Dez mentiras da direita sobre o BNDES
Por Luiz Carlos Azenha, no
blog Viomundo:
Vamos considerar que tudo tenha sido uma imensa coincidência: a Polícia Federal desvenda um megaesquema de corrupção na Petrobras, a maior empresa brasileira.
Ao esquema é atribuído o financiamento da coalizão governista: PT, PMDB e PP.
Vítima, a Petrobras, que controla o pré-sal, sai fortemente enfraquecida do escândalo. Vende parte de bens estratégicos: Gaspetro, BR Distribuidora, Transpetro.Foca no petróleo.
Assume, por decisão do próprio governo Dilma - conforme denunciou aqui o Sindipetro - a estratégia que interessa aos grandes consumidores globais de petróleo, Estados Unidos e China: o Brasil como grande exportador de óleo cru.
Os tucanos - inclusive os que habitam o governo Dilma - querem fazer ainda mais: tirar da Petrobras a participação mínima de 30% nos campos do pré-sal, o que impulsiona o conteúdo nacional; abandonar o sistema de partilha e retomar o de concessões, pelo qual a empresa concessionária paga um fixo à União e fica com todo o petróleo extraído.
Só no Brasil: “concessão” - que em tese implica em riscos para o capitalista que tira dinheiro do bolso - de um petróleo já descoberto!
A quem interessa acelerar a exploração do pré-sal? Aos grandes consumidores, para derrubar o preço do barril; aos acionistas internacionais que - graças a Fernando Henrique Cardoso - controlam metade do capital da Petrobras, que querem lucro rápido às custas do patrimônio finito dos brasileiros.
É o mesmo modelo já aplicado ao manganês da Serra do Navio, à energia elétrica gerada por Tucuruí e ao minério de ferro de Carajás, que deixaram um rastro de destruição ambiental para os locais e enormes lucros para os estrangeiros.
Como nos disse Lúcio Flávio Pinto a respeito de Carajás, controlada pela Vale: “Ritmo de exploração do minério é crime de Lesa Pátria”. Vale, aliás, privatizada a preço de banana pelo mesmo FHC, que também produziu a Lei Kandir, que isenta de ICMS a exportação de produtos primários.
Enfraquecida a Petrobras, o Estado brasileiro perde força não apenas para evitar a pilhagem ora em curso, mas para impor suas próprias políticas públicas.
Coincidência: simultaneamente à Petrobras é atacado o BNDES, o grande financiador dos capitalistas nacionais. Atacado, por exemplo, com uma CPI que deveria se chamar a “CPI do Lula”, já que o objetivo é enquadrar o ex-presidente como lobista no molde dos assassinatos de reputação em série da revista Época, das Organizações Globo.
É um ataque em três frentes: na CPI, que gera notícias diárias; na mídia, que cria “escândalos”; nas redes sociais, onde a direita espalha dezenas de mentiras sobre o BNDES.
Se não fosse apenas uma “coincidência”, a gente diria tratar-se de algum plano urdido pela direita neoliberal, associada ao capital financeiro internacional, para eliminar qualquer traço da tênue soberania brasileira que sobrevive na Petrobras e no BNDES, varrendo do mapa mesmo o “reformismo fraco” em curso, através de um ataque que enfraquece os principais instrumentos de intervenção do Estado na economia. A quem interessa o resultado final?
