sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A verdade do canalha Moro.

 

A verdade que Moro contou à Veja sobre a Alvarez & Marsal

 
Capa da revista Veja com Moro

Sergio Moro, em entrevista à Veja, falando a respeito de seu patrimônio após deixar o governo, contou o seguinte: “Nunca prestei nenhum serviço — e isso estava proibido no meu contrato com a consultoria — a empresas vinculadas à Operação Lava-Jato.”

Enfim, Moro disse uma verdade.

A frase é clara, apesar dos escamoteamentos: “Nunca prestei nenhum serviço”.

Moro nunca prestou nenhum serviço pois nunca trabalhou na Alvarez & Marsal.

Nunca teve um crachá da empresa, nunca teve um endereço eletrônico ou um telefone corporativo, nunca lhe deram um cartão de visitas, uma salinha ou uma mesa num dos seus muitos escritórios. 

No jargão de consultoria, nunca lhe deram um “enxoval de consultor”. Muito provavelmente Moro nem sequer sabe o endereço do escritório da A&M em Washington e nem passou lá para retirar o holerite.

Tanto não trabalhou que o próprio Moro diz, nesta mesma entrevista, que “meu trabalho na iniciativa privada era ajudar as empresas a prevenir casos de suborno.”

Pesquisa cuidadosa nas práticas e expertises da Alvarez & Marsal revelou o óbvio: ela não presta nenhum serviço de “prevenção de suborno”.

E isso é o esperado.

Não faz sentido algum uma consultoria prestar serviços de “prevenção de suborno”. Quem tem interesse, e obrigação, em prevenir subornos é o estado, que é lesado numa relação de corrupção.

Empresas, entre elas as clientes da Alvarez & Marsal, ao contrário, têm todo interesse em corromper servidores públicos, pagar propina e obter vantagens.

Esse é o mundo real, principalmente dentro dos muros curitibanos da Lava Jato. As mensagens da Operação Spoofing mostraram que dinheiro no bolso era o que movia o lavajatismo.

Moro, um brasileiro que supostamente conhece a leis brasileiras, estava trabalhando nos EUA para entregar serviços que a empresa que o empregava não “vendia”.

A história dessa contratação é um escárnio. A cada manifestação de Moro a farsa fica mais evidente.

É inegável que a relação era apenas fiduciária. Moro recebeu um prêmio e a Alvarez & Marsal era o laranja responsável por colocar em seu bolso as moedas pelos trabalhos prestados para empresas e para o estado americano.

Nunca saberemos quanto Moro recebeu de prêmio, qual foi sua parte no butim da Petrobras. Apesar da determinação do TCU em obrigar empregado e empregador a revelar o montante transacionado, Moro alegará confidencialidade. A Alvarez & Marsal dirá que é uma empresa estrangeira e não está sob a jurisdição do TCU.

No entanto, se algum dia algum valor for publicado, a única verdade na revelação é que será apenas uma mentira. Para além da cantilena habitual, uma coisa me chamou especial atenção nessa entrevista: pela primeira vez há algum sentido nas respostas de Moro. 

As habituais mentiras estão relativamente bem encadeadas, cada uma conectada à outra mentira dando senso lógico ao encadeamento, e é possível perceber, com algum esforço, que há um sentido nas frases.

Isso significa que Moro, de uma hora para outra, ficou inteligente, aprendeu um pouco de lógica e rudimentos da língua pátria?

Não. Absolutamente.

Isso significa que, além de jornalistas escalados para conduzi-lo, Moro também passou a ter o apoio de um coach de lógica.

Essa matéria mostra o que vem pela frente. Dias muito piores virão.

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