Cunha e a "barriga" de Lauro Jardim
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
O espetáculo deprimente da “barriga” não assumida da coluna de Lauro Jardim sobre a falsa viagem de Eduardo Cunha à Cuba, a bunda “roubada” da irmã da Kim Khardashian e as sandices postadas por Eduardo Cunha no twitter, acusando a Globo de estar a serviço do PT, poderia ter sido evitado com apenas duas palavras: jornalismo e decência.
Decência, para reconhecer que a coluna tinha dado uma informação errada e corrigir o erro sem “malandragens”.
Jornalismo, para deixar de se preocupar com bobagens de uma mocinha mal educada na internet e ir atrás dos negócios da família Cunha, que podem ou não ser corretos.
Por exemplo, todos ficam falando das “filhas do Cunha”, por conta de que uma delas é beneficiária de uma das contas da Suíça.
Mas Cunha tem quatro filhos, as três moças (um delas enteada, palavra imprecisa para a filha alheira que se cria como sua) e um rapaz, de 22 anos, Felipe Dytz da Cunha.
Este rapaz tem, três anos depois de terminar o Segundo Grau, uma dezena de empresas. A maior parte de comércio eletrônico e propaganda, sozinho ou em sociedade com as irmãs, sendo ele o sócio-diretor.
Estão sediadas no mesmo prédio do escritório de Cunha, na Avenida Nilo Pecanha, 50 – Salas 3201, 3203 e 32129. O delas é na sala 2909. Ou então, na Avenida das Anéricas , 1155, sala 1905, como é o caso da GDAV Comercio – Gdav Comercio de Produtos Eletrônicos Esportivos e Papelaria, microemepreendedor individual que, entretanto, aparece na internet no tão pomposo quanto vazio site Global Nutricional, que além de dividir o endereço no Brasil, tem filial no chique 616 Corporate Way, Suite 2-3420 Valley Cottage, NY.
Endereço onde estão também a Aluni, plataforma de educação à distância que Felipe divide com Danielle Cunha. Ah, e a GFC, também do rapaz, que é uma “uma holding de investimentos, que além do aporte de capital e consultoria, também coloca a mão na massa nos processos essenciais de estudo de viabilidade, construção, desenvolvimento e execução do negócio.”
Pode ser que o rapaz seja um gênio dos negócios. Pode ser que não. Aqui a gente não embarca ninguém para Cuba sem ter certeza que embarcou.
Bem, isso é o que o modesto “blogueiro sujo” aqui pode publicar, sem acusar ninguém, porque não tem os meios de um grande jornal e suas equipes de repórteres, mas fica contente em oferecer como pauta para a grande imprensa.
Já me é paga bastante não ver o jornalismo publicar bundas em lugar de informação.
*****
O espetáculo deprimente da “barriga” não assumida da coluna de Lauro Jardim sobre a falsa viagem de Eduardo Cunha à Cuba, a bunda “roubada” da irmã da Kim Khardashian e as sandices postadas por Eduardo Cunha no twitter, acusando a Globo de estar a serviço do PT, poderia ter sido evitado com apenas duas palavras: jornalismo e decência.
Decência, para reconhecer que a coluna tinha dado uma informação errada e corrigir o erro sem “malandragens”.
Jornalismo, para deixar de se preocupar com bobagens de uma mocinha mal educada na internet e ir atrás dos negócios da família Cunha, que podem ou não ser corretos.
Por exemplo, todos ficam falando das “filhas do Cunha”, por conta de que uma delas é beneficiária de uma das contas da Suíça.
Mas Cunha tem quatro filhos, as três moças (um delas enteada, palavra imprecisa para a filha alheira que se cria como sua) e um rapaz, de 22 anos, Felipe Dytz da Cunha.
Este rapaz tem, três anos depois de terminar o Segundo Grau, uma dezena de empresas. A maior parte de comércio eletrônico e propaganda, sozinho ou em sociedade com as irmãs, sendo ele o sócio-diretor.
