Toffoli, de Lula a Gilmar Mendes



É curiosa – porém previsível – a transformação  pela qual passou o Ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal). Sua indicação para o STF foi uma demonstração cabal da falta de noção de Lula sobre a dimensão do cargo. Sem currículo, sem conhecimento, sem luz própria, a carreira de Toffoli se limitava a serviços prestados ao PT.
Como Ministro, não teria mais os laços com a rede protetora do partido ou com os referenciais do padrinho. Teria que se virar em outro ambiente, nos quais cada qual é cada qual, ele, sua obra e sua história. E em posição tremendamente desfavorável, em relação ao peso intelectual e à biografia de seus pares.
Seguiu então o caminho usual dos fracos. No melhor estilo República Velha, tratou de encontrar abrigo no colega que melhor encarnasse a figura do velho coronel político. Gilmar Mendes, claro.
Aos poucos foi se aproximando e se abrigando nas costas quentes de Gilmar com a mídia. Não apenas passou a ser poupado pela mídia como, quando tentou com Gilmar o “golpe paraguaio” – no julgamento da prestação de contas de Dilma Rousseff pelo TSE -, ganhou espaço nobre nas páginas da Veja e de O Globo. Merecido: entregou a Gilmar duas relatorias-chave na prestação de contas – a de Dilma e do PT – como se tivesse sido por sorteio, atropelando qualquer métrica de probabilidade.
Consolidado no novo habitat político, passou a emular os piores hábitos de seu novo padrinho, a arrogância incontida, a grosseria, a falta de limites, o uso da autoridade da forma mais arbitrária possível.
Seu carteiraço, ontem na Câmara, sobre um servidor da Receita que ousou defender o CPF como base do cadastro único – contra o título eleitoral –, a grosseria com que o tratou e a reclamação posterior ao Ministro da Fazenda Joaquim Levy,  é típica da pior tradição republicana.