Há vazamentos na Lava Jato para beneficiar poderosos, diz Teori



Jornal GGN - Nesta quarta (25), durante sessão no Supremo Tribunal Federal que manteve a prisão do senador Delcídio Amaral (PT) por tentativa de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, o ministro relator do caso, Teori Zavascki, apontou o vazamento de informações para beneficiar poderosos que poderiam virar alvo das autoridades. Delcídio foi pego numa gravação entregue às autoridades negociando um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Seu chefe de gabinete e o banqueiro André Esteves foram também foram presos na manhã de hoje.
"Vem à tona a grave revelação de que André Esteves tem consigo cópia de minuta do anexo do acordo de colaboração premiada assinado por Nestor Cerveró, confirmando e comprovando a existência de canal de vazamento na operação Lava Jato que municipa pessoas em posição de poder com informações de complexo investigatório", disse Teori. Segundo o magistrado, é um "mistério como um documento sigiloso que se encontrava em ambiente prisional em Curitiba chegou ao escritório de André Esteves, em São Paulo".
Na sessão, Teori ainda apontou que Delcídio ofereceu uma ajuda financeira da ordem de R$ 50 mil mensais para a família de Cerveró. Em troca, o ex-diretor da Petrobras não poderia fechar acordo de delação premiada. 
"Há, aí, componente diabólico de embaraço à investigação: ultimado o acordo financeiro, Nestor Cerveró passaria a enfrentar dificuldades praticamente instransponíveis para conciliar-se com a verdade. Seu silêncio compraria o sustento de sua família, em evocação eloquente de práticas tipicamente mafiosas", afirmou.
Ao votar pela validação da decisão do ministro Teori, a ministra Cárman Lúcia fez um dos discursos mais duros sobre as investidas contra a Lava Jato.
"Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil” ", disse a ministra.