Quem diz que o apartamento era do Lula? Ninguém, só o MP (d)e Moro
Existe uma relação entre a força tarefa da Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro quem em Biologia, é chamada de mutualismo.
Um organismo se beneficia do outro.
Uma promotoria equilibrada tornaria impossíveis os arreganhos de Moro.
Um juiz equilibrado impossibilitaria os arroubos dos promotores.
Moro, é claro, dá de dez nos rapazes curitibanos, em matéria de esperteza.
Porque deixa que eles façam as diatribes possessas e, depois, ampara no que eles dizem aquilo que ele quer fazer.
Não que juízes e promotores não trabalhem, no mais das vezes, em harmonia, mas o tom desta harmonia sempre foi o de prudência, no mais das vezes.
Agora, porém, Moro terá dificuldades em se servir do que fez o MP na denúncia contra Lula.
O processo está entupido de testemunhos que reduzem a “propriedade” do triplex a Lula a uma espécie de “papo de Candinha”.
A repórter Cíntia Alves expandiu o tema já abordado neste blog e mostrou que, das testemunhas ouvidas no processo, quase todas, ” no máximo, o que os investigadores arrancaram foram frases como “provavelmente sim”, “tinha esse boato”, “li nos jornais”, “é possível” ou até mesmo a pérola “não comprou mas é o dono”.
Estas as mais “comprometedoras”. Porque várias outras negam sequer boatos neste sentido.
Leiam.
É estarrecedor o conteúdo do que está nos autos que, duvido, Sérgio Moro tenha lido na íntegra, porque está se jogando numa cartada perigosíssima, como demonstram os muitos senões hipócritas do texto em que acolhe a denúncia.
E o faz convencido em ter transformado todos os que lhe poderiam frear em , perdão pelas palavras, em cagões ou cúmplices.
É provável, ouvi o boato, não comprou mas é
dono: as pérolas da Lava Jato no caso triplex
Quando o assunto é o apartamento no
Guarujá – que, na visão de procuradores da República, a OAS reformou
para entregar a Lula como propina disfarçada – até fofoca entre montador
de armário e projetista ligados no noticiário tem valor para a Lava
Jato. A constatação é feita a partir da análise de depoimentos gravados
em vídeo pela própria força-tarefa e divulgados nesta semana na página
do Estadão no Youtube.
O GGN acompanhou o
interrogatório de sete do total de 11 testemunhas do caso triplex, nesta
terça (20), e verificou que a Lava Jato não conseguiu confirmar que o
imóvel 164-A do Condomínio Solaris é propriedade de Lula. No máximo, o
que os investigadores arrancaram foram frases como “provavelmente sim”,
“tinha esse boato”, “li nos jornais”, “é possível” ou até mesmo a pérola
“não comprou mas é o dono”.
Como no papel o triplex está em nome da
OAS Empreendimentos, a Lava Jato busca provas que sustentem a seguinte
teoria: se a empresa onde Léo Pinheiro tem sociedade investiu quase R$ 1
milhão em melhorias num imóvel que já custava algo em torno de R$ 1,8
milhão, é porque tinha um bom cliente em vista ou, melhor ainda, um
proprietário oculto: Lula.
Essa tese fica transparente na entrevista
da Lava Jato com o arquiteto da OAS Roberto Moreira Ferreira. Em seu
depoimento, ele conta à força-tarefa que acompanhou duas visitas de
Marisa Letícia, esposa de Lula, ao apartamento no Guarujá.
A primeira se deu em fevereiro de 2014,
quando Léo Pinheiro foi “mostrar a unidade” à ex-primeira-dama e seu
marido. Segundo o arquiteto, eles ficaram “olhando o apartamento,
conheceram cada ambiente, ficaram na varanda falando amenidades”,
enquanto técnicos da OAS ficaram à distância para preservar o casal. Os
investigadores perguntaram se Lula tinha apartamento naquele prédio, ao
que Ferreira respondeu: “Não que eu tivesse conhecimento.”
“Depois dessa visita”, emendou o
arquiteto, “me chamaram para fazer um projeto para deixar o apartamento
mais bem-acabado”, o que incluia a colocação de piso, alguns consertos, a
construção de uma escada entre os pavimentos, instalação de armários,
churrasqueira e um elevador privativo, entre outras melhorias.
