Por
que o Brasil virou alvo?
Tenho sido muito cobrado sobre a atual situação
brasileira e quais as perspectivas futuras para o Governo diante de tantas
ameaças de golpes. Em vários encontros, palestras e debates via internet
perguntam-me sobre as alternativas de Dilma Rousseff e qual o futuro do projeto
iniciado pelo PT, com Lula, em 2003.
Costumo dizer que a atual conjuntura é muito dinâmica e
nenhum de nós tem uma bola de cristal para ler o que vai acontecer, mas que é
possível, com algumas informações conhecidas por todos, traçar uma análise da
situação atual e, principalmente, entender as razões pelas quais há uma pressão
tão grande da direita contra o governo e um pavor generalizado com a perspectiva
das eleições em 2018.
Sem me preocupar com a ordem de importância dos fatos,
vou tentar listar aqui alguns dos motivos que levam a direita (nacional e
internacional) a se preocupar tanto com a continuidade do projeto nacionalista
e popular do PT. Vamos tentar lembrar alguns dos fatores que levam a tamanha
resistência e tanto ódio por parte de uma elite atrasada, internamente, e,
externamente, de um projeto global que está em crise e sente-se atingido ao
perder um país com a dimensão política e econômica do Brasil.
I) O papel de liderança na América Latina. Vamos
refrescar as lembranças? Em dezembro de 2002, Lula havia sido eleito
presidente, mas ainda não havia tomado posse. Ainda assim, demonstrou toda a
sua liderança e a sua decisão de mudar os rumos na América Latina. A Venezuela
vivia uma aguda crise, montada pela direita que comandou uma greve de 27 dias
para derrubar o governo de Hugo Chávez. O país estava sem gasolina e o golpe
parecia eminente. Lula, ainda não empossado, mandou o petroleiro Amazon
Explorer, com 520 mil barris de gasolina, para Puerto de La Cruz, a 220
quilômetros de Caracas. O golpe da direita foi por terra, Hugo Chávez
manteve-se no poder e Washington acusou o Brasil de “ingerência nas questões
internas da Venezuela”. No dia 02 de janeiro de 2003, já empossado, Lula recebe
Chávez em audiência, a sua primeira como presidente da República! Poucos dias
mais tarde, no México, o Brasil coordenou e comandou a criação do Grupo de
Amigos da Venezuela, um encontro reunindo chefes de Estado de vários países
para encontrar uma saída para a crise venezuelana.
Desde então, o Brasil assumiu a liderança de um bloco
na América Latina buscando afastar-se dos países do norte, muito rico, e
criando uma relação sul-sul, entre países chamados “em desenvolvimento”. Lula,
Néstor Kirchner e Hugo Chávez comandaram uma virada importante. Na esteira
dessa mudança, vieram grandes avanços e um rompimento com o projeto neoliberal
na região. Evo Morales (Bolívia), “Pepe” Mujica (Uruguai), Rafael Correa
(Equador), Fernando Lugo (Paraguai, derrubado por um golpe de direita), Daniel
Ortega (Nicarágua) são alguns exemplos dessa reviravolta que tanto incomoda aos
EUA.
Em 2014, em Brasília, o encontro do BRICS aprovou a
criação de um Banco de Desenvolvimento e um Fundo de Reservas onde a América
Latina terá participação privilegiada. O sonho de Washington era criar a ALCA,
mas o projeto foi destruído completamente e, como resposta, a América Latina
criou a ALBA e outros instrumentos completamente independentes dos EUA. Para
irritar ainda mais, há a construção do Canal da Nicarágua, com apoio da China,
deixando o Canal do Panamá em segundo plano. Politicamente, o crescimento e
consolidação da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos),
reduziu a importância da OEA e retirou a região do domínio estadunidense.
Também devemos considerar o crescimento e o reconhecimento internacional da
UNASUL (União de Nações SulAmericanas) que, ainda em 2015, estará criando um organismo
para julgar conflitos de investimentos estrangeiros na região. Tudo isso
demonstra que as relações comerciais da América Latina são cada vez mais
diversificadas, menos dependentes dos EUA e dos países ―centrais. O comércio Sul-Sul é cada vez
mais importante na economia mundial (era de 6%, em 1985, e já tinha chegado a
24%, em 2010). Vale destacar que o comércio Norte-Norte despencou 38% no mesmo
período e os investimentos estrangeiros diretos, Sul-Sul cresceram quase 50%.
