Ex-operadores de drones americanos denunciam método de eliminação de civis e inocentes
Em uma carta dirigida ao governo, quatro ex-militares americanos que operavam "drones"
denunciaram que as eliminações de jihadistas com esses aparelhos
operados por Washington contribuem para propagar "o ódio" e alimentar o
terrorismo.
A eliminação com aviões não tripulados é "um dos motores mais poderosos
do terrorismo e a desestabilização no mundo", escreveram os quatro
ex-militares em uma carta dirigida ao presidente Barack Obama e a outros
funcionários de alto escalão do governo.
A carta foi publicada pelo jornal britânico "The Guardian".
"Não podemos ficar de braços cruzados diante das tragédias, como a dos atentados de Paris", acrescentaram.
"Os civis inocentes que matamos apenas se uniram aos sentimentos de
ódio", origem do terrorismo e de grupos como o Estado Islâmico (EI),
alegaram, pedindo ao governo que "reconsidere sua abordagem" de combate
aos terroristas.
Nesta quinta-feira, o "Guardian" publicou depoimentos com detalhes.
Segundo o jornal, os quatro operadores, na faixa dos 30 anos, deixaram a
Força Aérea americana depois de pelo menos seis anos de serviço.
Três deles estavam encarregados de operar os sensores e sistemas de
fixação de alvos dos "drones" na missão, e o quarto era um técnico
encarregado da infraestrutura de comunicação com os aparelhos.
Um deles, Brandon Bryant [ que aparece aqui nesse texto de 2013, em inglês ], relatou ao jornal um ataque contra um grupo de cinco pessoas no Afeganistão, enquanto elas dormiam.
Inicialmente, suspeitava-se de que estivessem transportando explosivos,
mas, segundo ele, parece não ter sido o caso. O ataque, completou
Bryant, não provocou deflagrações secundárias. "Um assassinato covarde",
lamentou.
Ao final de suas respectivas tarefas, receberam um pequeno cartão dentro
de envelopes lacrados com o número de eliminações, para as quais eles
haviam contribuído.
Bryant "cometeu o erro de abrir o seu", relatou "The Guardian", acrescentando que "o número era de 1.626".
De acordo com a carta, o remorso fez "todos sucumbirem à síndrome de estresse pós-traumático".
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