Não é a partir de 1989. É de bem antes. Todo candidato do campo popular sempre foi atacado. Veja o que aconteceu com o Getúlio e o Jango. A elite tem horror de povo aqui e em qualquer país da América Latina. Veja como ela trata os presidentes da Venezuela, Equador e Bolívia.
Desde Amato, em 1989, elite demoniza nome à esquerda
Rejeitar candidato de esquerda é dogma para a elite financeira e empresarial brasileira; na eleição de 1989, então presidente da Fiesp Mario Amato produziu a pérola da radicalização: se Lula fosse eleito, 800 mil empresários sairiam do País com destino a Miami; mais tarde, em 2002, primeira vitória foi cercada por previsões catastrofistas jamais realizadas; pelo banco Goldman Sachs, economista Daniel Tenengauzer chegou a criar um 'lulômetro'; agora, banco Santander assusta clientes sobre perdas com a reeleição de Dilma; desculpas não escondem repetição do mantra de cada quatro anos: o fim do mundo vem aí
25 de Julho de 2014 às 14:05
¶ 247 – O relatório destinado a clientes ricos, produzido pelos analistas do banco Santander, no qual projetam perdas financeiras diante de uma escalada da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais é típico. O pedido de desculpas feito logo a seguir à divulgação da peça não esconde o fato de que sempre, entra e sai eleição para presidente, tanto o mercado financeiro quanto os empresários de maior visibilidade procuram, acima de todas as coisas, temer, rejeitar e demonizar os candidatos de esquerda à Presidência da República.
Como quem tem chances reais de vencer, desde 1989, são os candidatos do PT – com Lula cinco vezes candidato, e Dilma Rousseff desenvolvendo agora sua segunda campanha -, o nome do partido e a própria legenda acabando sofrendo a pressão.
Hoje é folclore, virou piada, Mas quando o então presidente da poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mario Amato, declarou que 800 mil empresários iriam embora do País se Lula vencesse as eleições de 1989, a frase foi levada muito a sério. Foi estampada na primeira página de jornais como a Folha e o Estado, repercutiu em programas de televisão e veio acompanhada de teses sobre a incapacidade de governança do PT e intenções de intervir em empresas e no mercado financeiro que, por fim, foram praticadas pelo vitorioso Fernando Collor.
A demonização a Lula, no entanto, prosseguiu em todas as campanhas nacionais disputadas pelo ex-presidente, inclusive as que ele ganhou. Em 2002, a missão de superar o tucano José Serra incluía, também, superar uma impressionante série de rumores, boatos e fofocas que apontavam para um estouro nas contas públicas no caso da vitória do ex-metalúrgico. Com a chancela do banco americano Goldman Sachs, o economista Daniel Tenengauzer ganhou seus quinze minutos de fama ao criar o que chamou de "lulômetro". Consistia em medir o nível da disparada da cotação do dólar sobre o real de acordo com o crescimento que Lula apresentava nas pesquisas. Assim, quanto mais o futuro presidente avançava, mas o "lulômetro" apurava que se chegava mais perto do fim do mundo cambial. O real seria pulverizado.
O que se viu, no entanto, desde o primeiro do mandato de Lula foi a normalização de todos os grandes indicadores da economia e, em seguida, o "espetáculo do crescimento" que deu ao presidente uma reeleição tranquila.
Agora, ao completar 12 anos sem representantes de seu campo político-ideológico no poder central, setores do sistema financeiro e da classe empresarial voltam a dar as mãos para rezar o mantra do medo da esquerda acima de todas as coisas.
Nesta sexta-feira 25, a divulgação do relatório do Santander a seus clientes de alta renda trouxe à luz do dia o que está correndo solto nos bastidores das mesas de investimentos e dos encontros entre grandes barões da indústria. Apesar de os três governos sucessivos dos presidente de esquerda terem preservado todos os princípios da economia de mercado, acrescentando o dado do aumento do mercado consumidor como um ponto que deveria ser atribuído a seu favor, seus representantes continua a ser atacados. Das mais diferentes maneiras. Desta vez, foi um relatório sem base técnica seguido de pedido de desculpas. Aguarda-se para ver o nível da próxima provocação.
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