A guerra em Gaza vai acabar? As perguntas mais frequentes sobre o conflito — e as respostas
Publicado originalmente na BBC Brasil.
A agência da ONU para refugiados palestinos anunciou nesta segunda-feira que mais de 100 mil pessoas já foram forçadas a deixar suas casas na Faixa de Gaza e procuraram a ajuda das Nações Unidas desde o início da atual ofensiva israelense no território.
Segundo o porta-voz da agência, Chris Gunness, esse número representa o dobro do registrado da última ofensiva israelense em Gaza, de cinco anos atrás.
Em visita ao Egito, o secretário-geral da ONU, Bank Ki-moon, pediu um fim imediato e incondicional do conflito em Gaza. Ban teve um encontro com o ministro egípcio das Relações Exteriores para discutir o tema.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, se reuniu no Catar com o líder político do Hamas (facção palestina que controla Gaza), Khaled Meshaal, para discutir propostas de cessar-fogo.
Por sua vez, Ismail Haniyeh, chefe do Hamas em Gaza, disse que um cessar-fogo só será aceito se Israel der fim ao bloqueio de sete anos à fronteira com Gaza. “Gaza decidiu acabar com o bloqueio com seu sangue e sua coragem”, disse ele em discurso na TV nesta segunda-feira.
Hospital
Também nesta segunda-feira, pelo menos cinco pessoas morreram e 70 ficaram feridas em um ataque israelense em um hospital na Faixa de Gaza. Segundo médicos, diversas bombas disparadas por tanques de Israel atingiram a recepção, a unidade de tratamento intensivo e as salas de cirurgia do hospital.Na noite anterior, mais de 30 membros de duas famílias palestinas morreram em ataques israelenses, segundo autoridades de Saúde de Gaza.
O último domingo foi o dia mais sangrento até agora, com mais de cem palestinos e 13 soldados israelenses mortos em um ataque ao distrito de Shejaiya em Gaza, que Israel disse ser um “reduto do terror”.
As duas semanas de confrontos já tomaram a vida de mais de 550 pessoas do lado palestino.
Do lado de Israel, sete soldados foram mortos, elevando o número total de vítimas militares para 25. Dois civis israelenses também morreram na fase mais recente do conflito na região.
Israel diz ter matado 170 militantes desde quinta-feira, quando lançou sua ofensiva por terra em Gaza para impedir que novos foguetes sejam lançados a partir da região.
A BBC compilou uma série de perguntas para ajudar você a entender melhor o que está acontecendo no território palestino.
Por que sempre há um conflito em Gaza?
Localizada entre Israel e o
Egito, a Faixa de Gaza foi ocupada por israelenses em 1967, na Guerra
dos Seis Dias. As tropas de Israel só deixaram a área em 2005. No
entanto, Israel ainda controla a maioria das fronteiras, espaços áereos e
marítimos de Gaza e restringiu a circulação de pessoas e bens por
considerar isso vital para sua segurança. Palestinos se dizem confinados
e afirmam passar por dificuldades sócio-econômicas por causa desse
controle, algo que é condenado pelo Hamas, o movimento islâmico
palestino dominante que aponta a ocupação permanente do leste de Gaza e
de Jerusalém como o motivo dos ataques realizados antes e depois de
2005.
O que levou ao mais recente conflito?
Os ataques começaram depois do
sequestro e da morte de três adolescentes israelenses em junho. Israel
culpou o Hamas, algo que o grupo negou, e iniciou ataques ao grupo no
leste de Gaza. A tensão cresceu ainda mais depois da morte de um
adolescente palestino em Jerusalém no dia 2 de Julho, que seria uma
vingança pelas mortes dos três israelenses. Os dois lados passaram a se
atacar deste então. Em 8 de julho, Israel lançou uma operação por terra
para impedir que novos foguetes fossem lançados de Gaza em direção ao
país.
Quais são os objetivos de cada lado do conflito?
Israel diz que sua ofensiva tem
como objetivo interromper o lançamento de foguetes a partir de Gaza e
destruir a rede de túneis entre a região e Israel usados por militantes
em ataques contra o país. O Hamas diz que só aceitará uma trégua se
Israel der fim à “todas as agressões” e ao bloqueio à Gaza, se
comprometer com o cessar-fogo de 2012, parar com o que considera
“sabotagem” do atual governo palestino e libertar prisioneiros que foram
detidos de novo recentemente.
Se já houve dois cessar-fogo, porque o conflito continua?
Os esforços por um cessar-fogo
têm enfrentado dificuldades – o primeiro foi proposto pelo Egito oito
dias após o início do conflito e foi aceito por Israel, mas não pelo
Hamas, que o considerou não um plano de trégua, mas de “rendição”. O
segundo foi apenas temporário para que civis pudessem estocar
suprimentos em Gaza. Assim que seu prazo acabou, as hostilidades foram
retomadas.
Como terminaram as guerras travadas anteriormente?
Israel lançou uma ofensiva por
terra em dezembro de 2008 em resposta ao lançamento de foguetes a partir
de Gaza. O conflito acabou 22 dias depois, quando Israel declarou um
cessar-fogo unilateral por “ter atingido seus objetivos”. Cerca de 1,3
mil palestinos foram mortos, muitos deles civis. Treze israelenses
também morreram, quatro soldados entre eles. Quatro anos depois, Israel
lançou outra ofensiva, novamente com a missão de interromper o
lançamento de foguetes a partir de Gaza. Oito dias após o início da
operação, o Egito negociou uma trégua. Ao menos 167 palestinos e seis
isaraelenses morream.
Quanto o conflito atual acabará?
Israel disse que sua ofensiva,
lançada após dez dias de ataques aéreos, só acabará quando a segurança e
a tranquilidade dos israelenses for restaurada. O Hamas diz que
continuará a lutar. Israel afirma que essa operação será concentrada na
região de fronteira, mas também pode estar testando as defesas do Hamas
antes de realizar uma invasão de maior escala. O ministro de Relações
Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse que só a reocupação de
Gaza porá fim ao lançamento de foguetes a partir da região. Se isso for
aceito, Israel pode ficar em Gaza por um longo tempo.
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