Ganhe quem ganhar, quem vai mandar é o velho PMDB.
Podem conferir no link: este foi o título da coluna publicada aqui no Balaio no dia 2 de setembro de 2014, às 14h01, pouco mais de um mês, portanto, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, quando Dilma e Marina disputavam a liderança.
Escrevi naquele dia:
"Pois ganhe quem ganhar, não fará muita diferença: quem vai continuar mandando no Brasil, segundo as últimas pesquisas, é o PMDB, que não tem candidato próprio e, por isso mesmo, há tempos é o maior partido do país porque está sempre no poder".
Apenas 42 dias após a posse de Dilma Rousseff no segundo mandato, quem assumiu o poder de fato no Brasil foi o novo presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, do PMDB carioca, de quem a maioria dos eleitores nunca havia ouvido falar.
Só não podia imaginar que a tomada do poder se desse de forma tão rápida e avassaladora, sem que Dilma, o seu governo e o PT esboçassem até agora qualquer forma de resistência. Desde a sua posse como presidente da Câmara, há menos de duas semanas, Cunha impôs ao governo uma derrota atrás da outra, jogou-o nas cordas, com humilhação, e assumiu na prática a agenda e o comando político do país.
Se algum forasteiro cair de paraquedas hoje no Brasil, vai achar que o presidente da República é ele, o líder suprapartidário da oposição, que ocupou todos os espaços na mídia, e não a reeleita Dilma Rousseff, que sumiu e a tudo assiste impavidamente.
Nestas breves 72 horas que passei fora do ar, para me submeter a uma cirurgia no braço (bem sucedida, aliás, pois já estou aqui escrevendo), tudo se acelerou de tal forma que não dá para enxergar nem o fundo do poço, quanto mais uma luz no fim do túnel.
Minhas piores previsões feitas aqui no blog, infelizmente, estão se confirmando: o governo Dilma 2, completamente isolado e sem rumo, está acabando antes mesmo de começar. Não é só a Petrobras, mas o país inteiro que vive um processo incontrolável de erosão em todos os setores da vida nacional, juntando uma inédita crise política, econômica e social, tudo ao mesmo tempo, caminhando para um impasse institucional.
Já se fala em impeachment de Dilma no Congresso e nas redes sociais como se fosse a coisa mais natural do mundo e não vejo nenhuma reação dos que a apoiaram para defender o seu mandato conquistado faz tão pouco tempo nas urnas.
"Já viram a convocação explícita para o pedido de impeachment da Dilma numa manifestação de rua no dia 15/3? Fiquei chocada! A situação está mesmo gravíssima e nós estamos fazendo nada, ou quase. Cadê as lideranças? Cadê a sociedade civil? Os movimentos populares? As chamadas "esquerdas"? E nós? Que vamos fazer?"
Estas perguntas me foram enviadas no final da noite de quarta-feira pelos colegas dos Grupos de Oração do Rio, sintetizando o sentimento de perplexidade que domina parte da população, enquanto a outra se mobiliza freneticamente contra o governo.
Não tenho as respostas. Só sei que Ronaldo Caiado e outras lideranças democráticas do mesmo porte já confirmaram presença na manifestação. Por aí podemos ter uma ideia do que nos espera.
Encerro com uma outra pergunta: se conseguirem derrubar Dilma, quem vai ficar no lugar dela? O vice Michel Temer, que já não manda nem no PMDB? Ou o próprio Eduardo Cunha, o segundo na linha sucessória?
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