II) Uma potência em águas e petróleo. Segundo os
cientistas, há quinhentos milhões de anos a quantidade de água é praticamente
constante no planeta. 70% da superfície da Terra está coberta de água: 97%,
salgada e apenas 3% de água doce, ou seja, própria para o consumo humano.
Desses 3% de água doce, 2,7% estão nas calotas polares e apenas 0,3% está
disponível para nós (rios, lagos e lençóis subterrâneos). Há bastante água, mas desigualmente
distribuída: 60% se encontra em apenas 9 países, enquanto 80 outros enfrentam
escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente
enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente e para dois bilhões, não é tratada, o
que gera 85% das doenças.
O Brasil é a potência natural
das águas, com 13% de toda água doce do Planeta perfazendo 5,4 trilhões de
metros cúbicos. Quatro grandes multinacionais disputam os serviços públicos de
saneamento básico no mundo: Ondeo, uma filial da Suez-Lionnaise; Veolia
(ex-Vivendi); Saur e; RWE alemã e sua filial inglesa, a Thames Water.
Os dois maiores aquíferos do mundo estão no Brasil: a -
Aquífero Alter do Chão (Amazonas, Pará e Amapá) - já era conhecido pelos
cientistas, mas não se sabia o volume d’água.
Em abril de 2010, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA)
afirmaram que o aquífero Alter do Chão é o maior aquífero do mundo em volume de
água. Depois das geleiras, a água existente na Amazônia representa um quinto de
toda a água doce do mundo. Os rios e lagos presentes na paisagem amazônica são
apenas uma pequena parcela de toda água potável que há na região. O aquífero
Alter do Chão é duas vezes maior do que o Guarani em volume de água, tendo 86
mil km³ contra 46 mil km³. Afinal de contas, por que vocês acham que os EUA
defendem a “internacionalização da Amazônia”?; b – Aquífero Guarani. Localizado
sob o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o aquífero Guarani é conhecido
internacionalmente como o maior aquífero do mundo, em relação a sua extensão territorial
(mas não em volume de água). Possuindo cerca de 1,2 milhões de km², a maioria
de sua extensão está localizada em território brasileiro, cerca de 840.000 Km².
2/3 de sua área total está distribuída entre os estados de Santa Catarina, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Afinal de contas, por que vocês acham que os EUA falam tanto em “terrorismo na
tríplice fronteira” e que lá “existem células da Al Qaeda” que enviam dinheiro
para sustentar o terrorismo internacional? Por que os EUA financiaram o recente
golpe no Paraguai e instalou duas bases militares naquele país?
Há cerca de 20 anos, quando falávamos do mercado de
petróleo e gás, sabíamos ser dominados pelas chamadas “sete irmãs”, as sete
empresas privadas que mandavam nessas fontes de energia: Royal Dutch Shell
(Shell); Anglo-Persian Oil Company (APOC) que virou British Petroleum Amoco, ou
BP Amoco; Standard Oil of New Jersey (Esso); Exxon, que se fundiu com a Mobil,
atualmente, ExxonMobil; Standard Oil of New York (Socony); Texaco (fundiu-se
com a Chevron, formando a ChevronTexaco e voltou a ser Texado em 2005); Standard
Oil of California (Socal) que depois passou a se chamar Chevron, que incorporou
a Gulf Oil e posteriormente se fundiu com a Texaco; Gulf Oil. Absorvida pela
Chevron, posteriormente ChevronTexaco.
Hoje, o mapa é totalmente diferente. As sete maiores
empresas de petróleo e gás do planeta são estatais: Aramco (Arábia Saudita); Gazprom
(Rússia); CNPC (China); NIOC (Irã); PDVSA (Venezuela); Petrobras (Brasil);
Petronas (Malásia). Ou seja, três participantes do BRICS, duas que não se
alinham com os EUA e apenas duas que estão sob os braços estadunidenses! E isso
causa pavor no sistema. Vejamos o motivo.
De toda a energia produzida no planeta, 20% é usada
pelo setor de transportes, 30% para iluminação (lares, calefação, serviços,
informação, prédios públicos, etc.) e 50% é para a indústria. Mas, de onde vem
toda essa energia? Segundo dados mais recentes, 38% vem do petróleo, 26% do
carvão mineral, 22% gás natural, 7% nuclear e apenas 7% de outras fontes (hídrica,
eólica, solar, etc.).
