Professores da UNICAMP alertam para riscos do financismo
Em artigo publicado na Revista Político Social e Desenvolvimento, sob o título, “Do industrialismo ao financismo”, os professores do Instituto de Economia da UNICAMP, André Biancarelli e Pedro Rossi, analisam a gestão macroeconômica dos últimos anos e os riscos do “financismo” para o projeto de desenvolvimento social do país. Extremamente oportuno o texto dos dois e o debate que eles suscitam. Trazem, afinal, um pouco de luz à essa discussão sobre nossa economia dominada pela mídia e pelo capital financeiro.
Os economistas detalham o cenário de ajuste fiscal e outras medidas que marcaram o primeiro ano do mandato da presidenta e a aposta industrialista dos anos posteriores. E concluem que “muito mais do que ‘excesso de intervencionismo’, o que fracassou foi o industrialismo e a aposta nas políticas de oferta e de desonerações, já que a redução de custos de produção não alavancou o investimento privado”.
Embora de acordo com a necessidade de uma correção de rota, eles alertam para os riscos do caminho escolhido pelo governo atual e que, segundo eles, “impõe sérios riscos a toda uma agenda de desenvolvimento com inclusão social”. Também enfatizam a “percepção equivocada” do que chamam de ” ‘novo’ discurso liberal”.
Equívoco
Um equívoco, apontam, que se constitui na visão de que o “baixo crescimento é decorrente do intervencionismo do Estado; da seguridade social, das leis trabalhistas, dos aumentos de salários, os bancos públicos, etc”.
Neste artigo, os professores da UNICAMP explicam que diferentemente do industrialismo, “o financismo não se preocupa com a indústria, tampouco com a estrutura produtiva que deve ficar sujeita à espontaneidade das forças de mercado”.
E alertam que este caminho, o financista, “é guiado pelos limites à discricionariedade do Estado e pela busca exclusiva do equilíbrio fiscal e da estabilidade de preços”. Uma concepção, explicam, que “ignora a importância do investimento público e da política anticíclica para amenizar as flutuações da renda e emprego.”
Austericídio
Avaliando que a proposta do ministro Joaquim Levy (Fazenda) de ajuste fiscal repete o erro de 2011, os professores André Biancarelli e Pedro Rossi, apontam que ”no setor produtivo, ninguém investe porque o governo fez um ajuste fiscal, mas investe quando há expectativa de demanda”. E explicam que ”em momentos de baixo crescimento, o ajuste fiscal reforça a queda da demanda e desestimula o investimento. É o que os europeus, com conhecimento de causa, chamam de “austericídio”.
A proposta que defendem neste artigo é que “entre em cena o “trabalhismo ou uma agenda social-desenvolvimentista”, na qual está pressuposto o “desenvolvimento como uma intenção política, e não como uma espontaneidade advinda dos automatismos do mercado, cuja livre operação é concentradora de renda e riqueza”.
Uma política macro que tenha como objetivo “manter baixos níveis de desemprego, fazer uso anticíclico dos instrumentos macro, apontar projetos de infraestrutura que sinalizem crescimento e redução de custos, além de valorizar o investimento como instrumento de expansão dos bens públicos para atender as demandas por mais direitos sociais.”
Em artigo publicado na Revista Político Social e Desenvolvimento, sob o título, “Do industrialismo ao financismo”, os professores do Instituto de Economia da UNICAMP, André Biancarelli e Pedro Rossi, analisam a gestão macroeconômica dos últimos anos e os riscos do “financismo” para o projeto de desenvolvimento social do país. Extremamente oportuno o texto dos dois e o debate que eles suscitam. Trazem, afinal, um pouco de luz à essa discussão sobre nossa economia dominada pela mídia e pelo capital financeiro.
Os economistas detalham o cenário de ajuste fiscal e outras medidas que marcaram o primeiro ano do mandato da presidenta e a aposta industrialista dos anos posteriores. E concluem que “muito mais do que ‘excesso de intervencionismo’, o que fracassou foi o industrialismo e a aposta nas políticas de oferta e de desonerações, já que a redução de custos de produção não alavancou o investimento privado”.
Embora de acordo com a necessidade de uma correção de rota, eles alertam para os riscos do caminho escolhido pelo governo atual e que, segundo eles, “impõe sérios riscos a toda uma agenda de desenvolvimento com inclusão social”. Também enfatizam a “percepção equivocada” do que chamam de ” ‘novo’ discurso liberal”.
Equívoco
Um equívoco, apontam, que se constitui na visão de que o “baixo crescimento é decorrente do intervencionismo do Estado; da seguridade social, das leis trabalhistas, dos aumentos de salários, os bancos públicos, etc”.
Neste artigo, os professores da UNICAMP explicam que diferentemente do industrialismo, “o financismo não se preocupa com a indústria, tampouco com a estrutura produtiva que deve ficar sujeita à espontaneidade das forças de mercado”.
E alertam que este caminho, o financista, “é guiado pelos limites à discricionariedade do Estado e pela busca exclusiva do equilíbrio fiscal e da estabilidade de preços”. Uma concepção, explicam, que “ignora a importância do investimento público e da política anticíclica para amenizar as flutuações da renda e emprego.”
Austericídio
Avaliando que a proposta do ministro Joaquim Levy (Fazenda) de ajuste fiscal repete o erro de 2011, os professores André Biancarelli e Pedro Rossi, apontam que ”no setor produtivo, ninguém investe porque o governo fez um ajuste fiscal, mas investe quando há expectativa de demanda”. E explicam que ”em momentos de baixo crescimento, o ajuste fiscal reforça a queda da demanda e desestimula o investimento. É o que os europeus, com conhecimento de causa, chamam de “austericídio”.
A proposta que defendem neste artigo é que “entre em cena o “trabalhismo ou uma agenda social-desenvolvimentista”, na qual está pressuposto o “desenvolvimento como uma intenção política, e não como uma espontaneidade advinda dos automatismos do mercado, cuja livre operação é concentradora de renda e riqueza”.
Uma política macro que tenha como objetivo “manter baixos níveis de desemprego, fazer uso anticíclico dos instrumentos macro, apontar projetos de infraestrutura que sinalizem crescimento e redução de custos, além de valorizar o investimento como instrumento de expansão dos bens públicos para atender as demandas por mais direitos sociais.”
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