Não só hino de uma geração, tornou-se música-símbolo da resistência em todos os atos realizados nos anos 17 anos seguintes nos quais ainda durou a ditadura. Cantá-la virou a palavra de ordem de todos as passeatas, protestos, campanha pela anistia, recepção de volta dos exilados, até da maior campanha cívica da história do país, a das Diretas-já.
"Pra não dizer que não falei das flores" também levantou polêmica - e põe polêmica nisso! - num Maracanãzinho lotado, onde se realizou a finalíssima do festival daquele ano. A platéia, inconformada com o 2º lugar dado a Vandré - o 1º ficou com "Sabiá", de Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda – gritava: "É marmelada!".
O desencanto e até mesmo ira do público levou Vandré a uma de suas últimas e mais marcantes declarações públicas: "a vida não se resume em festivais". Participantes e envolvidos com o festival daquele ano garantem que Vandré não ficou com o 1º lugar por pressões da ditadura militar. Depois daquela noite no Maracanãzinho, Vandré foi preso, ficou vários dias desaparecido, há notícias de que foi muito torturado, e nunca mais voltou à ribalta.
Enquanto a música e performance de Caetano traziam elementos completamente novos à música brasileira criada há 40 anos, Vandré, com poesia impecável, botava os espinhos de "Pra não dizer que não falei das flores" direto na ferida da ditadura militar. Mas ambos criaram, cada um com seu estilo, uma maravilhosa trilha sonora para nosso 1968.
Clique para ouvir:
Pra não dizer que não falei das flores – Geraldo Vandré
É proibido proibir – Caetano Veloso
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
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