Leonardo Attuch
Numa semana que prometia ser
dominada pela cassação de Eduardo Cunha, a denúncia formulada pelo
Ministério Público contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
roubou as atenções. Foi saudada pela metade do Brasil que foi induzida a
desejar a sua prisão e criticada pela outra metade que ou enxerga
abusos na operação Lava Jato ou deseja vê-lo de volta à presidência da
República, nessa destrutiva guerra de torcidas em que se transformou a
política brasileira.
Embora a forma de divulgação da denúncia, exagerada na visão de juristas e da própria OAB, tenha sido o aspecto mais discutido ao longo da semana, o ponto mais importante foi o fato de o MP não ter pedido a prisão de Lula, nem de seus familiares. É uma escolha que demonstra certa prudência. Afinal, qual seria o sentido de prender, em primeira instância, um senhor de 70 anos, que está no "topo da cadeia alimentar”, não tendo ninguém a delatar, e que, como todo cidadão, tem direito à presunção de inocência?
Mais do que isso, a eventual prisão de Lula não interessaria a ninguém do sistemão brasileiro, uma vez que 99,99% dos políticos têm telhado de vidro. O risco seria ainda maior em se tratando de Lula, que, mesmo com todos os revezes, continua a ser o líder político mais popular e com maior capacidade de mobilização popular do País, sendo ainda o mais articulado internacionalmente. Uma vez aberto o precedente com Lula, mesmo seus adversários com aspirações presidenciais, todos eles citados em delações de empreiteiros, estariam ameaçados.
A caçada judicial, portanto, parece ter outro objetivo. Trata-se de conseguir rapidamente uma condenação em primeira instância, no Paraná, que possa ser confirmada pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre. Nesse cenário, Lula se tornaria ficha-suja, ficando impedido de concorrer a cargos públicos. Assim, o jogo da sucessão presidencial em 2018 seria controlado pelas mesmas forças que conduziram o afastamento da presidente Dilma Rousseff, com uma espécie de domínio oligárquico do processo político.
Em seu pronunciamento, um dia após a denúncia, Lula percebeu a natureza do processo e disse que não adianta prendê-lo nem retirá-lo do jogo. “Virão outros Lulas”, afirmou, indicando, que, em qualquer condição, terá poder para influir diretamente no processo político. Exageros contra Lula, tanto na forma como no conteúdo, só contribuem para vitimizá-lo e torná-lo ainda mais forte – especialmente se o governo Temer, que ainda tem sua legitimidade contestada, se mostrar incapaz de retirar o Brasil de sua mais aguda crise econômica.
Por que Lula não será preso
Embora a forma de divulgação da denúncia, exagerada na visão de juristas e da própria OAB, tenha sido o aspecto mais discutido ao longo da semana, o ponto mais importante foi o fato de o MP não ter pedido a prisão de Lula, nem de seus familiares. É uma escolha que demonstra certa prudência. Afinal, qual seria o sentido de prender, em primeira instância, um senhor de 70 anos, que está no "topo da cadeia alimentar”, não tendo ninguém a delatar, e que, como todo cidadão, tem direito à presunção de inocência?
Mais do que isso, a eventual prisão de Lula não interessaria a ninguém do sistemão brasileiro, uma vez que 99,99% dos políticos têm telhado de vidro. O risco seria ainda maior em se tratando de Lula, que, mesmo com todos os revezes, continua a ser o líder político mais popular e com maior capacidade de mobilização popular do País, sendo ainda o mais articulado internacionalmente. Uma vez aberto o precedente com Lula, mesmo seus adversários com aspirações presidenciais, todos eles citados em delações de empreiteiros, estariam ameaçados.
A caçada judicial, portanto, parece ter outro objetivo. Trata-se de conseguir rapidamente uma condenação em primeira instância, no Paraná, que possa ser confirmada pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre. Nesse cenário, Lula se tornaria ficha-suja, ficando impedido de concorrer a cargos públicos. Assim, o jogo da sucessão presidencial em 2018 seria controlado pelas mesmas forças que conduziram o afastamento da presidente Dilma Rousseff, com uma espécie de domínio oligárquico do processo político.
Em seu pronunciamento, um dia após a denúncia, Lula percebeu a natureza do processo e disse que não adianta prendê-lo nem retirá-lo do jogo. “Virão outros Lulas”, afirmou, indicando, que, em qualquer condição, terá poder para influir diretamente no processo político. Exageros contra Lula, tanto na forma como no conteúdo, só contribuem para vitimizá-lo e torná-lo ainda mais forte – especialmente se o governo Temer, que ainda tem sua legitimidade contestada, se mostrar incapaz de retirar o Brasil de sua mais aguda crise econômica.
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