‘Bolsonaro ameaça vida na Terra’, diz britânico escritor, ativista e defensor de ‘rebelião internacional’
01/11/2021
George Monbiot, em imagem creditada ao portal IMDb, e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em foto da AFP/GETTY IMAGES. Ao fundo, a queimada nas terras de um produtor rural no sul do Amazonas. Aproximadamente 17% das florestas amazônicas foram convertidas para outras utilidades, e pelo menos mais 17% foram degradados. Foto de GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE | Sobreposição de imagens
PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
“O enorme dano que vem sendo feito pelo governo de Jair Bolsonaro pode ter implicações para a humanidade”, diz George Monbiot, observando que “precisamos de ações drásticas e rápidas”, pois considera que o termo “mudança climática” é ridiculamente neutro para a maior crise ambiental que a humanidade enfrenta, com a Terra podendo “colapsar de repente”
O jornalista, escritor e ativista britânico, colunista do periódico inglês The Guardian, George Monbiot, afirmou, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta segunda-feira (01/11), que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, “ameaça vida na Terra”, cujo planeta, segundo ele, precisa “de ações drásticas e rápidas” por parte dos líderes mundiais. O intelectual enxerga o problema com tanta gravidade a ponto de considerar que o termo ‘mudança climática‘ é “ridiculamente neutro” para a maior crise ambiental que a humanidade enfrenta, pois a Terra pode “colapsar de repente“, por conta de uma irresponsabilidade que é de todos os chefes de Estado, mas que deixa o presidente do Brasil muito exposto, em face de suas políticas ambientais.
Apoiador do movimento XR (Extinction Rebellion [rebelião internacional]) – movimento ambientalista de desobediência civil não violenta contra a falta de ação ante as mudanças climáticas que surgiu no final de 2018 no Reino Unido, Monbiot acha que Bolsonaro “é uma das forças mais ameaçadoras na Terra“. afirma.
“Ele representa uma ameaça em muitos níveis para os brasileiros, mas também uma ameaça global por causa de seu fracasso em proteger não apenas a Amazônia, mas também o cerrado“, afirma o ativista em resposta ao questionamento do entrevistador sobre Bolsonaro, considerando que a “pressão diplomática” contra ele deve ser intensificada.
O entrevistador lembrou que nos últimos anos, houve várias campanhas pedindo apoio internacional para conter Bolsonaro e o desmatamento na Amazônia, como os boicotes a produtos brasileiros por conta imagens das queimadas na floresta tropical, que viralizaram no mundo.
Monbiot diz que “a Amazônia e o cerrado estão intimamente ligados e são absolutamente cruciais para o sistema climático“.
“O enorme dano que vem sendo feito pelo governo de Jair Bolsonaro pode ter implicações para a humanidade“, diz.
“Estamos caminhando em direção a um abismo em um breu total”
A bióloga e ecóloga Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster e uma das coordenadoras da Rede Amazônia Sustentável, afirma que “estamos caminhando em direção a um abismo em um breu total“.
Erika usa essa analogia quando lhe perguntam quando a floresta amazônica atingirá o “ponto de não retorno”. A pesquisadora diz, à CNN, que “sabemos que estamos caminhando para o precipício, mas quando isso vai acontecer só saberemos quando cairmos“.
De acorco com a publicação, “conceitualmente, isso vai acontecer quando a Amazônia deixar de funcionar como o esperado [conforme o artigo na revista científica NATURE] para o que ela é: uma floresta umbrófila densa – ou seja, uma floresta extremamente úmida e com farta cobertura vegetal. No jargão do meio ambiental, seria quando o bioma perder seus serviços sistêmicos“.
“Quando isso ocorrer, a floresta vai perder a capacidade de gerar chuva”, explica Berenguer.
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