Parente desdenha do pré-sal: houve endeusamento
Presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que o "endeusamento" da camada do pré-sal acabou gerando uma expectativa exageradamente otimista em relação à exploração de petróleo em águas profundas; "Houve um certo endeusamento do pré-sal, quando temos em outras áreas da empresa campos excelentes, como na Bacia de Campos", afirmou; segundo ele, "existe uma parte de investimentos no pré-sal que traz resultados, mas a maior parte não"; declaração acontece a uma semana da votação da lei que abre o pré-sal a empresas estrangeiras; em julho, o governo Michel Temer vendeu a participação de 66% da Petrobras no Campo de Carcará por US$ 2,5 bilhões, valor considerado irrisório pelos geólogosParente, que nesta sexta-feira 30 participou de um fórum promovido pela revista Exame, afirmou, ainda, que boa parte dos investimentos feitos pela estatal nos últimos anos acabou por elevar a dívida da petroleira. "É importante mencionar que esse endividamento não gera qualquer retorno para a empresa", disse. "Existe uma parte de investimentos no pré-sal que traz resultados, mas a maior parte não", completou.
Ele também disse que a Petrobras pretende reduzir drasticamente o nível de endividamento da companhia até 2018 por meio de cortes de custos e da venda de ativos. "Chegamos a pagar 3,1% de juros em 2013. Hoje está acima de 8,5%", citou. "Ter uma alavancagem desse tamanho no Brasil é muito complicado", observou.
Segundo o presidente da Petrobras, os resultados foram afetados pelo "aparelhamento" da estatal e pelo uso da companhia em "atividades que não tinham nada a ver". "O que aconteceu na Petrobras foi o aparelhamento de uma empresa. Mas ela também foi usada para outros fins", destacou.
"Como uma empresa decide fazer uma refinaria no Maranhão, outra em Pernambuco e outra no Ceará? Não é a racionalidade econômica. É uma empresa que foi submetida a um processo em que seus objetivos foram secundários no processo decisório", afirmou.
As declarações de Parente sobre o pré-sal acontecem a uma semana da votação do projeto de lei que tira a obrigatoriedade da Petrobras de participar de toda a exploração do pré-sal, abrindo o negócio a empresas estrangeiras. Em julho, o governo Michel Temer vendeu a participação de 66% da Petrobras no Campo de Carcará por US$ 2,5 bilhões, valor considerado irrisório por geólogos de todo o Brasil.