Estão sediadas no mesmo prédio do escritório de Cunha, na Avenida Nilo Pecanha, 50 – Salas 3201, 3203 e 32129. O delas é na sala 2909. Ou então, na Avenida das Anéricas , 1155, sala 1905, como é o caso da GDAV Comercio – Gdav Comercio de Produtos Eletrônicos Esportivos e Papelaria, microemepreendedor individual que, entretanto, aparece na internet no tão pomposo quanto vazio site Global Nutricional, que além de dividir o endereço no Brasil, tem filial no chique 616 Corporate Way, Suite 2-3420 Valley Cottage, NY.
Endereço onde estão também a Aluni, plataforma de educação à distância que Felipe divide com Danielle Cunha. Ah, e a GFC, também do rapaz, que é uma “uma holding de investimentos, que além do aporte de capital e consultoria, também coloca a mão na massa nos processos essenciais de estudo de viabilidade, construção, desenvolvimento e execução do negócio.”
Pode ser que o rapaz seja um gênio dos negócios. Pode ser que não. Aqui a gente não embarca ninguém para Cuba sem ter certeza que embarcou.
Bem, isso é o que o modesto “blogueiro sujo” aqui pode publicar, sem acusar ninguém, porque não tem os meios de um grande jornal e suas equipes de repórteres, mas fica contente em oferecer como pauta para a grande imprensa.
Já me é paga bastante não ver o jornalismo publicar bundas em lugar de informação.
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A imundície do jornalismo “limpinho” no caso
Cunha-Cuba
Por Fernando Brito - 27/12/2015
Não é nenhum absurdo errar no jornalismo.
Recebe-se uma informação falsa, por falta de meios ou de tempo não se a verifica e, pronto, lá se foi a “barriga” jornalística, que é com a gente chama a notícia falsa ou improcedente.
Pode acontecer, ninguém está livre. Se é muito grave, dizia-se no meu tempo, “dá demissão”. É risco do ofício.
O que não pode acontecer foi o que ocorreu neste ridículo episódio da “viagem” de Eduardo Cunha a Cuba noticiada na coluna de Lauro Jardim, no site de O Globo, que parece estar se tornando a recordista em publicação de notícias falsas sobre políticos e seus filhos.
O tema era atraente e a baixaria irrelevante de uma filha do deputado (irrelevante mesmo, porque é uma simples grosseria e a moça não é a que tem conta na Suíça) era irresistível para quem quer ficar dando lições de comportamento aos outros.
Gabriela Amorim, ao que se saiba, não é uma figura pública, não tem nenhum interesse jornalístico e sua postagem no Instagram não faz nenhuma referência política.
Com o perdão da expressão,o que o jornal fez foi simples uso escandaloso de bunda e dedo alheio, tal como fez a mocinha mal-educada ao usar uma imagem de uma dona que tem como profissão ser irmã da “celebridade” Kim Kardashian.
Muito pior, porém, porque não num perfil particular, mas numa coluna que se pretende o máximo do jornalismo sob a marca de um grande jornal.
Não se justifica por ser filha de Cunha e Cunha ser quem é, porque não se justifica com ninguém.
Mas nada é tão ruim que não possa piorar e a coluna piorou.
Passou da má informação, da baixaria e da irrelevância para o mau-caratismo.
Publicou uma “atualização” que não é um desmentido, mas um “arranjo”, sem referência ao erro.
Troca-se, como se vê na imagem, algumas palavras e faz-se o leitor de idiota.
Fere-se, assim, a primeira e maior regra do jornalismo, da qual todas as outras advém: respeite o leitor.
O mínimo que se espera quando se faz algo que pretenda ser chamado de jornalismo é ter dignidade.
Aqui chega lixo de toda espécie, como chega a todos os blogueiros que Lauro e O Globo chamam de sujos.