Focamos aqui em dez mentiras:
1. O BNDES ajudou Cuba às custas do trabalhador brasileiro, fazendo o porto de Mariel lá fora enquanto nossa infraestrutura está em pandarecos:
O BNDES é um banco que financia empresas exportadoras desde muito antes de Lula assumir o Planalto, assim como existem bancos similares em todos os países que disputam o mercado internacional de bens e serviços. Da carteira total de empréstimos do banco, os feitos a Cuba representam algo como 0,001%. A crítica à esquerda é de que o BNDES chegou a emprestar a Cuba com um spread de 7%, uma taxa escorchante padrão-Bradesco. Ao emprestar a empresas brasileiras que fizeram negócios em Cuba, o banco gerou empregos no Brasil e marcou um golaço a 150 km da Flórida. Compare os valores de incentivo à exportação na tabela abaixo:
2. O BNDES é um ralo por escorre dinheiro do contribuinte brasileiro, principalmente do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador):
A taxa de inadimplência nos empréstimos do BNDES para comércio exterior é de 0%. O dinheiro destinado pelo banco aos exportadores brasileiros e importadores estrangeiros é uma pequena fração dos investimentos totais do banco, que majoritariamente se destinam a projetos de infraestrutura no Brasil. O seguro de crédito à exportação rendeu U$ 1 bi ao Tesouro brasileiro entre 2003 e 2015, enquanto pagou prêmios de U$ 23 milhões. O lucro do BNDES no primeiro semestre deste ano foi de R$ 3,5 bilhões.
3. Lula mandou investir em Cuba, Venezuela e Angola com o objetivo de tirar proveito pessoal:
Os três mercados são altamente disputados por exportadores externos. Em Angola, o Brasil compete com China, Coreia do Sul e Estados Unidos. Na Venezuela, com China e Espanha. Em Cuba, com Canadá e Espanha. As decisões de aprovação de empréstimos do banco são tomadas por pelo menos 50 pessoas. A esmagadora maioria dos funcionários do banco é de carreira, concursados. Não houve um só caso em que a diretoria do BNDES tenha atropelado os pareceres das equipes de análise.
4. O BNDES é uma caixa preta:
Relativamente a outros bancos que têm o mesmo papel em outros países, o BNDES se considera o mais transparente, sob controle externo do TCU, da CGU e do Bacen. Dados de TODAS as operações do BNDES podem ser encontrados aqui. A crítica à esquerda é de que transparência neste nível compromete a atuação do BNDES, fornecendo dados que deveriam ser sigilosos não só aos competidores externos, mas aos bancos privados que trabalham para minar a atuação do banco público.
5. O BNDES se arrebentou junto com Eike Batista:
A perda do BNDES com os negócios de Eike Batista foi de R$ 0,00. A taxa de inadimplência do BNDES é inferior à média do sistema financeiro nacional.
6. O BNDES beneficiou as empreiteiras envolvidas na Lava Jato a pedido do Lula:
O mercado mundial de exportação de serviços bateu em 2013 em U$ 544 bilhões. É uma enormidade. Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e OAS de fato fizeram obras no exterior financiadas pelo BNDES. Imaginar que a Andrade Gutierrez foi beneficiada pelo PT é gozação (veja o que os executivos dela falaram sobre Dilma na véspera da eleição mais recente). O fato é que, como provam os dados abaixo, há intensa competição internacional nos serviços de engenharia, que são mais concentrados ainda fora do Brasil em um pequeno número de empresas.
7. Lula escolheu empresários amigos para beneficiar através do BNDES, favorecendo os grandes exportadores:
74% de todo o dinheiro emprestado pelo BNDES foi para pequenas e médias empresas, beneficiando ao todo 3.749 exportadores.
8. Lula usou o BNDES para financiar a Friboi, empresa que pertence ao filho dele, Lulinha.
O verdadeiro dono da Friboi, Wesley Batista, diz que só conhece Lulinha por “fotos na internet”. O BNDES, sim, é dono de 12% da Friboi através do BNDESPAR.
9. O BNDES perdeu dinheiro na Copa, principalmente ao financiar o estádio privado do Corinthians a pedido do Lula.
O banco fixou em R$ 400 milhões o teto dos empréstimos dados para as obras dos estádios da Copa. Até agora não houve atraso no pagamento de uma parcela sequer, seja do Itaquerão, seja da Arena da Amazônia em Manaus. Ou seja, a perda foi de R$ 0,00.
10. O BNDES privilegia países “comunistas” aliados do PT em suas exportações.
O principal destino dos bens da exportação financiada pelo banco são os Estados Unidos. Mas sempre é bom checar direitinho, pois o ocupante da Casa Branca tem o suspeito sobrenome “Hussein” e dizem que nem nasceu nos Estados Unidos. Vai que o governo do PT anda financiando o terrorismo islâmico através do Barack Obama…
Vamos considerar que tudo tenha sido uma imensa coincidência: a Polícia Federal desvenda um megaesquema de corrupção na Petrobras, a maior empresa brasileira.