Deu para entender? A grande disputa é pelas fontes de
energia no planeta e o BRICS se tornou uma “pedra no sapato” do sistema
neoliberal.
A camada pré-sal é um
gigantesco reservatório de petróleo e gás natural, localizado
nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Estas reservas estão localizadas
abaixo da camada de sal (que podem ter até 2 km de espessura). Portanto, se
localizam de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar.
Os técnicos da Petrobras
ainda não conseguiram estimar a quantidade total de petróleo e gás natural contidos
na camada pré-sal. No Campo de Tupi, por exemplo, a estimativa é de que as
reservas são de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.
De 2008 até abril de 2013 a
produção de petróleo e gás natural no pré-sal atingiu 192 milhões de barris. A
exploração ocorre atualmente nas bacias de Santos (litoral do estado de São
Paulo) e Campos (litoral do Rio de Janeiro). De acordo com a Petrobrás, em
abril de 2013, a produção diária estava em torno de 310 mil barris. A empresa
petrolífera informou também que, atualmente, são explorados 19 poços no
pré-sal, através de 7 plataformas.
Em julho de
2015 a produção do pré-sal alcançou a marca de 812,1 mil barris por dia de
petróleo e 30,5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, o que
totaliza pouco mais de um milhão de barris de óleo equivalente (boe) diários.
Afinal de
contas, por que Obama teria reativado a quarta frota da Marinha dos EUA,
responsável pelo Atlântico Sul, depois que o Brasil anunciou a descoberta do
pré-sal?
III) O papel do BRICS e o neoliberalismo. Na situação
descrita acima, há um fator que deve ser tratado em separado, tal a sua
importância na conjuntura atual e o peso que terá nas próximas decisões dos
grandes países. Estamos falando de um grupo econômico chamado de BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul).
Para se ter uma ideia do que representa atualmente o
BRICS, basta anotar os seguintes dados: a) somados, os cinco países representam
3 bilhões de habitantes (mais de 40% da população do planeta); b) 26% da
superfície do planeta e; c) mais de 15% do PIB mundial.
Uma ação independente desses países é uma grande barreira
aos sonhos neoliberais de comandar a economia através de “tratados de livre
comércio” que só servem para facilitar a ação de grandes empresas.
A sigla “BRIC” (Brasil, Rússia, Índia e China) surgiu
em 2001 apenas como um conceito amplo citado por um executivo do banco de
investimentos Goldman Sachs. Apenas em 2011, por sugestão da China, a África do
Sul foi incorporada ao bloco agora conhecido como BRICS. Mas, qual o peso do
BRICS nesse panorama? Vale lembrar que, de acordo com o “ranking” anual de 500
maiores empresas do planeta publicado pela revista Fortune, o quadro está
mudando muito rapidamente. Em 2005, Brasil, China, Índia e Rússia tinham 27
transnacionais com sedes em seus países entre as grandes; na edição de 2015
esses países já aparecem com mais de 100 empresas entre as 500 maiores! Ainda
que nossos jornais e revistas não comentem muito (ou não comentem), uma empresa
chinesa de equipamentos de telecomunicações, a Huawei, é líder mundial em
patentes internacionais. A Petrobras aparece como a quarta maior empresa de
petróleo do mundo e o grupo Tata tornou-se o primeiro conglomerado indiano a
ter uma receita superior a 100 bilhões de dólares anuais. A China é o maior
detentor de reservas de divisas internacionais, chegando a 3,8 bilhões de dólares,
em 2015, e um dos maiores investidores estrangeiros nos EUA! Muitos já conhecem
e destacam o papel do Banco de Desenvolvimento do BRICS, criado para financiar
projetos de desenvolvimento alternativos, mas poucos falam no recém-criado
Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura, que já tem 57 membros,
incluindo Alemanha, Austrália e Inglaterra. O “pequeno” detalhe é que a China
tem 25% dos direitos de voto no banco e a Índia e a Rússia são segundo e
terceiro acionistas!
No ano passado,
os países do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
anunciaram a criação de um banco voltado para o financiamento de projetos de
infraestrutura em países emergentes. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) foi
criado com capital inicial de US$ 50 bilhões – com autorização para chegar até
US$ 100 bilhões – e financiará projetos de infraestrutura também em outras
nações que não façam parte do BRICS.
O fundo dos BRICS terá US$ 100 bilhões. A China ficará responsável por US$ 41 bilhões deste total. Brasil, Índia e Rússia, por US$ 18 bilhões cada, e África do Sul, por US$ 5 bilhões.
