quarta-feira, 21 de setembro de 2016

POLÍTICA - "O que acontece no país não me abala e só me motiva a lutar mais".

247 - Por meio de uma videoconferência via internet na noite desta terça-feira (20), no evento chamado 'Stand with Lula' ('Apoie Lula', em português), o ex-presidente Lula reafirmou sua indignação com a "parcialidade" de "algumas pessoas do Ministério Público e da Polícia Federal" na denúncia apresentada e aceita pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela condução dos processos no âmbito da Operação Lava Jato.
Lula disse também que tudo gira em torno do "medo" de que ele seja candidato a presidente da República em 2018, e que o objetivo da denúncia é inviabilizá-lo na possível disputa.
"O que está acontecendo no Brasil não me abala. Apenas me motiva a andar muito mais, a falar muito mais, a gritar muito mais. 'Ah, o problema é o Lula não voltar em 2018'. O problema é esse? Poderiam me perguntar se eu queria voltar em 2018. A verdade é essa. Eles sabem que embora eu não tenha diploma universitário, eu sei fazer mais do que eles. E tem uma coisa que eu sei fazer, que é sentir o coração do povo pobre, do povo trabalhador", disse o ex-presidente.
"Não poso aceitar em hipótese alguma que pessoas irresponsáveis venham dizer que eu sou responsável por uma quadrilha. Eu sou responsável pela criação do mais importante partido de esquerda da América Latina, sou responsável pela maior política de inclusão social da América Latina, sou responsável por fazer o Brasil ser respeitado nos Estados Unidos, na Europa e na América Latina, sou responsável por transformar a Petrobras na segunda maior empresa de petróleo do mundo. Se por isso eu tiver de ser condenado, não tem problema. Posso ser condenado. Mas o que eu quero é seriedade no tratamento à minha pessoa, à minha família e aos meus amigos", afirmou o ex-presidente.
Lula denunciou na conferência aos EUA que "o Brasil vive um momento muito grave de anomalia política. Aqui no Brasil as coisas estão funcionando de forma tão absurda, que dois dias após o impeachment da presidenta Dilma ser votado no Senado, eles mudaram a lei que foi a razão pela cassação da Dilma para garantir que os próximos presidentes possam fazer o que eles acham que foi crime cometido pela Dilma".
"Não posso aceitar de forma nenhuma o que está acontecendo no Brasil neste ano. No Brasil neste instante, o que menos importa é a verdade. O que mais importa é a construção da versão. Eu conto uma versão, essa versão se torna manchete de jornal, a manchete de jornal é manipulada para a televisão. E aí a pessoa, independentemente de ser inocente, passa a ser condenada pela opinião pública".
Campanha
A campanha Stand with Lula foi apresentada por Sharan Burrow, secretária-geral da ITUC/CSI, entidade que representa 180 milhões de trabalhadores sindicalizados de 162 países. Segundo ela, o objetivo da mobilização é defender Lula de abusos judiciais no Brasil e denunciar os "poderosos interesses" que tentam impedir sua livre atuação política.
"O sistema judiciário brasileiro está agora em evidência, pois interesses corporativos poderosos tentam usá-lo para atacar Lula, o Partido dos Trabalhadores, além do seu gigantesco legado de mais de uma década de avanços sociais e econômicos. Nós apoiamos Lula e nos opomos veementemente ao mau uso do poder Judiciário para persegui-lo", afirmou Burrow.

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