quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ARGENTINA -"Temo pela estabilidade institucional da Argentina".

“Temo pela estabilidade institucional da Argentina”, diz Mujica sobre vitória de Macri


O ex-presidente do Uruguai José Mujica expressou, em seu programa de rádio M-24 desta quarta-feira (25), seus “temores” com relação ao resultado das eleições argentinas que, em segundo turno inédito, acabaram com a vitória do opositor Mauricio Macri como o novo presidente.
A reportagem foi publicada por Opera Mundi, 25-11-2015.
“Que a Argentina vá o melhor possível. Este desejo não seria sincero se eu não apontasse provisoriamente meus temores. E esses temores têm a ver com a estabilidade institucional da Argentina num desenho político que não é fácil, não é simples”, afirmou o líder uruguaio durante o programa.
Na terça-feira (24), Mujica já havia comentado sobre o resultado das eleições argentinas durante seu discurso de inauguração do 10º Fórum Anual do Progressismo no Chile. Na ocasião, ele reprovou, inclusive, a intenção de Macri de invocar a cláusula democrática contra a Venezuela, anunciada em sua primeira conferência de imprensa, na segunda (23).
“É muito fácil criticar a Venezuela, mas há muitos lugares para criticar. Mataram quatro prefeitos em Assunção, no Paraguai, o país ali do lado”, sustentou.
De acordo com o recém-eleito presidente argentino, Maduro estaria violando a liberdade de expressão e perseguindo opositores. Por sua vez, o partido governista venezuelano, o PSUV, repudiou o discurso de Macri, classificando-o como “uma lástima” e um “ato de ingerência interna”.
Após a vitória da oposição que encerrou os 12 anos de governos kirchneristas, os movimentos sociais e correntes políticas que apoiaram a Frente para a Vitória, do candidato derrotado Daniel Scioli, começam a planejar a reorganização e as estratégias futuras para “impedir um retrocesso” nas políticas sociais e de direitos humanos no país.
Na noite de domingo (22), Macri (Cambiemos) foi o vencedor de uma das eleições mais acirradas dos últimos anos na Argentina, com 51,40% dos votos, contra 48,60% do seu adversário, Scioli. Em declarações recentes, o candidato apoiado pela atual mandatária, Cristina Kirchner, disse que agora é preciso as expectativas de mudanças propostas pelo seu rival devem ser traduzidas em ações concretas.
Macri terá adiante o desafio de gerenciar um Congresso no qual a Frente para a Vitória ainda detém maioria e um país que tem a maioria de suas províncias controlada por governos peronistas – embora a mais importante delas, a de Buenos Aires, seja agora controlada também pelo Cambiemos, com Maria Eugénia Vidal.

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