Enviado por Leo V
Da Revista Fórum
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo,
Mikhail Bakunin, considerado um dos fundadores do anarquismo, foi
classificado como um “potencial suspeito” pela polícia carioca, que
investiga manifestantes e ativistas
Por Redação
Reportagem publicada nesta segunda-feira (28) no jornal Folha de S. Paulo traz
uma revelação no mínimo curiosa: o inquérito de mais de 2 mil páginas,
produzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que responsabiliza 23
pessoas pela organização de ações violentas em manifestações de rua,
aponta o filósofo Mikhail Bakunin como um dos suspeitos. Morto em 1876, o
russo é considerado um dos pais do anarquismo.
De acordo com a matéria, Bakunin foi
citado por um manifestante em uma mensagem interceptada pela polícia. A
partir daí, passou a ser classificado como um “potencial suspeito”. A
professora Camila Jourdan, de 34 anos, uma das investigadas, menciona
esse episódio para demonstrar a fragilidade do inquérito. “Do pouco que
li, posso dizer que esse processo é uma obra de literatura fantástica de
má qualidade”, descreve.
Essa não é a primeira vez que
intelectuais já falecidos figuram em autos das autoridades brasileiras.
Durante a ditadura militar, Karl Marx era um dos fichados no
Departamento de Ordem Política e Social (Dops), um dos principais
órgãos de repressão aos movimentos políticos e sociais identificados
como “subversivos”.
Jourdan ficou 13 dias presa no complexo
penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio. Conhecida pela excelência
acadêmica na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde
coordena o programa de pós-graduação em filosofia, ela diz sido alvo de
uma invenção dos investigadores. “Existe uma necessidade de se fabricar
líderes para essas manifestações. E quem se encaixa muito bem no papel
de mentora intelectual? A professora universitária. Caiu como uma luva,
entendeu?”, afirma.
Para contestar o “papel de liderança”
que lhe foi atribuído pela polícia, a professora se vale das teorias do
filósofo francês Michael Foucault. “Foucault diz que os intelectuais
descobriram que as massas não precisam deles como interlocutores. Não
tenho autoridade para falar sobre a opressão de ninguém. O movimento não
precisa de mim para este papel”, declara.
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