segunda-feira, 2 de novembro de 2015

POLÍTICA - Por que o Brasil virou alvo?


20%Fonte: Informativo Semanal 625, organizado por Ernesto Germano. 

 

 


Por que o Brasil virou alvo?


Tenho sido muito cobrado sobre a atual situação brasileira e quais as perspectivas futuras para o Governo diante de tantas ameaças de golpes. Em vários encontros, palestras e debates via internet perguntam-me sobre as alternativas de Dilma Rousseff e qual o futuro do projeto iniciado pelo PT, com Lula, em 2003.

Costumo dizer que a atual conjuntura é muito dinâmica e nenhum de nós tem uma bola de cristal para ler o que vai acontecer, mas que é possível, com algumas informações conhecidas por todos, traçar uma análise da situação atual e, principalmente, entender as razões pelas quais há uma pressão tão grande da direita contra o governo e um pavor generalizado com a perspectiva das eleições em 2018.

Sem me preocupar com a ordem de importância dos fatos, vou tentar listar aqui alguns dos motivos que levam a direita (nacional e internacional) a se preocupar tanto com a continuidade do projeto nacionalista e popular do PT. Vamos tentar lembrar alguns dos fatores que levam a tamanha resistência e tanto ódio por parte de uma elite atrasada, internamente, e, externamente, de um projeto global que está em crise e sente-se atingido ao perder um país com a dimensão política e econômica do Brasil.

I) O papel de liderança na América Latina. Vamos refrescar as lembranças? Em dezembro de 2002, Lula havia sido eleito presidente, mas ainda não havia tomado posse. Ainda assim, demonstrou toda a sua liderança e a sua decisão de mudar os rumos na América Latina. A Venezuela vivia uma aguda crise, montada pela direita que comandou uma greve de 27 dias para derrubar o governo de Hugo Chávez. O país estava sem gasolina e o golpe parecia eminente. Lula, ainda não empossado, mandou o petroleiro Amazon Explorer, com 520 mil barris de gasolina, para Puerto de La Cruz, a 220 quilômetros de Caracas. O golpe da direita foi por terra, Hugo Chávez manteve-se no poder e Washington acusou o Brasil de “ingerência nas questões internas da Venezuela”. No dia 02 de janeiro de 2003, já empossado, Lula recebe Chávez em audiência, a sua primeira como presidente da República! Poucos dias mais tarde, no México, o Brasil coordenou e comandou a criação do Grupo de Amigos da Venezuela, um encontro reunindo chefes de Estado de vários países para encontrar uma saída para a crise venezuelana.

Desde então, o Brasil assumiu a liderança de um bloco na América Latina buscando afastar-se dos países do norte, muito rico, e criando uma relação sul-sul, entre países chamados “em desenvolvimento”. Lula, Néstor Kirchner e Hugo Chávez comandaram uma virada importante. Na esteira dessa mudança, vieram grandes avanços e um rompimento com o projeto neoliberal na região. Evo Morales (Bolívia), “Pepe” Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai, derrubado por um golpe de direita), Daniel Ortega (Nicarágua) são alguns exemplos dessa reviravolta que tanto incomoda aos EUA.

Em 2014, em Brasília, o encontro do BRICS aprovou a criação de um Banco de Desenvolvimento e um Fundo de Reservas onde a América Latina terá participação privilegiada. O sonho de Washington era criar a ALCA, mas o projeto foi destruído completamente e, como resposta, a América Latina criou a ALBA e outros instrumentos completamente independentes dos EUA. Para irritar ainda mais, há a construção do Canal da Nicarágua, com apoio da China, deixando o Canal do Panamá em segundo plano. Politicamente, o crescimento e consolidação da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), reduziu a importância da OEA e retirou a região do domínio estadunidense. Também devemos considerar o crescimento e o reconhecimento internacional da UNASUL (União de Nações SulAmericanas) que, ainda em 2015, estará criando um organismo para julgar conflitos de investimentos estrangeiros na região. Tudo isso demonstra que as relações comerciais da América Latina são cada vez mais diversificadas, menos dependentes dos EUA e dos países ―centrais. O comércio Sul-Sul é cada vez mais importante na economia mundial (era de 6%, em 1985, e já tinha chegado a 24%, em 2010). Vale destacar que o comércio Norte-Norte despencou 38% no mesmo período e os investimentos estrangeiros diretos, Sul-Sul cresceram quase 50%.