Na campanha, falou-se da família de Aécio Neves, mas só quando seus atos os envolviam em situações públicas e nunca se explorou situações familiares que não tivessem este viés.
Não é digno de elogios agir assim, é obrigação.
Infelizmente, está deixando de ser a regra.
Ao contrário: a regra parece estar virando o deboche, a grosseria, o uso do jornalismo para um tipo de “fofocagem” mau-caráter.
Nada a ver com informalidade, com fazer polêmica, com ter posição política ou mesmo paixões ideológicas.
Mas quem não pratica no seu próprio trabalho o mínimo ético a que deveria estar obrigado só pode ser um fariseu quando pretende dar lições de ética aos outros.
PS. O erro grosseiro pode ter sido do repórter da coluna de Jardim. O desvio de caráter na “emenda pior que o soneto” é degraus acima, certamente.
Por Fernando Brito - 27/12/2015
Não é nenhum absurdo errar no jornalismo.
Recebe-se uma informação falsa, por falta de meios ou de tempo não se a verifica e, pronto, lá se foi a “barriga” jornalística, que é com a gente chama a notícia falsa ou improcedente.
Pode acontecer, ninguém está livre. Se é muito grave, dizia-se no meu tempo, “dá demissão”. É risco do ofício.
O que não pode acontecer foi o que ocorreu neste ridículo episódio da “viagem” de Eduardo Cunha a Cuba noticiada na coluna de Lauro Jardim, no site de O Globo, que parece estar se tornando a recordista em publicação de notícias falsas sobre políticos e seus filhos.
O tema era atraente e a baixaria irrelevante de uma filha do deputado (irrelevante mesmo, porque é uma simples grosseria e a moça não é a que tem conta na Suíça) era irresistível para quem quer ficar dando lições de comportamento aos outros.
Gabriela Amorim, ao que se saiba, não é uma figura pública, não tem nenhum interesse jornalístico e sua postagem no Instagram não faz nenhuma referência política.
Com o perdão da expressão,o que o jornal fez foi simples uso escandaloso de bunda e dedo alheio, tal como fez a mocinha mal-educada ao usar uma imagem de uma dona que tem como profissão ser irmã da “celebridade” Kim Kardashian.
Muito pior, porém, porque não num perfil particular, mas numa coluna que se pretende o máximo do jornalismo sob a marca de um grande jornal.
Não se justifica por ser filha de Cunha e Cunha ser quem é, porque não se justifica com ninguém.
Mas nada é tão ruim que não possa piorar e a coluna piorou.
Passou da má informação, da baixaria e da irrelevância para o mau-caratismo.
Publicou uma “atualização” que não é um desmentido, mas um “arranjo”, sem referência ao erro.
Troca-se, como se vê na imagem, algumas palavras e faz-se o leitor de idiota.
Fere-se, assim, a primeira e maior regra do jornalismo, da qual todas as outras advém: respeite o leitor.
O mínimo que se espera quando se faz algo que pretenda ser chamado de jornalismo é ter dignidade.
Aqui chega lixo de toda espécie, como chega a todos os blogueiros que Lauro e O Globo chamam de sujos.
Na campanha, falou-se da família de Aécio Neves, mas só quando seus atos os envolviam em situações públicas e nunca se explorou situações familiares que não tivessem este viés.
Não é digno de elogios agir assim, é obrigação.
Infelizmente, está deixando de ser a regra.
Ao contrário: a regra parece estar virando o deboche, a grosseria, o uso do jornalismo para um tipo de “fofocagem” mau-caráter.
Nada a ver com informalidade, com fazer polêmica, com ter posição política ou mesmo paixões ideológicas.
Mas quem não pratica no seu próprio trabalho o mínimo ético a que deveria estar obrigado só pode ser um fariseu quando pretende dar lições de ética aos outros.
PS. O erro grosseiro pode ter sido do repórter da coluna de Jardim. O desvio de caráter na “emenda pior que o soneto” é degraus acima, certamente.
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