sábado, 27 de novembro de 2021

Carta Capital

 

27 DE NOVEMBRO DE 2021

Amigo leitor,

Em meio a novos problemas e velhas disputas, o PSDB junta os cacos para tentar eleger seu representante nas eleições de 2022. O partido retoma as prévias neste sábado, depois de suspender a consulta devido a uma pane no aplicativo para a votação. Concorrem João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio. O escolhido deve ser anunciado antes das 8 da noite. 

O fiasco tecnológico expôs ainda mais as fraturas do partido. Doria e Leite subiram o tom na troca de acusações. O governador gaúcho insinua que o colega paulista tentou comprar votos. E este rebateu acusando-o de atuar como preposto de Aécio Neves. Arthur Virgílio, por sua vez, acusou Aécio de ser uma “maçã podre” do tucanato. Aécio respondeu acusando o ex-prefeito de atuar como linha auxiliar da campanha de Doria.

Com presidenciáveis se engalfinhando, Serra e FHC doentes, Alckmin flertando com Lula e Aécio liderando uma aguerrida bancada federal bolsonarista, o ninho tucano parece se encaminhar para a dissolução. 

Como aponta o cientista político Aldo Fornazieri na edição impressa de CartaCapitalo partido não sobreviveu à própria hipocrisia. Com o falso moralismo tucano desnudado, o campo ficou aberto para outro moralismo sem moral: o de Bolsonaro e o da Lava Jato, agora encarnada na filiação de Sergio Moro ao podemos.

Boa leitura!

Ninho desmantelado

Depois de um fiasco que expôs ainda mais seus problemas, o PSDB tenta de novo eleger seu candidato para 2022

 Eduardo Leite, Arthur Virgílio e João Dória disputam prévias do PSDB para a Presidência em 2022. Foto: Divulgação/ PSDB

O fiasco tecnológico das prévias tucanas não foi apenas “enrascada”, mas uma demonstração de incompetência que fomenta velhas guerras internas. As graves fraturas do partido ficaram ainda mais expostas, com direito a troca de acusações públicas entre os governadores João Doria e Eduardo Leite. O gaúcho levantou a hipótese do adversário estar comprando votos. Apoiadores do governador de São Paulo rebateram, acusaram a campanha de Leite de querer ganhar no “tapetão”.

O vencedor terá dificuldades de trazer o derrotado e seus aliados para uma campanha nacional unificada. E seja qual for o nome na urna, registre-se, uma candidatura presidencial tucana tem poucas chances de prosperar. A mais recente pesquisa eleitoral divulgada, do Ipespe, segue indicando o franco favoritismo de Lula. O petista mantém 42% das intenções de voto e vence qualquer candidato no 2º turno. Bolsonaro oscilou para baixo, somando agora com 25%. Doria e Leite, por sua vez, animam menos de 2% dos eleitores. 

O mesmo vale para Luiz Henrique Mandetta e Rodrigo Pacheco, também postulantes à terceira via. Enquanto o presidente do Senado fez um discurso morno em evento recente do PSD, o ex-ministro da Saúde e seu União Brasil, o ‘partidão’ da direita a ser criado com a fusão entre o PSL e o DEM, já admite abrir mão de sua candidatura.

Entre mortos e feridos, os que se salvaram ensaiam uma banda para o lado de Sergio Moro, que surge na mesma pesquisa em terceiro lugar, com 11%, tecnicamente empatado com Ciro Gomes, que marca 9%. O ex-juiz, aliás, vem erguendo seu pelotão com soldados caídos do bolsonarismo. Na quinta, o ex-juiz celebrou a filiação do general Santos Cruz ao Podemos. Aposta nele para dividir o apoio dos militares. Até aqui, a concertação morista atrapalha os planos da velha direita. Terá forças para tirar o ex-capitão do segundo turno?

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