Peça-chave para incriminar caciques do PMDB, Machado conseguiu apoio de Sarney
Jornal GGN - O esquema planejado pelo
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, de afastar a investigação
que o envolve das mãos do juiz Sérgio Moro, da Vara Federal de Curitiba,
por medo de sofrer pressões de prisões preventivas e ceder a delações
que poderiam incidir sobre nomes do PMDB, foi explicitado com a
divulgação da última conversa de Machado com a cúpula. Após Romero Jucá
(PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), a Folha divulga o diálogo com o
ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP).
Na conversa, Machado retoma os mesmos pontos já sugeridos à Jucá e
Renan, de atuar de forma "política" e não "judicial" para que sua
investigação fosse mantida a nível do Supremo Tribunal Federal (STF). O
ex-presidente da Transpetro faz parte de um pedido da Procuradoria-Geral
da República para que seja incluído como investigado no principal
inquérito da Lava Jato, que envolve caciques do PMDB, por possível
organização criminosa na Petrobras.
Machado seria uma peça importante para os investigadores avançarem
sobre os possíveis crimes praticados pelos líderes peemedebistas no
Senado. Em dezembro do último ano, ele chegou a ser alvo de busca e
apreensão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em um dos
desdobramentos das investigações.
Sérgio Machado ocupou a presidência da Transpetro por indicação do
PMDB nacional, apadrinhado por Renan Calheiros. Renan, por sua vez,
seria beneficiários de desvios da subsidiária, segundo delação de
Fernando Baiano, operador do esquema, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras. Costa chegou a dizer que Machado lhe
entregou R$ 500 mil em espécie.
Nas tratativas com os nomes de peso do PMDB, Machado recebeu de
Sarney uma resposta para o seu plano: "Nós temos é que conseguir isso
[defesa de Machado], sem meter advogado no meio". O ex-presidente da
Transpetro concordou de imediado que "advogado não pode participar
disso", "de jeito nenhum" e que "advogado é perigoso". Sarney deu razão,
repetindo três vezes que era preciso tratar da questão "sem meter
advogado".
Ao final da conversa, Sérgio Machado pede a Sarney que entrasse em
contato para agendar um horário e local para uma reunião com Renan
Calheiros. Levantou a hipótese de incluir Romero Jucá, mas foi negada
por Sarney, afirmando que não seria "conveniente" colocar "muita gente".
O objetivo era manter a discrição, sem reunir os três líderes do PMDB
ao mesmo tempo.
E a reunião seria com um propósito: "Aquele negócio que você disse
ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá [Curitiba]",
disse o ex-presidente.
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