II) Uma potência em águas e petróleo. Segundo os cientistas, há quinhentos milhões de anos a quantidade de água é praticamente constante no planeta. 70% da superfície da Terra está coberta de água: 97%, salgada e apenas 3% de água doce, ou seja, própria para o consumo humano. Desses 3% de água doce, 2,7% estão nas calotas polares e apenas 0,3% está disponível para nós (rios, lagos e lençóis subterrâneos). Há bastante água, mas desigualmente distribuída: 60% se encontra em apenas 9 países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente e para dois bilhões, não é tratada, o que gera 85% das doenças.

O Brasil é a potência natural das águas, com 13% de toda água doce do Planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Quatro grandes multinacionais disputam os serviços públicos de saneamento básico no mundo: Ondeo, uma filial da Suez-Lionnaise; Veolia (ex-Vivendi); Saur e; RWE alemã e sua filial inglesa, a Thames Water.

Os dois maiores aquíferos do mundo estão no Brasil: a - Aquífero Alter do Chão (Amazonas, Pará e Amapá) - já era conhecido pelos cientistas, mas não se sabia o volume d’água.  Em abril de 2010, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) afirmaram que o aquífero Alter do Chão é o maior aquífero do mundo em volume de água. Depois das geleiras, a água existente na Amazônia representa um quinto de toda a água doce do mundo. Os rios e lagos presentes na paisagem amazônica são apenas uma pequena parcela de toda água potável que há na região. O aquífero Alter do Chão é duas vezes maior do que o Guarani em volume de água, tendo 86 mil km³ contra 46 mil km³. Afinal de contas, por que vocês acham que os EUA defendem a “internacionalização da Amazônia”?; b – Aquífero Guarani. Localizado sob o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o aquífero Guarani é conhecido internacionalmente como o maior aquífero do mundo, em relação a sua extensão territorial (mas não em volume de água). Possuindo cerca de 1,2 milhões de km², a maioria de sua extensão está localizada em território brasileiro, cerca de 840.000 Km². 2/3 de sua área total está distribuída entre os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Afinal de contas, por que vocês acham que os EUA falam tanto em “terrorismo na tríplice fronteira” e que lá “existem células da Al Qaeda” que enviam dinheiro para sustentar o terrorismo internacional? Por que os EUA financiaram o recente golpe no Paraguai e instalou duas bases militares naquele país?

Há cerca de 20 anos, quando falávamos do mercado de petróleo e gás, sabíamos ser dominados pelas chamadas “sete irmãs”, as sete empresas privadas que mandavam nessas fontes de energia: Royal Dutch Shell (Shell); Anglo-Persian Oil Company (APOC) que virou British Petroleum Amoco, ou BP Amoco; Standard Oil of New Jersey (Esso); Exxon, que se fundiu com a Mobil, atualmente, ExxonMobil; Standard Oil of New York (Socony); Texaco (fundiu-se com a Chevron, formando a ChevronTexaco e voltou a ser Texado em 2005); Standard Oil of California (Socal) que depois passou a se chamar Chevron, que incorporou a Gulf Oil e posteriormente se fundiu com a Texaco; Gulf Oil. Absorvida pela Chevron, posteriormente ChevronTexaco.

Hoje, o mapa é totalmente diferente. As sete maiores empresas de petróleo e gás do planeta são estatais: Aramco (Arábia Saudita); Gazprom (Rússia); CNPC (China); NIOC (Irã); PDVSA (Venezuela); Petrobras (Brasil); Petronas (Malásia). Ou seja, três participantes do BRICS, duas que não se alinham com os EUA e apenas duas que estão sob os braços estadunidenses! E isso causa pavor no sistema. Vejamos o motivo.

