quarta-feira, 9 de maio de 2012

POLÍTICA - A "chapa dos filhos" de Maia e Garotinho.


RIO DE JANEIRO - Velhos adversários na política carioca, o ex-prefeito César Maia, do DEM, e o ex-governador Garotinho, do PR, surpreenderam todo mundo ao apresentar a chapa dos seus candidatos à prefeitura, formada pelos próprios filhos: o deputado federal Rodrigo e a deputada estadual Clarissa, respectivamente.
Rodrigo Maia, 41 anos, pai de três filhos, nascido em Santiago do Chile, quando seu pai estava no exílio, ex-presidente nacional do DEM, não vê nada de estranho nesta aliança. Sabe que esta pergunta sempre vem e tem a resposta afiada na ponta da língua:
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"São conjunturas distintas, são políticos diferentes. Eu não sou César Maia e a Clarissa não é o Garotinho. Nós temos deles a importância da história deles, por tudo que fizeram pelo Rio. A conjuntura muda as relações da política", diz Rodrigo, que lembra muito o pai na forma de falar, sempre muito sério e compenetrado, mais parecendo político paulista do que carioca.
O candidato do DEM aproveita o gancho para se contrapor ao prefeito Eduardo Paes, do PMDB, que é candidato à reeleição e lidera todas as pesquisas, à frente de uma aliança formada com 19 partidos.
"Eu poderia citar aqui centenas de exemplos de relações que eram de adversários e que viraram aliados. Aliás, o grande mote do Eduardo é a aliança. O Eduardo eu não preciso dizer como ele tratava o presidente Lula na CPI. Eu não preciso lembrar também como ele tratava o Sérgio Cabral quando era oposição. Posso até te contar reservadamente o que ele falava do Sérgio Cabral para o presidente do PSDB, o hoje deputado federal Sérgio Guerra".
Paes e Cabral já foram tucanos, se separaram e hoje estão juntos no PMDB. Rodrigo Maia procura mostrar as diferenças entre a aliança DEM-PR e a formada pelo prefeito para apoiar a sua reeleição, aproveitando para dar mais uma estocada em Eduardo Paes.
"Nós fizemos uma aliança transparente, política, e que não é oportunista. O Eduardo foi atrás do Lula só no final do segundo turno porque sabia que iria perder a eleição. Foi lá beijar a mão e, se não fizesse isso, perderia a eleição. Nós, não. Nós antecipamos a nossa decisão, nós sabemos que tanto o César Maia quanto o Garotinho têm os seus problemas, como todos nós temos defeitos. Nós temos uma aliança que tem o compropmisso com o bom atendimento, com a valorização do servidor público, acabar com esta privatização dos serviços essenciais da cidade do Rio de Janeiro, e este compromisso é muito transparente".
Ao final da entrevista exclusiva concedida ao R7, na sala de reuniões de um hotel do centro do Rio de Janeiro, acompanhada por Clarissa Garotinho, comentei com o candidato que o seu discurso era muito parecido com o do tucano Otávio Leite, que já foi vice de César Maia em um dos seus três mandatos como prefeito do Rio de Janeiro. Foi a única vez que Rodrigo sorriu: "Isso não é bom...".
kotscho4 ok Eleições/Rio: A chapa dos filhos de Maia e Garotinho
De fato, no xadrez político montado para as eleições de 7 de outubro, os antigos aliados demotucanos correm na mesma faixa de oposição, mais à direita, com ênfase na defesa do funcionalismo público, deixando Marcelo Freixo, do PSOL, livre para disputar o eleitorado de esquerda deixado órfão pelo PT, que apoia Paes, e por Fernando Gabeira, que deixou a política e voltou a ser jornalista.
Rodrigo Maia recebeu a equipe do R7 após uma longa reunião com os representantes de uma empresa paulista que está cuidando da montagem do seu esquema de campanha na internet. A menos de cinco meses das eleições, o candidato do DEM montou sua pré-campanha baseada no movimento "Rio, estamos de olho", que ele ajudou a criar para discutir os problemas da cidade.
"Da nossa parte, nós participamos de muitas reuniões nos bairros. Ontem mesmo passamos o dia inteiro na rua. É um movimento para discutir a cidade e para que as pessoas possam, a partir da própria internet, discutir política, pois, infelizmente, só os governos é que podem gastar com televisão. A prefeitura gastou mais de R$ 70 milhões em publicidade nos últimos meses, já antecipou inauguração de obras e, principalmente, gerou muita expectativa na imprensa local de coisas que nunca saíram do papel".
Mesmo assim, com todas as dificuldades para estruturar a sua equipe de campanha (a assessoria de imprensa do candidato mudou cinco vezes o local e o horário da nossa entrevista), Rodrigo está certo de que será ele o adversário de Eduardo Paes no segundo turno, uma possibilidade hoje remota.
"As pesquisas que nós temos garantem o segundo turno. Eu não sei daqui a cinco meses. É óbvio que o processo eleitoral serve para a oposição colocar as suas ideias e diminuir a força do governo, e serve para o governo transformar em verdade aquilo que é apenas virtual no momento, que são essas ações todas que eles dizem que estão fazendo no Rio de Janeiro. Nós temos condições de chegar ao segundo turno e, no segundo turno, aí sim, derrotá-los".
Muito simpática, ao final da entrevista Clarissa Garotinho veio me perguntar se eu acredito que haverá segundo turno no Rio. Respondi-lhe que possível é, pois as eleições cariocas costumam apresentar surpresas, e este ano a campanha, na verdade, ainda nem começou.
Isto foi antes da divulgação feita no blog do seu pai, mostrando as fotos da farra do governador Sérgio Guerra com o empreiteiro Fernando Cavendish em Paris e Mônaco, um fato novo que pode afetar a candidatura de Eduardo Paes.
Façam suas apostas.
***
A seguir, link da íntegra do texto e a entrevista em vídeo.

Texto: Eleições/Rio: A “chapa dos filhos” de Maia e Garotinho



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