mil reais na conclusão do curso), agora mais uma bolsa foi apresentada. A proposta de pagamento de um salário mínimo mensal para incentivar jovens que tenham largado o ensino fundamental ou médio a retomarem os estudos.
Não vou nem tratar aqui da questão “promessa de campanha” ou do engodo eleitoreiro (em Minas Gerais o Poupança Jovem foi levado a somente 1% dos municípios e diferentemente do que tem dito o neto de Tancredo, os 3 mil reais prometidos não saem no dia da formatura. Onze mil formandos do ensino médio de 2012 só receberam seus prêmios em novembro do ano passado).
Refiro-me ao “pagamento” para que alunos façam aquilo que lhes cabe: estudar. Prometer dinheiro é a recompensa adequada?
A educação deve estar vinculada a princípios e valores. E qual o valor de se obter educação? Unicamente monetário? É esse o recado enviado pelos programas anunciados nesta semana.
Estudar e frequentar a escola traz (ou deveria trazer) princípios de cidadania e coletividade. A associação escola = dinheiro não produz nada além de incentivo à cultura do consumismo, do individualismo. O resultado disso já conhecemos.
Educação é a base de tudo. Todos os candidatos repetem isso. É a receita inequívoca para uma mudança profunda, para construção de uma base sólida da nação. Mas a melhor ideia que ocorreu ao tucano foi a remuneração a la Silvio Santos com seus aviõezinhos atirados à platéia.
Jovens abandonam a escola pois necessitam trabalhar e esses programas visariam estancar essa sangria? Ajude o pai de família, não aqueles ainda em fase de formação de caráter. O Bolsa Família já existe com essa finalidade inclusa.
O ato de educar, seja pelos pais, seja pela escola, deve visar sempre o alcance da autonomia. Assim, os programas anunciados pelo candidato do PSDB não passam de estratégia imoral.
Uma coisa é auxiliar um pai de família cuja precariedade de sua situação economica suplanta suas capacidades, como regras de mercado ou mesmo localização geográfica. Ou então garantir que estudantes egressos de condições insatisfatórias tenham acesso (ou condições iguais de acesso) a um ensino superior de melhor qualidade, por exemplo. Outra coisa muito diferente é acenar para adolescentes ainda em formação com um maço de dinheiro.
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