O fundo dos BRICS terá US$ 100 bilhões. A China ficará responsável por US$ 41 bilhões deste total. Brasil, Índia e Rússia, por US$ 18 bilhões cada, e África do Sul, por US$ 5 bilhões.
Esses fatos
mostram como foi importante para o Brasil participar dos BRICS, para ter um
contraponto adequado à força do FMI e suas políticas neoliberais. Até o governo
alemão já demonstrou interesse em participar desse NBD!
Um dos pontos poucos discutidos quando se trata do
BRICS é o fato de todos os cinco países terem uma indústria nuclear
desenvolvida. A geração elétrica nuclear faz parte da matriz energética de
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com diferentes graus de
contribuição. Somado, o parque de geração nuclear do BRICS monta a 86 usinas em
operação (2 no Brasil, 34 na Rússia, 27 na China, 21 na Índia e 2 na África do
Sul), o que representa 20% do parque mundial. O grupo também tem 40 usinas em
construção (1 no Brasil, 24 na China, 6 na Índia e 9 na Rússia), o que
representa 60% das futuras usinas a entrarem em operação ao longo dessa década.
Em termos de geração líquida em 2014, o Brasil produziu 15.385 GW.h de
eletricidade nuclear (2,86% do total de geração nacional), a Rússia 169.049
GW.h (18,57%), a Índia 33.232 GW.h (3,53%), a China 130.580 GW.h (2,39%) e a
África do Sul 14.749 GW.h (6,20%). A Rússia é hoje o maior exportador de usinas
nucleares no mundo, com 11 projetos em andamento no exterior. A China deverá
tornar-se também importante ator nesse mercado, antes dominado pelos EUA e
Europa. Em termos recursos de urânio, os BRICS somam 22,72% do total global
(Brasil 3,62%, Rússia 9,03%, Índia 1,57%, China 2,61% e África do Sul 5,9%).
Mas é importante dizer que o Brasil teve apenas 1/3 de seu território já
pesquisado até 2015! As características geológicas do País, cujas áreas de
formação pré-cambriana, propícias à ocorrência de urânio, terem extensão quase
idêntica às mesmas áreas na Austrália, país que detêm a maior reserva (24% dos
recursos RAR e inferidos globais), fazem crer que um esforço de pesquisa
nacional poderia alterar em muito o quadro atual. A China também tem
significativa parte de seu território ainda sem prospecção adequada e está
fazendo esforços nesse sentido. Os BRICS, portanto, são um grupo de países
nuclearmente desenvolvidos.
Por tudo isso, certamente o Brasil está no “olho do
furacão” é tornou-se um alvo para Washington. O governo do PT, hoje na figura
de Dilma Rousseff, precisa ser derrotado. Seu papel na América Latina e no
mundo precisa ser parado, antes que o neoliberalismo perca mais espaços e
comece a contar seus dias!
• Um balanço do 25
de outubro.
No último domingo, a América Latina passou por um importante processo,
comentado por nós no último Informativo. Mas quais os resultados das eleições?
O que podem apontar para nossas análises futuras?
I) A questão da Argentina. Foram 32 milhões de argentinos mobilizados para as
eleições de domingo. Junto com o primeiro turno da eleição presidencial, os
eleitores renovaram com seus votos 130 das 257 cadeiras da Câmara dos
Deputados, 24 das 72 do Senado e 43 do Parlamento do Mercosul. Concorriam seis
candidatos saídos das PASO (primárias abertas simultâneas e obrigatórias),
realizadas em 9 de agosto. Essa eleição primária serve para reduzir um universo
maior de candidatos, reflexo de um sistema partidário crescentemente fragmentado.
Dos seis candidatos que superaram as primárias, três
concentraram 92% dos votos válidos.
O vitorioso nesse primeiro turno foi o candidato da
situação, apoiado por Cristina Fernández, Daniel Scioli (que teve 36,6% dos
votos). Do outro lado, em segundo lugar, ficou o candidato da direita, Mauricio
Macri (com pouco mais de 34,5% dos votos). O terceiro grupo mais votado foi a
Frente Renovadora, do peronista dissidente Sergio Massa, ex-chefe de Gabinete
de Cristina Kirchner, cujos 21,1% de votos serão decisivos para o segundo
turno.
