domingo, 31 de agosto de 2014

POLÍTICA - Marina e o comitê de Aécio.

O fenômeno Marina visto do comitê de Aécio



Assim como no PT, no comitê nacional de Aécio Neves há o mesmo aturdimento em relação ao fenômeno Marina Silva. Todos querendo entender e, principalmente, tentando avaliar até onde irá o fenômeno Marina.
Na disputa PT x PSDB, Minas Gerais cumpre um papel central.
Se o PSDB perde a disputa nacional e em Minas, no máximo restará São Paulo e Paraná para o partido. E o governador Geraldo Alckmin não é nem de longe o caudatário dos princípios do partido. Praticamente, desaparece o PSDB.
Por outro lado, se o PT perder a presidência e o governo de Minas, praticamente será alijado da política nacional, porque as pesquisas indicam escassas possibilidades de vitória em todos os demais estados.
É uma situação única, desde a eleição de Fernando Collor em 1989.
Na avaliação dos aecistas, Marina passou a cavalgar a onda anti-petista nacional.
Até a morte de Eduardo Campos, esse antipetismo estava concentrado em Aécio, mas ainda sem perspectivas de garantir o segundo turno. No comitê de Aécio torcia-se pelo crescimento de Campos, para garantir o segundo turno.
Quando estava começando a caminhada para o segundo turno, a morte de Eduardo Campos virou o cenário político de pernas para o ar. Marina passou a encarnar o sentimento anti-PT em todo o país, com componentes novos comprometendo todas as estratégias de todos os partidos.
As pesquisas qualitativas do PSDB, por exemplo, têm notado um componente inédito: a ideia de que Marina não entrou no avião acidentado graças à providência divina. É uma sensação que surge não apenas entre evangélicos e pessoas de menor renda, mas entre católicos e pessoas de maior renda.
Primeiro grande baque é digressão do voto útil contra PT. Começa-se a falar em vitória de Marina no primeiro turno. No comitê de Aécio acredita-se que Dilma esteja montada em um percentual histórico de votos do PT que tornará o segundo turno inevitável. Mesmo assim, o simples fato de surgir a dúvida mostra o ponto a que se chegou a ameaça Marina.
Outro ponto que tem incomodado os aecistas é o que consideram tratamento benevolente da mídia às derrapadas de campanha: o avião de Campos e os cachês para palestras de Marina. Entre eles há a sensação de fim do pacto com os grupos de mídia. Um porta-voz de Aécio indagava se haveria a mesma consideração da mídia se os suspeitos fossem do PSDB ou do PT.
Consideram um grande desafio a desconstrução de Marina. Sua constituição frágil, seu próprio estilo de se autovitimizar constituem-se um risco para campanhas mais agressivas. E seus defeitos maiores - a facilidade com que muda de opinião, por exemplo - são mais difíceis de transmitir através do horário gratuito.

O caso de Minas

A entrada de Marina desmontou todos os raciocínios da campanha, inclusive em Minas.
Agindo na frente nacional, Aécio descuidou-se de Minas. O tempo que passou afastado do estado, no Senado e na campanha, acabaram afetando a posição do PSDB.
Além disso, entrou uma equipe nova na campanha e Pimenta da Veiga, com nova abordagem diferente da abordagem original de Aécio. Durante doze meses, segundo a equipe nacional, havia homogeneidade nas propostas e na forma de comunicação. A equipe de Pimenta da Veiga mudou o discurso.
Mesmo assim, tudo caminhava nos conformes até a queda do avião de Campos
Além disso houve um curto-circuito na cabeça dos eleitores, que torna a campanha totalmente atípica, segundo o comitê.
O candidato do PT, Fernando Pimentel, faz uma campanha totalmente dissociada da imagem do partido. Utiliza a cor azul, menciona mais sua condição de ex-prefeito do que a de ex-Ministro. E quando menciona a de ex-Ministro, não informa que foi do governo Dilma.
Segundo o comitê de Aécio, a coincidência de sobrenomes – o candidato do PSDB é Pimenta da Veiga – contribui para a confusão dos eleitores.
O resultado final é que o voto anti-PT do estado foi para Marina, enquanto seu candidato ao governo não tem mais que 2% das intenções de voto.
Pelas pesquisas do PSDB, Aécio está com poucos pontos à frente de Dilma, muito menos do que esperava.

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