Coluna Econômica
No controle da inflação, as expectativas desempenham papel central. Se todos os agentes acreditam que a inflação poderá aumentar, passarão a reajustar seus preços transformando a profecia em realidade. E vice-versa.
O sistema de metas inflacionárias surgiu para permitir ao BC articular as expectativas de uma forma clara e eficiente. Especialmente depois que o avanço das transações eletrônicos e a sofisticação das operações financeiras acabou com os diversos conceitos de meio circulante.
Consiste no seguinte:
Havia vários inconvenientes na adoção do sistema pelo Brasil.
O primeiro, a própria estrutura de juros da economia. As taxas de juros na ponta são tão elevadas que mudanças na Selic mal fazem cócegas no custo final do dinheiro.
O segundo, a cartelização do processo de formação de expectativas. Em economias desenvolvidas, há vários agentes influindo nas expectativas do mercado – o maior dos quais é o próprio Banco Central. No caso brasileiro, as expectativas são formadas por uma cobertura jornalística concentrada, cartelizada, baseando-se em poucos canais de informação alimentados por fontes com interesses objetivos na alta de juros.
Cada decisão do Copom sobre nível de juros movimenta apostas pesadíssimas – seja entre comprados e vendidos, no mercado futuro, seja nas próprias expectativas de rentabilidade das tesourarias de empresas.
***
O BC sabe, qualquer economista de bom senso sabe que, contra o excesso de demanda, há medidas muito mais eficazes que a taxa Selic. O BC pode instituir tributos sobre o crédito, aumentar o compulsório (parcela dos depósitos bancários que é recolhido), reduzir prazos de financiamento, exigir parcelas maiores à vista etc.
Sabe, também, que quando ocorrem choques de oferta (frustração de safra nos EUA, seca no Brasil etc.) aumentos de juros são ineficazes.
Teoricamente, portanto, bastaria o BC acenar com qualquer dessas medidas para derrubar as expectativas de alta da inflação.
Ocorre que, pelo sistema atual, aceita-se apenas um único tipo de atitude do BC para rebater expectativas inflacionárias: o aumento da taxa básica de juros. A única prova que os lobistas exigem é alta nos juros.
***
Com isso, as discussões técnicas passam a ser ferozmente contaminadas por interesses pessoais de operadores se posicionando no mercado de taxas – tanto os altistas quanto os baixistas.
No dia em que as expectativas inflacionarias puderem ser rebatidas com medidas no compulsório ou impostos no crédito, acaba a frescura de certos analistas com taxas de juros neutra e outros conceitos vagos.
É hora de começar a se discutir a sério o fim ou a reformulação radical do sistema de metas inflacionárias.
No controle da inflação, as expectativas desempenham papel central. Se todos os agentes acreditam que a inflação poderá aumentar, passarão a reajustar seus preços transformando a profecia em realidade. E vice-versa.
O sistema de metas inflacionárias surgiu para permitir ao BC articular as expectativas de uma forma clara e eficiente. Especialmente depois que o avanço das transações eletrônicos e a sofisticação das operações financeiras acabou com os diversos conceitos de meio circulante.
Consiste no seguinte:
- Primeiro, o BC define uma meta para a inflação a ser alcançada – com uma margem para cima ou para baixo.
- Se o mercado acredita que a inflação futura ficará acima da meta, o BC aumenta os juros básicos da economia. Se acredita que ficará abaixo, o BC diminui os juros.
- Teoricamente, aumentando as taxas básicas de juros, o BC conseguiria interferir em toda estrutura de juros da economia, encarecendo o crédito e, por consequência, reduzindo a demanda, ajudando a derrubar os preços; e vice-versa.
Havia vários inconvenientes na adoção do sistema pelo Brasil.
O primeiro, a própria estrutura de juros da economia. As taxas de juros na ponta são tão elevadas que mudanças na Selic mal fazem cócegas no custo final do dinheiro.
O segundo, a cartelização do processo de formação de expectativas. Em economias desenvolvidas, há vários agentes influindo nas expectativas do mercado – o maior dos quais é o próprio Banco Central. No caso brasileiro, as expectativas são formadas por uma cobertura jornalística concentrada, cartelizada, baseando-se em poucos canais de informação alimentados por fontes com interesses objetivos na alta de juros.
Cada decisão do Copom sobre nível de juros movimenta apostas pesadíssimas – seja entre comprados e vendidos, no mercado futuro, seja nas próprias expectativas de rentabilidade das tesourarias de empresas.
***
O BC sabe, qualquer economista de bom senso sabe que, contra o excesso de demanda, há medidas muito mais eficazes que a taxa Selic. O BC pode instituir tributos sobre o crédito, aumentar o compulsório (parcela dos depósitos bancários que é recolhido), reduzir prazos de financiamento, exigir parcelas maiores à vista etc.
Sabe, também, que quando ocorrem choques de oferta (frustração de safra nos EUA, seca no Brasil etc.) aumentos de juros são ineficazes.
Teoricamente, portanto, bastaria o BC acenar com qualquer dessas medidas para derrubar as expectativas de alta da inflação.
Ocorre que, pelo sistema atual, aceita-se apenas um único tipo de atitude do BC para rebater expectativas inflacionárias: o aumento da taxa básica de juros. A única prova que os lobistas exigem é alta nos juros.
***
Com isso, as discussões técnicas passam a ser ferozmente contaminadas por interesses pessoais de operadores se posicionando no mercado de taxas – tanto os altistas quanto os baixistas.
No dia em que as expectativas inflacionarias puderem ser rebatidas com medidas no compulsório ou impostos no crédito, acaba a frescura de certos analistas com taxas de juros neutra e outros conceitos vagos.
É hora de começar a se discutir a sério o fim ou a reformulação radical do sistema de metas inflacionárias.
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