Coluna Econômica
Ontem mediei o debate de uma das mesas do seminário da Rede Desenvolvimentista, no Instituto de Economia da Unicamp.
Na mesa, quatro especialistas analisando o tema de desindustrialização brasileira, a perda de expressão da manufatura na economia nacional, a inexpressividade dos setores de alta tecnologia.
Eram temas centrais para o desenvolvimento brasileiro, sendo analisados com abundância de dados. Apontou-se o risco da desindustrialização precoce da economia brasileira, o fato de se dar em um ambiente de estagnação.
Apontou-se o erro de conceder incentivos fiscais a setores relevantes - como o automobilístico - sem exigir a contrapartida de metas de exportação. Mostrou-se como essas medidas acabaram por pressionar ainda mais as importações.
Mais que isso: alertou-se para o fato de que a próxima onda de importações será de produtos de maior valor agregado, automóveis, geladeiras, eletroeletrônicos. E que, a médio prazo, os desequilíbrios comerciais se tornarão insustentáveis.
Esse, aliás, é o maior risco da economia brasileira: os desequilíbrios nas contas externas.
Mostrou-se como o país perdeu o bonde a partir de meados dos anos 70, como a desindustrialização se acentuou a partir dos anos 90, e como não se cuidou de compatibilizar a oferta com a demanda a partir dos anos 2.000.
Tudo isso foi dito.
Mas aí entram pontos que apenas a economia não explica.
Tem-se hoje uma proposta desenvolvimentista no governo, expressa em políticas de isenção fiscal, pacotes de estímulos à inovação, busca de juros civilizados, criação de mecanismos de financiamento, ênfase em obras de infraestrutura.
Há muita descoordenação ainda, movimentos atabalhoados, nada que não possa ser aprimorado com o tempo. Mas não se tem uma ideologia desenvolvimentista independentemente dos governantes de plantão.
O desenvolvimentismo atual chama-se Dilma Rousseff. No dia em que deixar a presidência, a bandeira se vai com ela.
Tem-se uma mídia que abomina qualquer forma de crescimento, que cultura juros elevados, um resquício forte de anti-empreendedorismo em toda máquina pública, um sentimento anti-produção que vai da direita à esquerda, partidos políticos que jamais colocaram o desenvolvimento como bandeira, grupos ambientalistas anti qualquer forma de crescimento?
Qual o gatilho capaz de deflagrar um movimento irresistível, que coloque todas as forças na mesma direção do crescimento sustentado, da inovação com bem estar social? Qual o gatilho capaz de fazer com que as instituições públicas, como o BNDES, financiem as empresas pequenas, mas com potencial tecnológico, em lugar de frigoríficos e outros grupos da velha economia?
Certamente não é a figura genérica de um dom Sebastião, um estadista improvável baixando dos céus em um cavalo branco trazendo palavras de ordem.
Em muitas revoluções industriais, o motor, que abriu espaço para o crescimento, conquistou corações e mentes, disseminou o novo, se impondo sobre o velho, foi a criação de um super-mercado de consumo, interno e/ou externo. Nesse cenário, o câmbio desempenhou papel central.
Mas, ontem, as discussões econômicas estavam tomadas por questões mais transcendentais: saber se o Copom subiria a taxa Selic, conforme sugeriu Dilma, ou a manteria no patamar atual.
Ontem mediei o debate de uma das mesas do seminário da Rede Desenvolvimentista, no Instituto de Economia da Unicamp.
Na mesa, quatro especialistas analisando o tema de desindustrialização brasileira, a perda de expressão da manufatura na economia nacional, a inexpressividade dos setores de alta tecnologia.
Eram temas centrais para o desenvolvimento brasileiro, sendo analisados com abundância de dados. Apontou-se o risco da desindustrialização precoce da economia brasileira, o fato de se dar em um ambiente de estagnação.
Apontou-se o erro de conceder incentivos fiscais a setores relevantes - como o automobilístico - sem exigir a contrapartida de metas de exportação. Mostrou-se como essas medidas acabaram por pressionar ainda mais as importações.
Mais que isso: alertou-se para o fato de que a próxima onda de importações será de produtos de maior valor agregado, automóveis, geladeiras, eletroeletrônicos. E que, a médio prazo, os desequilíbrios comerciais se tornarão insustentáveis.
Esse, aliás, é o maior risco da economia brasileira: os desequilíbrios nas contas externas.
Mostrou-se como o país perdeu o bonde a partir de meados dos anos 70, como a desindustrialização se acentuou a partir dos anos 90, e como não se cuidou de compatibilizar a oferta com a demanda a partir dos anos 2.000.
Tudo isso foi dito.
Mas aí entram pontos que apenas a economia não explica.
Tem-se hoje uma proposta desenvolvimentista no governo, expressa em políticas de isenção fiscal, pacotes de estímulos à inovação, busca de juros civilizados, criação de mecanismos de financiamento, ênfase em obras de infraestrutura.
Há muita descoordenação ainda, movimentos atabalhoados, nada que não possa ser aprimorado com o tempo. Mas não se tem uma ideologia desenvolvimentista independentemente dos governantes de plantão.
O desenvolvimentismo atual chama-se Dilma Rousseff. No dia em que deixar a presidência, a bandeira se vai com ela.
Tem-se uma mídia que abomina qualquer forma de crescimento, que cultura juros elevados, um resquício forte de anti-empreendedorismo em toda máquina pública, um sentimento anti-produção que vai da direita à esquerda, partidos políticos que jamais colocaram o desenvolvimento como bandeira, grupos ambientalistas anti qualquer forma de crescimento?
Qual o gatilho capaz de deflagrar um movimento irresistível, que coloque todas as forças na mesma direção do crescimento sustentado, da inovação com bem estar social? Qual o gatilho capaz de fazer com que as instituições públicas, como o BNDES, financiem as empresas pequenas, mas com potencial tecnológico, em lugar de frigoríficos e outros grupos da velha economia?
Certamente não é a figura genérica de um dom Sebastião, um estadista improvável baixando dos céus em um cavalo branco trazendo palavras de ordem.
Em muitas revoluções industriais, o motor, que abriu espaço para o crescimento, conquistou corações e mentes, disseminou o novo, se impondo sobre o velho, foi a criação de um super-mercado de consumo, interno e/ou externo. Nesse cenário, o câmbio desempenhou papel central.
Mas, ontem, as discussões econômicas estavam tomadas por questões mais transcendentais: saber se o Copom subiria a taxa Selic, conforme sugeriu Dilma, ou a manteria no patamar atual.
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