Os votos dados à Massa determinaram, pela primeira vez
na história da Argentina, a realização de um segundo turno presidencial e,
certamente, serão determinantes para o dia 22 de novembro.
II) O que aconteceu na Colômbia? Os resultados das
urnas mostram, mais uma vez, que na Colômbia manda quem tem dinheiro e poder. A
cada dia, fica mais claro que as forças alternativas, as organizações populares,
dificilmente poderão fazer política e resistir ao poder montado no país por
Washington. As duas grandes correntes continuam dando as cartas: santistas e
uribistas, ambas de direita e ambas comprometidas com o projeto neoliberal.
Não se sabe ao certo quanto dinheiro correu para
garantir a vitória da direita. Mas as evidências apontam para uma enorme
corrupção e compra de votos em Bogotá, Barranquilla, Cali e outras cidades
colombianas. O poder do dinheiro compra consciências e faz investimentos
milionários em publicidade na imprensa local, sem qualquer tipo de censura ou
regra.
A direita conseguiu tomar a prefeitura de Bogotá, uma
das únicas trincheiras da esquerda e da resistência ao projeto neoliberal.
Enrique Peñalosa, está de volta ao poder na capital colombiana com um discurso
de “vamos fazer um governo sem política”, exemplo claro da crise institucional
e do discurso neoliberal de que não devemos nos intrometer com a política!
III) Total confusão na Guatemala! A Guatemala, como
noticiamos no Informativo anterior, passou por um processo eleitoral
completamente confuso. Depois da derrubada do presidente Pérez Molina, o processo
eleitoral guatemalteco ficou complicado. O discurso contra a corrupção, motivo
da queda do presidente anterior, tomou conta do cenário e até a sua esposa,
lançada candidata pelo partido de Molina, assumiu a “luta contra a corrupção”.
Mas foi fragorosamente derrotada por um comediante
evangélico, Jimmy Morales.
Isso mesmo! Você não está lendo errado, o novo
presidente eleito da Guatemala é um comediante, apresentador de TV e
evangélico.
Morales, de 46 anos, da Frente de Convergência
Nacional, foi eleito presidente com 67,43% dos votos. Sua rival, a
ex-primeira-dama Sandra Torres, da Unidade Nacional da Esperança (UNE), obteve
32,57% dos votos. A diferença de votos entre eles foi de 1.421.658.
Segundo os dados atualizados do Supremo Tribunal
Eleitoral, publicados em seu portal, dos mais de 7,5 milhões de guatemaltecos
chamados às urnas, no domingo, 4.253.417 votaram, o que significa uma participação
de 56,29% e uma taxa de abstenção de 43,71%.
Curiosamente, entre os principais apoiadores e
financiadores da campanha de Jimmy Morales estão ex-militares golpistas
empresários e donos dos grandes monopólios de informação no país.
IV) Haiti: ninguém sabe o resultado. A apuração dos
votos no Haiti teve início na tarde de segunda-feira (26), mas ninguém sabe
quando vai ser divulgado o resultado oficial. O Conselho Eleitoral Provisório
do Haiti começou a contagem dos votos das eleições presidenciais, legislativas
e municipais, mas ainda não há previsão de divulgação do resultado. Cerca de
5,8 milhões de haitianos foram às urnas para escolher presidente, 119
deputados, 20 senadores e 142 prefeitos. Os eleitores tiveram de escolher entre
54 candidatos à Presidência.
• A maior derrota dos EUA! O dia 27 de outubro de 2015 vai ficar marcado na história como a maior
e mais impressionante derrota dos EUA. Por 191 votos a 2, a ONU condenou, mais
uma vez, o bloqueio de Washington contra Cuba.
Depois de ouvir numerosos oradores, que descreveram
como os cubanos estão sobrevivendo com muito sacrifício e enfrentando o
bloqueio imposto pelos EUA, a Assembleia Geral da Organização votou, mais uma
vez sobre a suspensão do bloqueio. Das 193 nações que participam da ONU, com
direito a voto, 191 votaram pelo imediato fim do bloqueio. Apenas dois votos
pela manutenção: EUA e Israel, como seria de esperar!
• Mentiras sobre
“recuperação” espanhola. Tentando retomar a credibilidade internacional, o
governo espanhol anda espalhando notícias sobre uma “recuperação econômica” que
estaria em curso no país, mas a realidade é bem diferente da que o governo de
Mariano Rajoy divulga por aí.