De toda a energia produzida no planeta, 20% é usada pelo setor de transportes, 30% para iluminação (lares, calefação, serviços, informação, prédios públicos, etc.) e 50% é para a indústria. Mas, de onde vem toda essa energia? Segundo dados mais recentes, 38% vem do petróleo, 26% do carvão mineral, 22% gás natural, 7% nuclear e apenas 7% de outras fontes (hídrica, eólica, solar, etc.).

Deu para entender? A grande disputa é pelas fontes de energia no planeta e o BRICS se tornou uma “pedra no sapato” do sistema neoliberal.

A camada pré-sal é um gigantesco reservatório de petróleo e gás natural, localizado nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Estas reservas estão localizadas abaixo da camada de sal (que podem ter até 2 km de espessura). Portanto, se localizam de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar.

Os técnicos da Petrobras ainda não conseguiram estimar a quantidade total de petróleo e gás natural contidos na camada pré-sal. No Campo de Tupi, por exemplo, a estimativa é de que as reservas são de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.

De 2008 até abril de 2013 a produção de petróleo e gás natural no pré-sal atingiu 192 milhões de barris. A exploração ocorre atualmente nas bacias de Santos (litoral do estado de São Paulo) e Campos (litoral do Rio de Janeiro). De acordo com a Petrobrás, em abril de 2013, a produção diária estava em torno de 310 mil barris. A empresa petrolífera informou também que, atualmente, são explorados 19 poços no pré-sal, através de 7 plataformas.

Em julho de 2015 a produção do pré-sal alcançou a marca de 812,1 mil barris por dia de petróleo e 30,5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, o que totaliza pouco mais de um milhão de barris de óleo equivalente (boe) diários.

Afinal de contas, por que Obama teria reativado a quarta frota da Marinha dos EUA, responsável pelo Atlântico Sul, depois que o Brasil anunciou a descoberta do pré-sal?

III) O papel do BRICS e o neoliberalismo. Na situação descrita acima, há um fator que deve ser tratado em separado, tal a sua importância na conjuntura atual e o peso que terá nas próximas decisões dos grandes países. Estamos falando de um grupo econômico chamado de BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Para se ter uma ideia do que representa atualmente o BRICS, basta anotar os seguintes dados: a) somados, os cinco países representam 3 bilhões de habitantes (mais de 40% da população do planeta); b) 26% da superfície do planeta e; c) mais de 15% do PIB mundial.

Uma ação independente desses países é uma grande barreira aos sonhos neoliberais de comandar a economia através de “tratados de livre comércio” que só servem para facilitar a ação de grandes empresas.

A sigla “BRIC” (Brasil, Rússia, Índia e China) surgiu em 2001 apenas como um conceito amplo citado por um executivo do banco de investimentos Goldman Sachs. Apenas em 2011, por sugestão da China, a África do Sul foi incorporada ao bloco agora conhecido como BRICS. Mas, qual o peso do BRICS nesse panorama? Vale lembrar que, de acordo com o “ranking” anual de 500 maiores empresas do planeta publicado pela revista Fortune, o quadro está mudando muito rapidamente. Em 2005, Brasil, China, Índia e Rússia tinham 27 transnacionais com sedes em seus países entre as grandes; na edição de 2015 esses países já aparecem com mais de 100 empresas entre as 500 maiores! Ainda que nossos jornais e revistas não comentem muito (ou não comentem), uma empresa chinesa de equipamentos de telecomunicações, a Huawei, é líder mundial em patentes internacionais. A Petrobras aparece como a quarta maior empresa de petróleo do mundo e o grupo Tata tornou-se o primeiro conglomerado indiano a ter uma receita superior a 100 bilhões de dólares anuais. A China é o maior detentor de reservas de divisas internacionais, chegando a 3,8 bilhões de dólares, em 2015, e um dos maiores investidores estrangeiros nos EUA! Muitos já conhecem e destacam o papel do Banco de Desenvolvimento do BRICS, criado para financiar projetos de desenvolvimento alternativos, mas poucos falam no recém-criado Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura, que já tem 57 membros, incluindo Alemanha, Austrália e Inglaterra. O “pequeno” detalhe é que a China tem 25% dos direitos de voto no banco e a Índia e a Rússia são segundo e terceiro acionistas!

