sexta-feira, 26 de setembro de 2008

MÚSICA - Vandré e Caetano nos festivais.

Por Flaviana Serafim
Polêmica trilha sonora de 68
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Geraldo Vandré
Há exatos 26 anos, no dia 26 de setembro de 1968, Geraldo Vandré subia ao palco do ginásio Maracanãnzinho, no Rio, com a belíssima e histórica música do III Festival Internacional da Canção que virou hino de toda uma geração: "Pra não dizer que não falei das flores", composta e apresentada por Geraldo Vandré.

Não só hino de uma geração, tornou-se música-símbolo da resistência em todos os atos realizados nos anos 17 anos seguintes nos quais ainda durou a ditadura. Cantá-la virou a palavra de ordem de todos as passeatas, protestos, campanha pela anistia, recepção de volta dos exilados, até da maior campanha cívica da história do país, a das Diretas-já.

Dias antes, em 12 de setembro de 1968, ocorreram as eliminatórias paulistas do festival quando Caetano Veloso subiu ao palco do Teatro da Universidade Católica, o TUCA, em São Paulo, e protagonizou ali, ao lado dos Mutantes, com a canção "É proibido proibir", uma das cenas mais polêmicas dos festivais de música daquele ano.

Irritado com as vaias do público, que não compreendeu o arrojo de "É proibido proibir", nas eliminatórias do III Festival Internacional da Canção, Caetano questionou: "Mas é isso a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir este ano uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado? (...) Vocês não estendendo nada, nada, nada, absolutamente nada (...) Que juventude é essa?".

"Pra não dizer que não falei das flores" também levantou polêmica - e põe polêmica nisso! - num Maracanãzinho lotado, onde se realizou a finalíssima do festival daquele ano. A platéia, inconformada com o 2º lugar dado a Vandré - o 1º ficou com "Sabiá", de Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda – gritava: "É marmelada!".

O desencanto e até mesmo ira do público levou Vandré a uma de suas últimas e mais marcantes declarações públicas: "a vida não se resume em festivais". Participantes e envolvidos com o festival daquele ano garantem que Vandré não ficou com o 1º lugar por pressões da ditadura militar. Depois daquela noite no Maracanãzinho, Vandré foi preso, ficou vários dias desaparecido, há notícias de que foi muito torturado, e nunca mais voltou à ribalta.

Enquanto a música e performance de Caetano traziam elementos completamente novos à música brasileira criada há 40 anos, Vandré, com poesia impecável, botava os espinhos de "Pra não dizer que não falei das flores" direto na ferida da ditadura militar. Mas ambos criaram, cada um com seu estilo, uma maravilhosa trilha sonora para nosso 1968.

Clique para ouvir:

Image Pra não dizer que não falei das flores – Geraldo Vandré

Image É proibido proibir – Caetano Veloso

Fonte: Blog do Zé Dirceu.

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