Ao esquema é atribuído o financiamento da coalizão governista: PT, PMDB e PP.
Vítima, a Petrobras, que controla o pré-sal, sai fortemente enfraquecida do escândalo. Vende parte de bens estratégicos: Gaspetro, BR Distribuidora, Transpetro.Foca no petróleo.
Assume, por decisão do próprio governo Dilma - conforme denunciou aqui o Sindipetro - a estratégia que interessa aos grandes consumidores globais de petróleo, Estados Unidos e China: o Brasil como grande exportador de óleo cru.
Os tucanos - inclusive os que habitam o governo Dilma - querem fazer ainda mais: tirar da Petrobras a participação mínima de 30% nos campos do pré-sal, o que impulsiona o conteúdo nacional; abandonar o sistema de partilha e retomar o de concessões, pelo qual a empresa concessionária paga um fixo à União e fica com todo o petróleo extraído.
Só no Brasil: “concessão” - que em tese implica em riscos para o capitalista que tira dinheiro do bolso - de um petróleo já descoberto!
A quem interessa acelerar a exploração do pré-sal? Aos grandes consumidores, para derrubar o preço do barril; aos acionistas internacionais que - graças a Fernando Henrique Cardoso - controlam metade do capital da Petrobras, que querem lucro rápido às custas do patrimônio finito dos brasileiros.
É o mesmo modelo já aplicado ao manganês da Serra do Navio, à energia elétrica gerada por Tucuruí e ao minério de ferro de Carajás, que deixaram um rastro de destruição ambiental para os locais e enormes lucros para os estrangeiros.
Como nos disse Lúcio Flávio Pinto a respeito de Carajás, controlada pela Vale: “Ritmo de exploração do minério é crime de Lesa Pátria”. Vale, aliás, privatizada a preço de banana pelo mesmo FHC, que também produziu a Lei Kandir, que isenta de ICMS a exportação de produtos primários.
Enfraquecida a Petrobras, o Estado brasileiro perde força não apenas para evitar a pilhagem ora em curso, mas para impor suas próprias políticas públicas.
Coincidência: simultaneamente à Petrobras é atacado o BNDES, o grande financiador dos capitalistas nacionais. Atacado, por exemplo, com uma CPI que deveria se chamar a “CPI do Lula”, já que o objetivo é enquadrar o ex-presidente como lobista no molde dos assassinatos de reputação em série da revista Época, das Organizações Globo.
É um ataque em três frentes: na CPI, que gera notícias diárias; na mídia, que cria “escândalos”; nas redes sociais, onde a direita espalha dezenas de mentiras sobre o BNDES.
Se não fosse apenas uma “coincidência”, a gente diria tratar-se de algum plano urdido pela direita neoliberal, associada ao capital financeiro internacional, para eliminar qualquer traço da tênue soberania brasileira que sobrevive na Petrobras e no BNDES, varrendo do mapa mesmo o “reformismo fraco” em curso, através de um ataque que enfraquece os principais instrumentos de intervenção do Estado na economia. A quem interessa o resultado final?
Focamos aqui em dez mentiras:
1. O BNDES ajudou Cuba às custas do trabalhador brasileiro, fazendo o porto de Mariel lá fora enquanto nossa infraestrutura está em pandarecos:
O BNDES é um banco que financia empresas exportadoras desde muito antes de Lula assumir o Planalto, assim como existem bancos similares em todos os países que disputam o mercado internacional de bens e serviços. Da carteira total de empréstimos do banco, os feitos a Cuba representam algo como 0,001%. A crítica à esquerda é de que o BNDES chegou a emprestar a Cuba com um spread de 7%, uma taxa escorchante padrão-Bradesco. Ao emprestar a empresas brasileiras que fizeram negócios em Cuba, o banco gerou empregos no Brasil e marcou um golaço a 150 km da Flórida. Compare os valores de incentivo à exportação na tabela abaixo:
2. O BNDES é um ralo por escorre dinheiro do contribuinte brasileiro, principalmente do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador):
A taxa de inadimplência nos empréstimos do BNDES para comércio exterior é de 0%. O dinheiro destinado pelo banco aos exportadores brasileiros e importadores estrangeiros é uma pequena fração dos investimentos totais do banco, que majoritariamente se destinam a projetos de infraestrutura no Brasil. O seguro de crédito à exportação rendeu U$ 1 bi ao Tesouro brasileiro entre 2003 e 2015, enquanto pagou prêmios de U$ 23 milhões. O lucro do BNDES no primeiro semestre deste ano foi de R$ 3,5 bilhões.
