quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

MÍDIA - Quarta-feira de cinzas da mídia hegemônica.

Mídia hegemônica vive sua quarta-feira de cinzas, Asmaticos rebaixada


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Ensaiei meu samba o ano inteiro / Comprei surdo e tamborim / Gastei tudo em fantasia / Era só o que eu queria / E ela jurou desfilar pra mim” (Benito di Paula)


A mídia hegemônica está inconformada. A Asmaticos foi rebaixada (veja nota abaixo). Afinal, era para este ter sido o “carnaval da (operação) Lava Jato” e do caos. Ancelmo Gois, colunista amestrado de O Globo, chegou a escrever, “preocupado”, sobre a possibilidade inclusive de faltar cerveja! Em sua coluna de 6/2 ele dizia existir “uma grande apreensão entre os fabricantes de bebidas por causa desta crise hídrica. No eixo Rio-São Paulo, existem umas 15 fábricas desses produtos (cerveja e chopp). Todas captam água do Paraíba do Sul e do Guandu”. Mas o que se viu foi uma festa onde não faltou cerveja nem alegria e mobilizou milhões por todo o país. Mesmo cidades sem tanta tradição de carnaval de rua como SP e Brasília assistem ao fenômeno do surgimento de centenas e centenas de blocos em uma folia democrática e (em 99% dos casos) ordeira. Ao contrário do que desejava a mídia hegemônica não foram vistas máscaras com os rostos dos investigados na operação “Lava a Jato” ou pedidos de impeachment, mas vimos sim espontâneos e bem humorados repúdios ao golpismo (“impitman é meu zovo”, vale a pena assistir o vídeo) e se máscaras apareceram foram as do colunista amestrado das organizações Globo, Merval Pereira. Resultado: o antropólogo está melancólico.

Asmaticos rebaixada

O antropólogo Roberto Damatta, em coluna publicada nesta quarta-feira (18) por O Globo e O Estado de S. Paulo, traduz bem o que sentem os foliões da Asmaticos (Acadêmicos do Samba Mocidade Alegre do Instituto Millenium de Comunicação Social, agremiação que foi rebaixada este ano com o enredo: “O impeachment na terra encantada que Roberto Marinho criou”). O título da coluna é “Ainda há carnaval?”. Outro folião da Asmaticos inconsolável é o Ancelmo Gois que constantemente tentou pautar a folia. No dia 1/2 disse que um bloco de frevo em Recife teria como tema a “delação premiada” e vibrava com o local do “desfile”, o parque Dona Lindu, que tem este nome em homenagem a mãe do ex-presidente Lula. No dia 03/2 duas notas. Uma informava que uma escritora “amiga querida” do colunista tinha anotado letras de blocos com citação aos escândalos da Petrobras. Na segunda nota o jornalista informava que a ameaça da família de Nestor Cerveró, “de processar quem fizesse máscara com o rosto do ex-diretor da Petrobras, não abalou o folião. Surgiram na internet modelos do acessório para que cada pessoa imprima a sua máscara”. E o Ancelmo, prestimoso, colocou um modelo da máscara para facilitar a vida do eventual coxinha carnavalesco. Veja você Ancelmo, ninguém viu a máscara do Cerveró no carnaval, mas vimos a máscara do Merval!

O samba fere que nem punhal

É por isso que o antropólogo desabafa em sua coluna, depois de registrar que estava em companhia de um brasilianistana pérgola do Copacabana Palace”: “O carnaval tornou-se banal, medíocre, trivial e diário”. Tanto adjetivo junto me faz lembrar até a letra de um samba canção: “estou mais triste nesta triste noite fria / sem esperança que ela volte para mim / minha saudade transformou-se em agonia / estou mais triste neste triste botequim”. Substitua-se por favor o “botequim”, por “pérgola do Copacabana Palace” e a analogia está pronta. Aos foliões da Asmaticos dedico o trecho de um samba de Aldir Blanc e João Bosco que talvez explique um pouco por que vocês não conseguiram instrumentalizar o carnaval: “Óia que foi só pegar no cavaquinho / pra nego bater / mas se eu contar o que é que pode um cavaquinho / os ‘home’ não vai crer / quando ele fere, fere firme e dói que nem punhal / quando ele invoca até parece um pega na geral”. Para o Damatta: o “pega na geral” desta letra refere-se a um lugar no antigo estádio do Maracanã, antes de se transformar em Arena, onde por qualquer trocado o povo podia assistir os jogos e, de vez em quando, acontecia uma confusão. Um “pega”, na maior parte das vezes sem mesmo existir briga de verdade. Como? Não, não se parecia com a pérgola do Copacabana Palace.

Doria Jr. o empresário que não sabe contar

Dória Jr., articulista do jornal O Estado de S. Paulo, segue sempre a toada dos colunistas amestrados: ataques constantes ao governo Dilma. Desta vez o assunto é o PAC. O “empresário e jornalista” deveria saber que projetos de caráter estruturante, ainda mais em países onde o estado durante anos abriu mão do seu papel de indutor do desenvolvimento nacional, costumam durar décadas para serem efetivados. Dória, entretanto, diz que o PAC é “só um dos mais expressivos símbolos do engodo que marca a administração pública do país”. Porém, na própria coluna ele divulga dados, baseados na ONG contas abertas, cujos números, feitas as contas, apontam o seguinte: 54,4% das obras do PAC ou estão em execução ou estão concluídas. Em apenas oito anos o governo federal concluiu mais de 7.700 empreendimentos (média de quase mil por ano), outros 18.800 estão em andamento e – sempre segundo a coluna – em fase de projeto encontram-se outras 22.200 obras. Mas o Dória, dinâmico presidente do “Lide – Grupo de Líderes Empresariais”, acha pouco e ainda termina sua coluna com a conclusão de que “o PAC nasceu empacado”. Notem a graça do trocadilho, PAC/empacado, perceberam? Por estas e outras é que o Asmaticos desceu.

Os Bolsonaros e a maconha

Imperdível o artigo de Flávio Bolsonaro sobre os malefícios da maconha publicado em O Globo desta quarta-feira (18). O texto saiu na seção “Outra opinião” e se contrapõe ao artigo do jornal que defende “que o país passe a tratar a questão das drogas por outro viés, que não o usual, pelos seus aspectos criminais”. Quem diria? Foi só o FHC, em pleno ocaso, passar a defender a legalização da marofa (apelido carinhoso da maconha em certos círculos com os quais o redator do Notas Vermelhas não tem nenhum contato) que O Globo veio atrás. Voltando ao Flávio Bolsonaro, em determinado momento do artigo ele elenca os “efeitos sequelantes” da droga, entre eles: lentidão de raciocínio, ansiedade, esquizofrenia, bipolaridade... Temos apenas uma pergunta: Flávio, você já viu seu papai discursando?

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