HSBC: cinco perguntas para um banco fora de controle
Avaliação 'inadequada' de risco-país? 'Descuido' com as subsidiárias estrangeiras? Conheça cinco perguntas que a velha mídia não faria sobre o HSBC.
Jamie Doward - The Guardian
O gigante financeiro não é o
primeiro nem será o último banco a estampar manchetes pouco lisonjeiras
(1). A crise atual tem origem, em parte, em seu próprio tamanho, grande e
com tentáculos demais para controlar. Entre os problemas estruturais,
podemos apontar:
1 – Avaliação inadequada de risco-país
Segundo um relatório do Senado americano de 2012 sobre lavagem de dinheiro, o conselheiro legal do Office of the Comptroller of the Currency (órgão de regulação do mercado, ligado ao Tesouro americano) observou que os problemas de classificação de risco do HSBC de 2009 “se estendiam para além do México. Alguns dos países que deveriam ter sido avaliados como apresentando alto risco de lavagem de dinheiro, mas que, em vez disso, tiveram avaliação regular ou média, foram Antígua, Bahamas, Ilhas Cayman e Suíça”.
Por que o banco estava aparentemente tão despreocupado com suas operações nestes paraísos fiscais?
2 – Descuido questionável de Londres com as subsidiárias estrangeiras
Numa audiência do Comitê de Tesouro do Parlamento inglês, realizada em 2009, o antigo presidente do HSBC Private Bank, Chris Meares, declarou: “Se nossos gestores, aqui no Reino Unido, têm alguma pista de que esteja havendo operações de evasão fiscal, há um sistema legal e regulatório que os obriga a redigir um relatório de transação suspeita”. Perguntado quantos destes haviam sido redigidos, respondeu: “Fico feliz em dizer que não muitos, mas houve alguns, e todos são investigados”.
Será mesmo?
3 – Relação impenetrável com outros bancos
Desde as revelações de Hervé Falciani, circula a informação que a polícia teria em mãos novos dados que supostamente mostrariam centenas de bancos privados trabalhando com a sucursal suíça do HSBC.
Como o banco monitorava sua relação com estes outros bancos e auditava a situação dos potenciais clientes?
4 – Sistema regulatório fragmentado
Em 2009, Douglas Flint, então diretor financeiro do HSBC, observou: “Respondemos a cerca de 500 órgãos reguladores, e seria um desafio ter nossas estratégias compartilhadas com 500 sistemas regulatórios... Há elementos desta regulação fragmentada sendo enfrentados e tratados agora. Acredito que houvesse falta de transparência sobre o risco, no sentido largo do sistema financeiro”.
O que o banco fez para aumentar a transparência?
5 – O papel dos diretores não executivos
O HSBC se gaba de seus muitos diretores não executivos com currículos impressionantes e capazes de desempenhar diversas funções.
Será que eles dispunham de tempo suficiente para supervisionar as operações do banco? Tinham capacidade técnica para avaliar os riscos destas operações?
(1) N. da T.: Não no Brasil, é claro, onde o HSBC não tem com que se preocupar, já que conta com o silêncio cúmplice da grande mídia.
Tradução de Clarisse Meireles
1 – Avaliação inadequada de risco-país
Segundo um relatório do Senado americano de 2012 sobre lavagem de dinheiro, o conselheiro legal do Office of the Comptroller of the Currency (órgão de regulação do mercado, ligado ao Tesouro americano) observou que os problemas de classificação de risco do HSBC de 2009 “se estendiam para além do México. Alguns dos países que deveriam ter sido avaliados como apresentando alto risco de lavagem de dinheiro, mas que, em vez disso, tiveram avaliação regular ou média, foram Antígua, Bahamas, Ilhas Cayman e Suíça”.
Por que o banco estava aparentemente tão despreocupado com suas operações nestes paraísos fiscais?
2 – Descuido questionável de Londres com as subsidiárias estrangeiras
Numa audiência do Comitê de Tesouro do Parlamento inglês, realizada em 2009, o antigo presidente do HSBC Private Bank, Chris Meares, declarou: “Se nossos gestores, aqui no Reino Unido, têm alguma pista de que esteja havendo operações de evasão fiscal, há um sistema legal e regulatório que os obriga a redigir um relatório de transação suspeita”. Perguntado quantos destes haviam sido redigidos, respondeu: “Fico feliz em dizer que não muitos, mas houve alguns, e todos são investigados”.
Será mesmo?
3 – Relação impenetrável com outros bancos
Desde as revelações de Hervé Falciani, circula a informação que a polícia teria em mãos novos dados que supostamente mostrariam centenas de bancos privados trabalhando com a sucursal suíça do HSBC.
Como o banco monitorava sua relação com estes outros bancos e auditava a situação dos potenciais clientes?
4 – Sistema regulatório fragmentado
Em 2009, Douglas Flint, então diretor financeiro do HSBC, observou: “Respondemos a cerca de 500 órgãos reguladores, e seria um desafio ter nossas estratégias compartilhadas com 500 sistemas regulatórios... Há elementos desta regulação fragmentada sendo enfrentados e tratados agora. Acredito que houvesse falta de transparência sobre o risco, no sentido largo do sistema financeiro”.
O que o banco fez para aumentar a transparência?
5 – O papel dos diretores não executivos
O HSBC se gaba de seus muitos diretores não executivos com currículos impressionantes e capazes de desempenhar diversas funções.
Será que eles dispunham de tempo suficiente para supervisionar as operações do banco? Tinham capacidade técnica para avaliar os riscos destas operações?
(1) N. da T.: Não no Brasil, é claro, onde o HSBC não tem com que se preocupar, já que conta com o silêncio cúmplice da grande mídia.
Tradução de Clarisse Meireles
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