3. Lula mandou investir em Cuba, Venezuela e Angola com o objetivo de tirar proveito pessoal:
Os três mercados são altamente disputados por exportadores externos. Em Angola, o Brasil compete com China, Coreia do Sul e Estados Unidos. Na Venezuela, com China e Espanha. Em Cuba, com Canadá e Espanha. As decisões de aprovação de empréstimos do banco são tomadas por pelo menos 50 pessoas. A esmagadora maioria dos funcionários do banco é de carreira, concursados. Não houve um só caso em que a diretoria do BNDES tenha atropelado os pareceres das equipes de análise.
4. O BNDES é uma caixa preta:
Relativamente a outros bancos que têm o mesmo papel em outros países, o BNDES se considera o mais transparente, sob controle externo do TCU, da CGU e do Bacen. Dados de TODAS as operações do BNDES podem ser encontrados aqui. A crítica à esquerda é de que transparência neste nível compromete a atuação do BNDES, fornecendo dados que deveriam ser sigilosos não só aos competidores externos, mas aos bancos privados que trabalham para minar a atuação do banco público.
5. O BNDES se arrebentou junto com Eike Batista:
A perda do BNDES com os negócios de Eike Batista foi de R$ 0,00. A taxa de inadimplência do BNDES é inferior à média do sistema financeiro nacional.
6. O BNDES beneficiou as empreiteiras envolvidas na Lava Jato a pedido do Lula:
O mercado mundial de exportação de serviços bateu em 2013 em U$ 544 bilhões. É uma enormidade. Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e OAS de fato fizeram obras no exterior financiadas pelo BNDES. Imaginar que a Andrade Gutierrez foi beneficiada pelo PT é gozação (veja o que os executivos dela falaram sobre Dilma na véspera da eleição mais recente). O fato é que, como provam os dados abaixo, há intensa competição internacional nos serviços de engenharia, que são mais concentrados ainda fora do Brasil em um pequeno número de empresas.
7. Lula escolheu empresários amigos para beneficiar através do BNDES, favorecendo os grandes exportadores:
74% de todo o dinheiro emprestado pelo BNDES foi para pequenas e médias empresas, beneficiando ao todo 3.749 exportadores.
8. Lula usou o BNDES para financiar a Friboi, empresa que pertence ao filho dele, Lulinha.
O verdadeiro dono da Friboi, Wesley Batista, diz que só conhece Lulinha por “fotos na internet”. O BNDES, sim, é dono de 12% da Friboi através do BNDESPAR.
9. O BNDES perdeu dinheiro na Copa, principalmente ao financiar o estádio privado do Corinthians a pedido do Lula.
O banco fixou em R$ 400 milhões o teto dos empréstimos dados para as obras dos estádios da Copa. Até agora não houve atraso no pagamento de uma parcela sequer, seja do Itaquerão, seja da Arena da Amazônia em Manaus. Ou seja, a perda foi de R$ 0,00.
10. O BNDES privilegia países “comunistas” aliados do PT em suas exportações.
O principal destino dos bens da exportação financiada pelo banco são os Estados Unidos. Mas sempre é bom checar direitinho, pois o ocupante da Casa Branca tem o suspeito sobrenome “Hussein” e dizem que nem nasceu nos Estados Unidos. Vai que o governo do PT anda financiando o terrorismo islâmico através do Barack Obama…
Nenhum comentário:
Postar um comentário