lula1 Governo e PT mais afastados; PSDB racha em SP
"Quem vai ganhar em 2018 é o Geraldo Alckmin. O povo não quer mais o PT. Lula está sitiado".
O autor da declaração acima foi o pré-candidato João Doria, após votar na prévia do PSDB, dando o tom do que aconteceu neste final de semana na política, com todos já de olho em 2018.
Promotor de eventos e apresentador de TV, Doria acabou se tornando o pivô de um racha entre os caciques tucanos, que transformaram a disputa interna pela prefeitura de São Paulo numa queda de braço já com vistas à próxima eleição presidencial.
O governador Geraldo Alckmin resolveu bancar abertamente a candidatura do empresário, levando seu candidato a tiracolo no dia da votação, o que criou um clima de confronto com seguidores dos outros concorrentes, o vereador Andrea Matarazzo, apoiado pelo senador José Serra e pelo ex-presidente FHC, e o deputado federal Ricardo Tripoli.
Puxões de cabelo, pernadas, socos, calças arriadas, denúncias de compra de votos, urna quebrada, militantes na delegacia e um pedido de impugnação de Doria por abuso de poder econômico, valeu de tudo na prévia tucana. A apuração só acabou na madrugada desta segunda-feira. O candidato de Alckmin foi o vitorioso, com 43% dos votos, bem à frente de Matarazzo, que ficou com 32%. Os dois vão disputar o segundo turno no dia 20 de março.
Enquanto isso, o PT promovia seu encontro nacional no Rio, apagando velinhas no bolo de aniversário numa casa pegando fogo, em festa que se transformou num ato de desagravo a Lula e foi marcada pelo afastamento do partido do governo de Dilma Rousseff, que não apareceu no evento. Lula acabou sendo o único a defender a presidente.
Depois de fazer sua primeira defesa pública sobre as suspeitas de ter sido favorecido por empreiteiras em reformas de imóveis, com críticas à imprensa e ao Ministério Público, Lula admitiu sua candidatura em 2018: "Podem estar certos de que, se for necessário para a manutenção do projeto, estarei com 72 anos e tesão de 30 para ser novamente presidente da República".
A nova pesquisa do Datafolha para 2018, a 32 meses das próximas eleições presidenciais, acabou servindo como um balde de água fria para todos os eventuais concorrentes e recomenda muita calma nesta hora.
Ninguém deveria sair cantando vitória, como fez João Doria, e nenhum dos nomes pode ser descartado. O jogo está aberto num cenário em que 19% dos eleitores não pretendem votar nos possíveis candidatos que apareceram até agora.
A rejeição de Lula chegou a 49%, mas o ex-presidente ainda se mantem na faixa de 20% de intenções de voto, apenas quatro abaixo de Aécio Neves, que caiu três pontos de dezembro para cá, e um na frente de Marina Silva. Diante dos outros tucanos, Lula leva vantagem: José Serra aparece com 15% e, Geraldo Alckmin, com 12% (caiu dois pontos em relação à pesquisa anterior). Quem subiu foi Jair Bolsonaro, do PP, que ficou entre 6 e 7%.
Os números do Datafolha e os eventos do final de semana mostram que PSDB e PT, os dois partidos que monopolizaram as eleições em São Paulo e no Brasil nos últimos 20 anos, estão numa encruzilhada, divididos e sem rumo, o que abre espaço para a aparição de aventureiros em 2018, como aconteceu com Fernando Collor em 1989.
E assim começamos mais uma semana agitada no mundo político, sem que ninguém possa prever como vai acabar.