Vivi pra ver um colunista da Veja defender Chico Buarque.
Eu vivi pra ver um colunista da Veja defender Chico Buarque.
Na última coluna de Marcelo Madureira, intitulada “Respeite o Chico”,
ele fala do último impropério no Leblon, quando meia dúzia de playboys
direitistas insultaram o artista:
“Chico Buarque não é um merda, é um grande compositor. (…) a gente tem que aprender a ter uma discussão política elevada.”
Madureira não ultrapassou o óbvio, o corriqueiro, o trivial;
o seu discurso pode ser traduzido num simples convite ao respeito e à
civilidade – mas, para os leitores da Veja, isso é pedir muito.
Tanto que muitos comentários infelizes seguiram o vídeo.
“Nossa paciência se esgotou!!! Não vai ter dialogo!!! Lugar de bandido é na cadeia, e o Chico é um MMMMDDD mesmo!!”
Esse comentário destila ódio em cada exclamação. Eu quase posso ver um leitor enfurecido, ruborizado e com as veias faciais saltadas enquanto digita odiosamente em caps lock. Seria mais fácil e mais salutar encontrar contra-argumentos. Mas como contra-argumentar a ideia de respeito e civilidade? Como contra-argumentar, aliás, qualquer coisa que seja, se você se informa com a Veja?
“Que vídeo infeliz. Chico Buarque achincalha brasileiros, aqueles que por anos compraram seus discos. Comunista não merece respeito, merece dedo na cara e denúncia pública.”
Este já não faz questão de disfarçar: diz com todas as letras quem não concorda com suas ideias doentias não merece respeito. Talvez Alexandre Frota, o “artista” e herói da direita, o mereça. O dedo de um direitista odioso na cara de Chico Buarque é quase uma piada. Seria trágico se não fosse cômico.
“Desculpa, Madureira: o Chico Buarque e TODOS os que pensam como ele nos tratam como inimigos; eles, que se acham donos da Virtude, crêem que nós – você, eu, etc etc – somos merdas. “Não dá para ser racional com o câncer”. Por tudo isso é que entre nós, gente que respeita as diferenças, e eles, os merdas são eles. E o Buarque, por ser porta-voz daquela mentalidade doentia, se outorga publicamente o título de MERDA.”
Aqui se ultrapassa todos os limites da coerência: Xingar um artista – e TODOS os que pensam como ele – é de fato uma prova clara de respeito às diferenças.
Compreensível: leitores da Veja passam longe da coerência.
Além destes, seguem muitos outros comentários de doer os olhos. Eis, portanto, o melhor conselho para os tempos de ódio: Jamais leia os comentários. Se eles forem escritos em uma coluna da Veja, então…
Você provavelmente encontrará um punhado de ignorância e muito ódio (eles andam de mãos dadas). Meia dúzia de insultos, xingamentos em caps lock, longos textos que não dizem absolutamente nada.
Não raro, os insultos são o disfarce para a falta de argumentos. É por isso que xingaram o Chico no Leblon. É por isso que nas manifestações pró-impeachment jamais houve discussão política – havia apenas o ódio sendo destilado da maneira mais asquerosa possível.
Fascistas não argumentam, bradam. Não competem, tentam ganhar no grito. E estão tão convencidos de suas irracionais certezas que passam de todos os limites do aceitável.
Os comentários da Revista Veja refletem fidedignamente o pensamento da elite brasileira. Tão fidedignamente que chega a me dar náuseas. Aquela gente que troca de carro duas vezes por ano e não lê um livro sequer. Que usa o próprio dinheiro em viagens para a Disney e nunca vai ao teatro – porque se vai, não entende absolutamente nada.
Poderiam consumir música de qualidade, cinema, literatura, arte. Mas estão ocupados lendo – e comentando – a Veja. Poderiam tentar compreender um pouco melhor a lógica das coisas em vez de consumir um discurso fabricado pela mídia. Assim, quem sabe, passariam menos vergonha.
Mas não. Preferem ir às ruas fazer coreografia pró-impeachment – que tipo de manifestação séria faz uma coreografia ritmada, Santo Cristo? – e expor cartazes que nos causam uma mistura de asco e vergonha alheia.
