Do blog do Ricardo Kotscho.
Se o objetivo do PT com a criação da CPI do Cachoeira, como anunciou publicamente seu presidente, o deputado estadual paulista Rui Falcão, era denunciar a "farsa do mensalão" às vésperas do julgamento do processo, os últimos acontecimentos (ou falta de) em Brasília apontam para um tiro n´água, ou melhor, no próprio pé.
Até agora, aconteceu tudo ao contrário do planejado. Ao mirar na imprensa e no procurador-geral Roberto Gurgel, o autor da denúncia do "mensalão", os petistas e seus aliados conseguiram apenas unir os adversários, que formaram uma frente única para pressionar como nunca antes o Supremo Tribunal Federal. Querem agora não só apressar o julgamento como exigem a condenação dos denunciados.
Antes mesmo da instalação da comissão, alertei aqui no Balaio que, pela correnteza das águas do noticiário. se dependesse da imprensa, a CPI do Cachoeira seria transformada na CPI da Delta, a principal empreiteira das obras do PAC, mirando as investigações no governo federal.
Desde o início, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula tinham visões diferentes sobre a oportunidade da instalação desta CPI, por iniciativa dos líderes governistas, um fato inédito, já que estas comissões geralmente são de interesse da minoria parlamentar.
O governo até agora manteve-se convenientemente distante dos embates no Congresso Nacional, e a impressão que se tem de fora é que a base governista, com ampla maioria na comissão, já não tem uma estratégia comum sobre que rumos tomar na CPI.
Por um momento, após a divulgação na TV Record das gravações feitas pela Polícia Federal mostrando as relações delicadas da maior revista semanal do país com a quadrilha de Cachoeira, para a produção de "reportagens investigativas", parecia que os trabalhos poderiam desaguar numa CPI da Veja.
Os chamados barões da mídia, no entanto, reagiram prontamente e em bloco, disparando editoriais em defesa da liberdade de imprensa, como se ela estivesse ameaçada, só porque um dos seus poderia ser convocado para prestar depoimento na CPI, a exemplo do que aconteceu recentemente com o magnata Rupert Murdoch no parlamento ingles.
A grande imprensa brasileira pode não mais ter o poder de eleger ou derrubar presidentes da República, como gostaria, mas ainda tem muita força no Congresso Nacional, e são poucos os parlamentares dispostos a comprar esta briga. A bancada da mídia, liderada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), mostrou as suas garras e ganhou espaço na cobertura.
Da mesma forma, já não se pensa mais na convocação do procurador-geral Roberto Gurgel e da sua mulher, a sub-procuradora Cláudia Sampaio, responsáveis por interromper, em 2009, as investigações da Operação Vegas, que já mostrava as ligações de Cachoeira com o crime organizado, empreiteiras, o senador Demóstenes Torres e outros políticos de Goiás.
A polêmica agora se resume a versões diferentes da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal sobre o que aconteceu três anos atrás, na origem das denúncias que levaram à Operação Monte Carlo.
A sub-procuradora Cláudia Sampaio diz que resolveu, em comum acordo com o delegado da PF responsável pelo inquérito, Raul Alexandre Marques Souza, paralisar as investigações da Operação Vegas, por não haver "elementos suficientes para a instauração de investigação no STF". O delegado e a Polícia Federal negam o acordo.
Um dos dois lados está mentindo publicamente, o que é grave, e só uma acareação promovida pela CPI poderia mostrar quem está falando a verdade. Mas, a esta altura do campeonato, quem acredita que a CPI terá coragem de tomar esta iniciativa?
Para completar, o STF suspendeu o depoimento de Carlinhos Cachoeira marcado para esta terça-feira, atendendo a um pedido da defesa, que alegou falta de conhecimento das acusações que existem contra o contraventor. Só ele não deve saber... Como quase todos os dias vazam novas denúncias sobre o esquema criminoso, o mesmo argumento da defesa poderá ser utilizado indefinidamente.
Assim, a "CPI do submundo", que muda a cada semana de nome e objetivos, criada para passar o país a limpo e investigar todo mundo, vai derrapando nas águas sujas do Cachoeira, sem avançar um milímetro em relação a tudo o que já foi apurado nas investigações feitas pela Polícia Federal desde março de 2008.
