Autor de The Dumbest Generation defende a tese de que os nascidos já na internet convivem com informações irrelevantes e dificuldades de concentração. Não confie em ninguém com menos de 30 anos, diz a capa. Será?
O escritor norte-americano Mark Bauerlein vem causando polêmica nos Estados Unidos com o seu livro “The Dumbest Generation” – ainda não lançado no Brasil – e segundo ele, se você tem menos de 30 anos, considere-se membro da geração mais estúpida da história. Para o autor, a nova geração nunca se desconecta e, pior, nunca se desconecta de informações irrelevantes: perfis em redes sociais, MSNs e outras ferramentas, distanciando-se de assuntos relevantes como por exemplo história e política.
Segundo o autor ainda, os jovens tem dificuldades em ler qualquer publicação com mais de 200 páginas e dificuldades de concentração. Normalmente desinteressados pela família, os jovens desta geração, quando estão em casa, estão fechados no quarto digitando em seu blog, postando fotos suas em suas redes sociais e fotoblogs ou falando no MSN, tendo uma vida direcionada especialmente às relações sociais com os amigos da mesma idade.
Agora a questão é: estamos de fato criando uma próxima geração de estúpidos ou a forma de aprendizado e convívio com as informações têm mudado com a internet?
Viemos de uma geração acostumada a receber informações de poucas fontes – e precisávamos nos esforçar para obtê-las. A escola que fiz ainda é daquelas em que fazer um trabalho significava ir a uma biblioteca e escrever em algumas folhas de almaço, e a datilografia era o sinônimo do capricho. Hoje trabalhos inteiros estão ao alcance de um clique e as fontes de informação são intermináveis.
Pode sim parecer que estamos vislumbrando uma nova geração de “preguiçosos”, mas por outro lado, talvez seja a próxima uma geração extremamente inteligente, pois encontramos aí outra questão (levantada pelo filosofo David Weinberger): essa geração está quebrando o monopólio das comunicações e informações.
Se há pouco mais de 10 anos nosso acesso às informações se dava pelos jornais diários, revistas semanais ou telejornais, hoje a informação está em toda a parte, os indivíduos escolhem o que e como querem recebê-la e ainda geram mais informações e conteúdos, ou seja, se antes o mundo inteiro recebia informações de poucos indivíduos que a detinham, hoje qualquer um ainda pode gerar e propagar informação. Mas quanto dessa informação é relevante?
Talvez esse não seja o ponto. A pergunta correta talvez seja: tudo o que “nos ensinam” é relevante? Ou talvez essa nova geração com acesso a tanta informação desenvolva a capacidade de filtrar somente o que precisa e o que é relevante?
O grande trunfo da internet é nos permitir a quantidade – e qualidade – dos conteúdos que buscamos, sob diversos pontos de vista: de um jornalista a um estudante da oitava série. E que possamos comparar esses pontos de vista e rapidamente formar a nossa própria ótica.
Sobre o autor
Maira Costa (maira.costa@thinktwice.com.br) é Diretora de Planejamento da Thinktwice Marketing de Inovação.
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