Para eles, Chico Buarque é um merda e Alexandre Frota é um mito.
Marcelo Madureira bem que tentou. Mas o que esperar de quem lê a Veja?
“Chico Buarque não é um merda, é um grande compositor. (…) a gente tem que aprender a ter uma discussão política elevada.”
Tanto que muitos comentários infelizes seguiram o vídeo.
“Nossa paciência se esgotou!!! Não vai ter dialogo!!! Lugar de bandido é na cadeia, e o Chico é um MMMMDDD mesmo!!”
Esse comentário destila ódio em cada exclamação. Eu quase posso ver um leitor enfurecido, ruborizado e com as veias faciais saltadas enquanto digita odiosamente em caps lock. Seria mais fácil e mais salutar encontrar contra-argumentos. Mas como contra-argumentar a ideia de respeito e civilidade? Como contra-argumentar, aliás, qualquer coisa que seja, se você se informa com a Veja?
“Que vídeo infeliz. Chico Buarque achincalha brasileiros, aqueles que por anos compraram seus discos. Comunista não merece respeito, merece dedo na cara e denúncia pública.”
Este já não faz questão de disfarçar: diz com todas as letras quem não concorda com suas ideias doentias não merece respeito. Talvez Alexandre Frota, o “artista” e herói da direita, o mereça. O dedo de um direitista odioso na cara de Chico Buarque é quase uma piada. Seria trágico se não fosse cômico.
“Desculpa, Madureira: o Chico Buarque e TODOS os que pensam como ele nos tratam como inimigos; eles, que se acham donos da Virtude, crêem que nós – você, eu, etc etc – somos merdas. “Não dá para ser racional com o câncer”. Por tudo isso é que entre nós, gente que respeita as diferenças, e eles, os merdas são eles. E o Buarque, por ser porta-voz daquela mentalidade doentia, se outorga publicamente o título de MERDA.”
Aqui se ultrapassa todos os limites da coerência: Xingar um artista – e TODOS os que pensam como ele – é de fato uma prova clara de respeito às diferenças.
Compreensível: leitores da Veja passam longe da coerência.
Além destes, seguem muitos outros comentários de doer os olhos. Eis, portanto, o melhor conselho para os tempos de ódio: Jamais leia os comentários. Se eles forem escritos em uma coluna da Veja, então…
Você provavelmente encontrará um punhado de ignorância e muito ódio (eles andam de mãos dadas). Meia dúzia de insultos, xingamentos em caps lock, longos textos que não dizem absolutamente nada.
Não raro, os insultos são o disfarce para a falta de argumentos. É por isso que xingaram o Chico no Leblon. É por isso que nas manifestações pró-impeachment jamais houve discussão política – havia apenas o ódio sendo destilado da maneira mais asquerosa possível.
Fascistas não argumentam, bradam. Não competem, tentam ganhar no grito. E estão tão convencidos de suas irracionais certezas que passam de todos os limites do aceitável.
Os comentários da Revista Veja refletem fidedignamente o pensamento da elite brasileira. Tão fidedignamente que chega a me dar náuseas. Aquela gente que troca de carro duas vezes por ano e não lê um livro sequer. Que usa o próprio dinheiro em viagens para a Disney e nunca vai ao teatro – porque se vai, não entende absolutamente nada.
Poderiam consumir música de qualidade, cinema, literatura, arte. Mas estão ocupados lendo – e comentando – a Veja. Poderiam tentar compreender um pouco melhor a lógica das coisas em vez de consumir um discurso fabricado pela mídia. Assim, quem sabe, passariam menos vergonha.
Mas não. Preferem ir às ruas fazer coreografia pró-impeachment – que tipo de manifestação séria faz uma coreografia ritmada, Santo Cristo? – e expor cartazes que nos causam uma mistura de asco e vergonha alheia.
Para eles, Chico Buarque é um merda e Alexandre Frota é um mito.
Marcelo Madureira bem que tentou. Mas o que esperar de quem lê a Veja?
Nenhum comentário:
Postar um comentário