Uma instituição britânica que
tem como principal tarefa estudar a situação econômica na União Europeia, o “Centre for European Reform”, acaba de divulgar em sua
página na internet que “as perspectivas econômicas na Espanha são nebulosas,
contrariamente ao que pensa a opinião pública”. Há poucas evidências de que a
Espanha está voltando a crescer, como afirma o governo.
Os números são cruéis. Ainda que a Espanha cresça 3% em
2015 e 2,5% em 2016, como propagandeia o governo, não serão recuperados os
níveis anteriores à crise, diz o documento. E o desemprego também vai continuar
elevado por mais alguns anos, sem perspectivas de melhora.
• Catalunha inicia processo de independência! A coligação independentista, formada pelo Junts pel Sí
(Juntos pelo Sim) e pela CUP (Candidatura Unidade Popular), aprovou no
Parlamento da Catalunha, na terça-feira (27/10), um documento que dará início
ao processo de independência da comunidade autônoma. O texto ainda precisa
passar por nova votação.
O presidente de governo da Espanha, Mariano Rajoy, veio
a público condenar a iniciativa que, segundo ele, é “inconstitucional”.
O documento possui nove pontos e, para a coalizão - que
possui maioria no parlamento regional -, representa “um ato de obediência ao
povo da Catalunha”. Entre os pontos estão a declaração do início do processo de
criação do Estado catalão, a rejeição de qualquer decisão judicial que vise
suspender o processo e a deslegitimação do Tribunal Constitucional espanhol.
Fontes anônimas do El País passaram ao jornal que o
governo espanhol também considera suspender totalmente a autonomia catalã.
Em 2014, a população da província havia votado a favor
da independência em plebiscito. O referendo foi considerado ilegal e o atual
presidente da Catalunha, Artur Mas - um dos líderes do Junts pel Sí -, pode ser
impugnado por sua promoção.
• Síria (1). O
exército sírio está retomando o controle do país e os terroristas armados por
Washington vão de derrota em derrota. Na província de Hama, a 209 quilômetros a
noroeste da capital (Damasco), os soldados sírios atacaram um acampamento da
autoproclamada “Agrupação das Brigadas e al-Ezza”, causando uma grande
quantidade de baixas, incluindo o chefe do bando, Ahmad Bilal.
Aviões da Força Aérea síria bombardearam objetivos dos
terroristas nas zonas de Arefeh, al-Latamneh e Latmin,
destruindo armas e munições. Bandos vinculados à Frene al-Nusra, um braço
armado da al-Qaeda na Síria, foram atacados nos arredores dos povoados de
al-Ameriye, Ein Hassan, al-Jaboubi e Talbiseh, com grandes perdas para os
terroristas.
• Síria (2). “Isto é
uma guerra de rapina comandada pela OTAN”, afirma um jornalista sírio. Miguel
Fernández Martínez, jornalista da Agencia Informativa Latinoamericana Prensa
Latina está na Síria, como correspondente e envia a sua visão do que está
acontecendo. “A Síria vive um inferno, e a crise continuará enquanto houver
países dispostos a financiar o terrorismo. O Ocidente tenta destruir o governo
sírio para criar pequenos estados fracos a fim de garantir a segurança de
Israel”.
“Não estamos lutando somente contra grupos terroristas
dentro da Síria, mas também contra grupos terroristas que procedem de todas as
partes do mundo, com o apoio dos mais ricos e os mais poderosos países. A
Turquia, que tem estreitas relações com o Ocidente, abastece de armas, dinheiro
e voluntários tanto à Frente al-Nusra como ao Estado Islâmico” afirmou o
presidente sírio, Bashar al-Assad em uma entrevista ao canal de TV russo, RT.
O jornalista Miguel Fernández dá um quadro da situação
ao escrever que, segundo a UNICEF, há 5,6 milhões de crianças sírias que sofrem
com pobreza extrema e estão obrigadas a fugir de seus lares para escapar das
zonas de guerra.
• Uma pergunta pertinente. Falando sobre a declaração do governo Obama de que continuaria apoiando
e fornecendo armas à uma “oposição moderada” em seu país, o embaixador sírio na
ONU, Bashar al-Yafari, fez o seguinte questionamento perante a Assembleia Geral
da organização: “Seria possível existir uma oposição armada ‘moderada’ na
França, no Reino Unido ou nos EUA? Por que os países ocidentais só aceitam a
presença de opositores armados nos países árabes?”
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