Ferreira disse que a OAS tem por “hábito”
fazer apartamentos modelos e colocá-los para venda com tudo o que tem
dentro. Mas que não acompanhou nenhum projeto com tantos detalhes como
esse triplex do Guarujá.
Embora tenha dito que ficou “reticente”
com alguns pedidos – como o elevador privativo que foi orçado em cerca
de R$ 70 mil – ele disse que o mercado na região estava muito ruim e que
as melhorias eram uma maneira de atrair clientes.
Em agosto de 2014, Ferreira esteve no
local pela segunda vez. Marisa Letícia foi acompanhada de um de seus
filhos. Lula não participou. Léo Pinheiro voltou a mostrar todos os
ambientes, agora com armários, alguns eletrodomésticos instalados.
Segundo o arquiteto, Marisa se limitou a dizer que a vista era “bonita”.
“Como não fez nenhum comentário ruim, achei que ela tinha gostado da
obra.”
Aqui entra a Lava Jato com a tese de que,
se a planta original do apartamento foi modificada, é porque existe um
proprietário. Afinal, segundo perguntaram a Ferreira, o “costume” no
mercado é que a personalização de apartamentos só ocorra mediante a
compra.
Assista a partir dos 13 minutos:
Lava Jato: Então, de acordo
com os usos e costumes da empresa e do mercado, uma pessoa poderia falar
que esse apartamento é do ex-presidente Lula [já que a planta foi
alterada e Marisa fez duas visitas para verificar a obra]?
Arquiteto: Provavelmente sim, não posso afirmar com certeza, ele não comprou.
Lava Jato: Não, estou falando de acordo com usos e costumes…
Arquiteto: Provavelmente sim.
Curiosamente, o depoimento de Ferreira
foi cortado no exato momento em que o arquiteto dizia que na unidade
164-A do Solaris, a ideia também era de servir como apartamento modelo.
Em outros vídeos, o investigador declara a entrevista encerrada antes de
terminar a gravação.
Outro vídeo que chama atenção é de
Armando Dagli Magri, engenheiro sócio da empresa Talento, responsável
por projetar e executar as melhorias que a OAS decidiu promover no
triplex.
No vídeo abaixo, Magri contou que
acompanhou a segunda visita de Marisa Letícia ao apartamento, e disse
que sua impressão foi de que a esposa de Lula estava entrando no imóvel
pela primeira vez.
Lava Jato: Ficou parecendo que o apartamento era para ela?
Engenheiro: Sinceramente não fiquei [com
essa impressão] porque quando a gente tem reunião com proprietário, o
proprietário já chega falando gosto disso, gosto daquilo. Ela se limitou
a dizer que gostava muito daquela praia, ficou falando que gostava da
vista, lembrando da infância do filho, que o pai dele gostava da praia.
Magri também reafirmou que, em todos os
contratos que assinou sobre aquele apartamento, a propriedade constava
em nome da OAS Empreendimentos. Quando ele encerrou sua parte na obra,
disse que ouviu de Igor Pontes, engenheiro da empreiteira, que “agora
tinha que correr com a Kitchens”, que seria a responsável por fazer o
projeto dos armários de cozinha.
A Lava Jato foi atrás de Rodrigo Garcia,
um ex-funcionário da Kitchens que acompanhou o pedido para projetar a
cozinha. Ele disse às autoridades que sempre tratou do assunto com
funcionárias da OAS e que, em seu entendimento, o imóvel pertencia à
empresa. Após confirmar algumas visitas ao empreendimento, foi
questionado sobre a propriedade.
Acompanhe a partir dos 21’30’’.
Lava Jato: Em algum momento alguém falou que aquele apartamento era do ex-presidente?
Ex-funcionário da Kitchens: O montador me questionou isso.
Lava Jato: Qual montador?
Ex-funcionário: Não sei dizer. Eu o vi
primeira e única vez lá na montagem. Ele me fez a pergunta e não dei a
menor bola. Para mim, aquele apartamento era de um diretor da OAS. Ouvi o
boato desse montador e ficou ali. Não dei a menor importância para esse
boato… para essa fala.