Se o objetivo do PT com a criação da CPI do Cachoeira, como anunciou publicamente seu presidente, o deputado estadual paulista Rui Falcão, era denunciar a "farsa do mensalão" às vésperas do julgamento do processo, os últimos acontecimentos (ou falta de) em Brasília apontam para um tiro n´água, ou melhor, no próprio pé.
Até agora, aconteceu tudo ao contrário do planejado. Ao mirar na imprensa e no procurador-geral Roberto Gurgel, o autor da denúncia do "mensalão", os petistas e seus aliados conseguiram apenas unir os adversários, que formaram uma frente única para pressionar como nunca antes o Supremo Tribunal Federal. Querem agora não só apressar o julgamento como exigem a condenação dos denunciados.
Antes mesmo da instalação da comissão, alertei aqui no Balaio que, pela correnteza das águas do noticiário. se dependesse da imprensa, a CPI do Cachoeira seria transformada na CPI da Delta, a principal empreiteira das obras do PAC, mirando as investigações no governo federal.
Desde o início, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula tinham visões diferentes sobre a oportunidade da instalação desta CPI, por iniciativa dos líderes governistas, um fato inédito, já que estas comissões geralmente são de interesse da minoria parlamentar.
O governo até agora manteve-se convenientemente distante dos embates no Congresso Nacional, e a impressão que se tem de fora é que a base governista, com ampla maioria na comissão, já não tem uma estratégia comum sobre que rumos tomar na CPI.
Por um momento, após a divulgação na TV Record das gravações feitas pela Polícia Federal mostrando as relações delicadas da maior revista semanal do país com a quadrilha de Cachoeira, para a produção de "reportagens investigativas", parecia que os trabalhos poderiam desaguar numa CPI da Veja.
Os chamados barões da mídia, no entanto, reagiram prontamente e em bloco, disparando editoriais em defesa da liberdade de imprensa, como se ela estivesse ameaçada, só porque um dos seus poderia ser convocado para prestar depoimento na CPI, a exemplo do que aconteceu recentemente com o magnata Rupert Murdoch no parlamento ingles.
A grande imprensa brasileira pode não mais ter o poder de eleger ou derrubar presidentes da República, como gostaria, mas ainda tem muita força no Congresso Nacional, e são poucos os parlamentares dispostos a comprar esta briga. A bancada da mídia, liderada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), mostrou as suas garras e ganhou espaço na cobertura.
Da mesma forma, já não se pensa mais na convocação do procurador-geral Roberto Gurgel e da sua mulher, a sub-procuradora Cláudia Sampaio, responsáveis por interromper, em 2009, as investigações da Operação Vegas, que já mostrava as ligações de Cachoeira com o crime organizado, empreiteiras, o senador Demóstenes Torres e outros políticos de Goiás.
A polêmica agora se resume a versões diferentes da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal sobre o que aconteceu três anos atrás, na origem das denúncias que levaram à Operação Monte Carlo.
A sub-procuradora Cláudia Sampaio diz que resolveu, em comum acordo com o delegado da PF responsável pelo inquérito, Raul Alexandre Marques Souza, paralisar as investigações da Operação Vegas, por não haver "elementos suficientes para a instauração de investigação no STF". O delegado e a Polícia Federal negam o acordo.
Um dos dois lados está mentindo publicamente, o que é grave, e só uma acareação promovida pela CPI poderia mostrar quem está falando a verdade. Mas, a esta altura do campeonato, quem acredita que a CPI terá coragem de tomar esta iniciativa?
Para completar, o STF suspendeu o depoimento de Carlinhos Cachoeira marcado para esta terça-feira, atendendo a um pedido da defesa, que alegou falta de conhecimento das acusações que existem contra o contraventor. Só ele não deve saber... Como quase todos os dias vazam novas denúncias sobre o esquema criminoso, o mesmo argumento da defesa poderá ser utilizado indefinidamente.
Assim, a "CPI do submundo", que muda a cada semana de nome e objetivos, criada para passar o país a limpo e investigar todo mundo, vai derrapando nas águas sujas do Cachoeira, sem avançar um milímetro em relação a tudo o que já foi apurado nas investigações feitas pela Polícia Federal desde março de 2008.
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