Jornal GGN - Condenado no mensalão e réu na Lava Jato, o publicitário Marcos Valério disse nesta segunda (12), ao juiz federal Sergio Moro, que o ex-presidente Lula foi chantageado pelo empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de ônibus e do Diário do Grande ABC e, por isso, Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT, teria pedido a ele que fizesse um empréstimo para repassar R$ 6 milhões a Ronan.
Segundo informações da Folha, Moro quis saber qual o motivo da chantagem a Lula, mas Valério se negou a responder. Ele justificou que o que sabe é "muito grave" e deixou no ar a possibilidade de ter sua morte encomendada caso revelasse detalhes.
"Eu gostaria de não responder essa pergunta, porque o que eu fiquei sabendo é muito grave e o senhor não vai poder garantir a minha vida", afirmou, na audiência. "É um assunto muito grave e eu não quero correr riscos. Eu estou preso numa penitenciária", comentou.
Valério e outras oito pessoas são réus numa ação da Lava Jato que trata do empréstimo fraudulento feito no banco Schahin, por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai - classificado como "amigo de Lula" nos jornais. Valério disse que Bumlai assumiu o empréstimo porque, após pesquisar quem era Ronan, ele não quis participar do negócio.
"Eu comecei a sondar quem era Ronan Maria Pinto. E o que eu fiquei sabendo não me agradou", afirmou. "Eu disse [a Silvio Pereira]: você é maluco. Eu não vou fazer isso, não vou transferir, não quero ligação com isso, e usei o termo: me inclua fora disso."
Por causa disso, segundo a investigação, a operação foi feita via banco Schahin, com um empréstimo tomado em nome do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Ainda de acordo com o publicitário, José Dirceu e Gilberto Carvalho também estavam sendo chantageados.
A linha de investigação da Lava Jato aponta para a morte de Celso Daniel como motivo de chantagem. Morto em 2002, o ex-prefeito de Santo André teria sido assassinado após descobrir um esquema fraudulento para abastecer o caixa 2 do PT e promover o enriquecimento ilícito de envolvidos.
A cúpula petista teria sido chantageada por Ronan em 2004, que teria cobrado a propina para não associá-la à morte do ex-prefeito. Segundo a Folha, contudo, essa hipótese não foi incluída pela Lava Jato na investigação.
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