Quem também ouviu falar que o apartamento
é de Lula foi o dono de uma empresa de transportes chamado Sergio
Antônio dos Santos Santiago, responsável pela entrega dos metais
supostamente utilizados no elevador privativo do triplex. Ele indicou
que só ficou sabendo que era do ex-presidente após ser intimado para
depor na Lava Jato – ou seja, quando a imprensa toda já disseminava a
versão dos procuradores.
Acompanhe a partir dos 4’25’’:
Acompanhe a partir dos 4’25’’:
Lava Jato: O senhor teve contato com funcionário que executou o serviço?
Dono da transportadora: Até hoje eu
tenho, alguns deles estão comigo ainda. Até perguntei, quando veio a
informação – acho que é do Lula esse apartamento, né? – aí perguntei pro
pessoal se estiveram no apartamento do presidente. Brinquei com eles.
Eles nem sabiam para casa de quem era [a entrega] porque, a princípio,
foi a empresa [Talento] que contratou para fazer o orçamento. É uma
situação engraçada.
Lava Jato: Isso aconteceu depois que saiu…
Dono: Foi quando me chamaram para depor
lá, aí é que o cara falou. Eu até brinquei com o pessoal. ‘Vocês foram
no apartamento e nem sabia’ [risos].
LULA, O POTENCIAL CLIENTE
Um dos funcionários da OAS apontado por
vários entrevistados como parte do grupo que liderava a reforma no
triplex é o engenheiro Igor Ramos Pontes. Este disse à força-tarefa que
seu cliente no caso do apartamento no Guarujá era a OAS Incorporadora,
mas colocou Lula como potencial comprador da unidade.
Acompanhe a partir dos 23’30’’:
Lava Jato: Quem pediu esse projeto específico foi seu chefe, Roberto Moreira. Ele informou para quem?
Engenheiro: Havia discussão de que o
ex-presidente era, na prática, um possível comprador, finalizaria a
questão dele com a Bacoop com a compra dessa unidade, e que para
facilitar a venda, fariam como se fosse apartamento modelo, com algumas
modificações. Para ver se incentivava.
Lava Jato: Então fizeram as mudanças para facilitar a venda ao ex-presidente?
Engenheiro: É possível que sim, não sei afirmar.
Lava Jato: Quando Marisa esteve pela segunda vez, ela se mostrou satisfeita?
Engenheiro: Ela não verbalizou.
Pontes disse que orientou sua equipe
técnica a não disseminar boatos sobre a propriedade de Lula após a mídia
começar a sondar o apartamento. Aos 6’20”, comentou:
Engenheiro: Eu não sei de quem é o
apartamento, está em nome da OAS, então é da OAS. E toda demanda vinha
da OAS. Em outras unidades, a gente recebia o contato direto do cliente.
Nesse apartamento especificamente, a unidade estava em nome da OAS
Empreendimentos. Não tem cliente. Não tem morador, nunca morou ninguém
lá. Toda a demanda que vinha era da OAS. Mas existem especulações,
perguntavam se era do ex-presidente Lula ou não. Eu dizia [à minha
equipe] que não temos nenhuma informação sobre isso. E, de fato, não
temos.
Outros depoentes reafirmaram que o
apartamento está em nome da OAS, como Alberto Ratola de Azevedo, cuja
empresa de engenharia foi terceirizada pela Talento para fazer a
estrutura metálica para instalação do elevador privativo. “A contratante
final foi a OAS”, disse, indicando que o serviço custou cerca de R$ 4
mil, pagos pela Talento. “Ouvi dizer que ia ser o ex-presidente da
República. Ouvi recentemente. Em contato com a Talento ou na execução da
obra, não ouvi nada”, respondeu, quando questionado sobre Lula.
A engenheira Mariuza Aparecida Marques
contou à Lava Jato que esteve presente na segunda visita de Marisa ao
triplex, pois seu trabalho era fiscalizar o andamento da obra da
Talento.
Ao final da entrevista, o membro da Lava
Jato disse que ela estava muito “reticente” durante o interrogatório e
resolveu perguntar diretamente de quem era o apartamento. Ela respondeu
que, segundo as informações que possuía, o apartamento era da OAS. “Era
para ser vendido para qualquer cliente”, comentou.
São depoimentos oficiais, estão nos autos, Basta ler e assistir.Mas isso, na vara do Dr. Moro, não vem ao caso
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