Governo Dilma e PT de Lula cada vez mais isolados
Ricardo KotschA cada nova mudança operada no ministério, atendendo a pressões do PT de Lula, mais o governo vai ficando isolado. No segundo ano do seu segundo mandato, Dilma já perdeu Mercadante, Levy e Cardoso, três dos seus mais próximos e importantes auxiliares, sem com isso ganhar novos apoios no Congresso e na sociedade.
Ao contrário, agora se vê ameaçada de perder o apoio até do seu próprio partido, que no encontro nacional do último fim de semana apresentou um plano econômico alternativo, em contraposição ao ajuste fiscal defendido pelo governo. O acordo com o PMDB e a oposição para aprovar mudanças no pré-sal foi só a gota d´água nas cada vez mais delicadas relações do partido com o governo.
A troca do contestado ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, com Dilma desde o primeiro dia de governo, pelo desconhecido Wellington César, ex-procurador-geral da Bahia, indicado por Jaques Wagner, pode num primeiro momento acalmar o PT, mas ele já começou a sofrer críticas de todos os lados, no meio jurídico e no parlamento, antes mesmo de assumir o cargo.
Cardoso era da cota pessoal e homem de confiança da presidente, e representava uma ala minoritária do PT no governo. Sem experiência política, César só tem o respaldo de Wagner, que na segunda-feira, após o anúncio do nome dele, divulgou nota oficial em defesa de Lula, na qual reproduz uma frase do inflamado discurso do ex-presidente na festa do PT: "Se quiserem me derrubar, vão ter que me enfrentar na rua. Se for necessário, em 2018, eu volto a disputar a eleição".
Cada vez mais cercado por investigações e denúncias do MP e da PF, Lula resolveu ir ao ataque, mas o PT também dá sinais de isolamento. Na foto em que o ex-presidente aparece apagando as velas de um bolo no Armazém da Utopia, no Rio, ao lado do presidente do partido, Rui Falcão, não vi nenhuma figura de destaque do mundo político ou cultural, como era comum em outros aniversários do partido. Nem metade dos quatro mil lugares do salão estavam ocupados. A presidente Dilma só enviou uma mensagem de parabéns.
Em seus 36 anos de vida e há 13 no poder central, nunca Lula e o PT se viram tão sozinhos na estrada, tendo que enfrentar tantos adversários e tantas acusações ao mesmo tempo. Não havia mesmo clima para festa.
Daqui a apenas sete meses, teremos as eleições municipais, em que o partido encontrará grandes dificuldades para lançar candidatos competitivos e fazer alianças. Até aqui, o PT só tinha feito crescer a cada eleição. Agora está no mato sem cachorro e terá que lutar muito para não encolher. A vida é dura, mas não se pode fugir da realidade.
Vida que segue.
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