Haddad, FHC e o partidarismo da imprensa
Fosse a imprensa brasileira boa, ou ao menos média, e a manchete dos
jornais hoje seria a seguinte.
“FHC admite pela primeira vez que pode ter havido compra de votos na emenda da reeleição.”
Foi o fato principal da entrevista – a oitava – concedida por ele ao Roda Viva.
Claro que ele procurou edulcorar.
Disse que, caso tenha havido compra, não se deu no âmbito do PSDB.
Mas aí é preciso invocar Wellington: quem acredita nisso acredita em tudo.
Nenhum dos entrevistadores apertou FHC, naturalmente.
Augusto Nunes, o apresentador, é um caso extraordinário. Ele transportou para a tevê o que tem de pior como blogueiro.
Ele se verga diante de pessoas como FHC, numa abjeta bajulação. E é grotescamente agressivo com qualquer coisa que diga respeito ao PT.
Em nenhuma das duas situações ele tem o que se poderia definir como classe.
O que se viu no Roda Viva é um retrato do que se viu nos oito anos de sua presidência, uma proteção completa da mídia.
Ninguém o questionou quando ele disse, orgulhoso, que um dos traços vitais do PSDB é o apreço pela democracia.
Ora. Há um ano o PSDB vem golpeando a democracia. Nada difere o que o PSDB faz do que, no passado, fez a UDN de Lacerda.
Desde o primeiro momento o PSDB, com argumentos que foram variando conforme as conveniências, se dedicou a tentar cassar 54 milhões de votos.
Até a lisura das urnas eletrônicas foi colocada na mesa, como se os votos que elegeram Alckmin tivessem vindo do papel.
Ninguém apertou FHC também na questão das palestras.
Quem inaugurou no Brasil a onda das palestras milionárias foi exatamente FHC. Num perfil feito pela Piauí, ele apareceu contando que comprara uma mala vermelha para localizar com mais facilidade nos aeroportos em suas viagens para dar palestras.
De novo há aí um símbolo da iniquidade nacional. Palestra para Lula é um horror segundo a mídia. Para FHC, um reconhecimento.
FHC disse que pretendia lançar seus Diários depois da morte, mas por razões que ele não explicou direito antecipou.
Não é tão difícil assim entender a antecipação.
Primeiro, há uma questão de dinheiro.
Depois de vaidade.
Finalmente, há o fator humano. Aos 83 anos, FHC tem uma namorada que poderia ser sua neta.
É natural que ele queira aparecer aos olhos dela.
O ser humano é o menos imprevisível entre os animais.
No plano das comparações, me impressionou a diferença entre a entrevista de FHC e a de Haddad na Livraria Cultura.
FHC recebeu tratamento VIP.
Haddad lidou não apenas com entrevistadores dispostos a matá-lo, mas com uma plateia de ruminantes que zurravam.
A audiência interrompia, erguia bonecos de Lula, vaiava. Me impressionou o estoicismo de Haddad, calmo sempre num ambiente de extrema hostilidade.
Como a CBN não zelou por condições decentes para a sabatina?
Ali, nas duas entrevistas, estava um microcosmo do grau de partidarismo da imprensa brasileira.
“FHC admite pela primeira vez que pode ter havido compra de votos na emenda da reeleição.”
Foi o fato principal da entrevista – a oitava – concedida por ele ao Roda Viva.
Claro que ele procurou edulcorar.
Disse que, caso tenha havido compra, não se deu no âmbito do PSDB.
Mas aí é preciso invocar Wellington: quem acredita nisso acredita em tudo.
Nenhum dos entrevistadores apertou FHC, naturalmente.
Augusto Nunes, o apresentador, é um caso extraordinário. Ele transportou para a tevê o que tem de pior como blogueiro.
Ele se verga diante de pessoas como FHC, numa abjeta bajulação. E é grotescamente agressivo com qualquer coisa que diga respeito ao PT.
Em nenhuma das duas situações ele tem o que se poderia definir como classe.
O que se viu no Roda Viva é um retrato do que se viu nos oito anos de sua presidência, uma proteção completa da mídia.
Ninguém o questionou quando ele disse, orgulhoso, que um dos traços vitais do PSDB é o apreço pela democracia.
Ora. Há um ano o PSDB vem golpeando a democracia. Nada difere o que o PSDB faz do que, no passado, fez a UDN de Lacerda.
Desde o primeiro momento o PSDB, com argumentos que foram variando conforme as conveniências, se dedicou a tentar cassar 54 milhões de votos.
Até a lisura das urnas eletrônicas foi colocada na mesa, como se os votos que elegeram Alckmin tivessem vindo do papel.
Ninguém apertou FHC também na questão das palestras.
Quem inaugurou no Brasil a onda das palestras milionárias foi exatamente FHC. Num perfil feito pela Piauí, ele apareceu contando que comprara uma mala vermelha para localizar com mais facilidade nos aeroportos em suas viagens para dar palestras.
De novo há aí um símbolo da iniquidade nacional. Palestra para Lula é um horror segundo a mídia. Para FHC, um reconhecimento.
FHC disse que pretendia lançar seus Diários depois da morte, mas por razões que ele não explicou direito antecipou.
Não é tão difícil assim entender a antecipação.
Primeiro, há uma questão de dinheiro.
Depois de vaidade.
Finalmente, há o fator humano. Aos 83 anos, FHC tem uma namorada que poderia ser sua neta.
É natural que ele queira aparecer aos olhos dela.
O ser humano é o menos imprevisível entre os animais.
No plano das comparações, me impressionou a diferença entre a entrevista de FHC e a de Haddad na Livraria Cultura.
FHC recebeu tratamento VIP.
Haddad lidou não apenas com entrevistadores dispostos a matá-lo, mas com uma plateia de ruminantes que zurravam.
A audiência interrompia, erguia bonecos de Lula, vaiava. Me impressionou o estoicismo de Haddad, calmo sempre num ambiente de extrema hostilidade.
Como a CBN não zelou por condições decentes para a sabatina?
Ali, nas duas entrevistas, estava um microcosmo do grau de partidarismo da imprensa brasileira.
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