“Vamos para o enfrentamento se não houver diálogo com o governo”, alerta presidente da CUT
19/04/2013
Durante ato no centro de São Paulo pelo Dia Nacional de Mobilização, Vagner Freitas cobra novamente negociação com o Executivo e com o Congresso
Escrito por: Luiz Carvalho
Roberto Parizotti
Vagner Freitas (esquerda) e Adi Lima durante marcha pelo centro de São Paulo
Em São Paulo, a manifestação ocorreu no centro de São Paulo e o presidente da CUT, Vagner Freitas, apontou novamente o descontentamento com a falta de diálogo.
“Desde que fomos até Brasília não aconteceu nada. Só receber pauta e não abrir negociação não resolve nada. Presidenta Dilma, vamos orientar os ministros a abrir negociação. Volto à pergunta: se pode ter desenvolvimento para vários setores da economia, porque não pode ter redução da jornada, reforma agrária, fim do fator previdenciário e 10% do PIB para a educação?”, questionou Freitas.
Como outros dirigentes presentes na mobilização, ele destacou a necessidade de barrar o substitutivo do deputado Roberto Santiago (PSD-SP) ao Projeto de Lei (PL) 4320/2004, de Sandro Mabel (PMDB-GO), que amplia a terceirização e torna a precarização das relações trabalhistas um grande negócio para o patrão.
“Em 2013, quando comemoramos os 70 anos da CLT, esse PL arrebenta com o direito de organização dos trabalhadores e vai transformar todos em pessoa jurídica ou prestador de serviço. Vamos nos reunir com a bancada de todos os partidos para deixar claro que denunciaremos e mostraremos a cara de cada parlamentar que votar a favor desse projeto, pedindo a cada trabalhador que não vote neles em 2014”, alertou.
Em sua intervenção, o dirigente criticou ainda a decisão do Banco Central em aumentar em 0,25% a Taxa Selic, decisão que favorece apenas aos banqueiros, ressaltou.
“Ontem (17), o Copom (Comitê de Política Monetária) de o péssimo sinal de que o Brasil continua sendo mandado por banqueiros e especuladores. Porque inflação não se controla aumentando juros, isso já foi feito e não deu certo. Inflação se controla com crescimento da economia e investimento no mercado interno.”
Por fim, ele lembrou que, a partir de agora, os trabalhadores adotarão postura cada vez mais incisiva. “Vamos fazer o que sempre fizemos: se não dialogar, partiremos para o enfrentamento.”
Exemplo de unidade
Além de dirigentes da CUT, representantes da UGT e da CGTB também marcaram presença na atividade.
Diretor de Relações Sindicais do Sindicato dos Comerciários, filiado à UGT, citou durante a intervenção dois pontos presentes na pauta de reivindicações das centrais: a redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário e a ratificação da convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que coíbe a demissão imotivada.
Roberto Parizotti
Trabalhadores cobraram diálogo com o governo
“Para nós, comerciários, a jornada é de 52 horas semanais e, além disso, o patrão não está preocupado em respeitar o que conquistamos para a categoria, mas em fazer demissão em massa. Por isso vamos às ruas enquanto não arrancarmos essas conquistas.”
Presidente da CGTB, Paulo Sabóia, comentou ainda os interesses que estão por trás da pressão exercida por setores conservadores para barrar os avanços da classe trabalhadora.
“O Estado brasileiro está sendo atacado. A herança maldita do neoliberalismo, responsável por deixar para nós retrocessos como o fator previdenciário, também nos brindou com um lei de petróleo que entrega ao capital estrangeiro nosso patrimônio. Dia 15 de maio teremos novo leilão de privatização de nossa riqueza e querem entregar de 30 a 40 bilhões de barris através de leilão. Não podemos permitir, assim como não podemos permitir que a MP dos Portos e a concessão dos aeroportos avance, porque são setores estratégicos de escoamento da nossa produção. É hora de mobilizarmos em conjunto para defendermos a pátria e a economia nacional”, disse.
Cutistas de luta –Enquanto o presidente da CUT-SP, Adi Lima, lembrou dos prejuízos que as extensas jornadas causam à qualidade de vida do trabalhador e ressaltou a importância de o movimento sindical manter o diálogo com a população, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvândia Leite, defendeu que a classe trabalhadora não aceitará retrocesso em seus direitos.
Já o representante do funcionalismo municipal, categoria em campanha salarial, o secretário de Políticas Sociais da CUT-SP, João Batista Gomes, falou sobre a ratificação da convenção 151 da OIT, que trata da negociação com o funcionalismo.
“Não temos explicitado o direito à negociação coletiva, temos que ir à greve para, ao menos, sentar e negociar com o governo. A presidenta Dilma assinou decreto para começar a tramitar na Câmara a ratificação, porém, queremos ver avançar na prática”, comentou, lembrando, por fim, da paralisação que a Apeoesp (Sindicato dos Professores de São Paulo) fará a partir desta sexta (19) para cobrar reajuste salarial.
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