No ano passado, os países do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) anunciaram a criação de um banco voltado para o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) foi criado com capital inicial de US$ 50 bilhões – com autorização para chegar até US$ 100 bilhões – e financiará projetos de infraestrutura também em outras nações que não façam parte do BRICS.
O fundo dos BRICS terá US$ 100 bilhões. A China ficará responsável por US$ 41 bilhões deste total. Brasil, Índia e Rússia, por US$ 18 bilhões cada, e África do Sul, por US$ 5 bilhões.

Esses fatos mostram como foi importante para o Brasil participar dos BRICS, para ter um contraponto adequado à força do FMI e suas políticas neoliberais. Até o governo alemão já demonstrou interesse em participar desse NBD!

Um dos pontos poucos discutidos quando se trata do BRICS é o fato de todos os cinco países terem uma indústria nuclear desenvolvida. A geração elétrica nuclear faz parte da matriz energética de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com diferentes graus de contribuição. Somado, o parque de geração nuclear do BRICS monta a 86 usinas em operação (2 no Brasil, 34 na Rússia, 27 na China, 21 na Índia e 2 na África do Sul), o que representa 20% do parque mundial. O grupo também tem 40 usinas em construção (1 no Brasil, 24 na China, 6 na Índia e 9 na Rússia), o que representa 60% das futuras usinas a entrarem em operação ao longo dessa década. Em termos de geração líquida em 2014, o Brasil produziu 15.385 GW.h de eletricidade nuclear (2,86% do total de geração nacional), a Rússia 169.049 GW.h (18,57%), a Índia 33.232 GW.h (3,53%), a China 130.580 GW.h (2,39%) e a África do Sul 14.749 GW.h (6,20%). A Rússia é hoje o maior exportador de usinas nucleares no mundo, com 11 projetos em andamento no exterior. A China deverá tornar-se também importante ator nesse mercado, antes dominado pelos EUA e Europa. Em termos recursos de urânio, os BRICS somam 22,72% do total global (Brasil 3,62%, Rússia 9,03%, Índia 1,57%, China 2,61% e África do Sul 5,9%). Mas é importante dizer que o Brasil teve apenas 1/3 de seu território já pesquisado até 2015! As características geológicas do País, cujas áreas de formação pré-cambriana, propícias à ocorrência de urânio, terem extensão quase idêntica às mesmas áreas na Austrália, país que detêm a maior reserva (24% dos recursos RAR e inferidos globais), fazem crer que um esforço de pesquisa nacional poderia alterar em muito o quadro atual. A China também tem significativa parte de seu território ainda sem prospecção adequada e está fazendo esforços nesse sentido. Os BRICS, portanto, são um grupo de países nuclearmente desenvolvidos.

Por tudo isso, certamente o Brasil está no “olho do furacão” é tornou-se um alvo para Washington. O governo do PT, hoje na figura de Dilma Rousseff, precisa ser derrotado. Seu papel na América Latina e no mundo precisa ser parado, antes que o neoliberalismo perca mais espaços e comece a contar seus dias!

Um balanço do 25 de outubro. No último domingo, a América Latina passou por um importante processo, comentado por nós no último Informativo. Mas quais os resultados das eleições? O que podem apontar para nossas análises futuras?

I) A questão da Argentina. Foram 32 milhões de argentinos mobilizados para as eleições de domingo. Junto com o primeiro turno da eleição presidencial, os eleitores renovaram com seus votos 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, 24 das 72 do Senado e 43 do Parlamento do Mercosul. Concorriam seis candidatos saídos das PASO (primárias abertas simultâneas e obrigatórias), realizadas em 9 de agosto. Essa eleição primária serve para reduzir um universo maior de candidatos, reflexo de um sistema partidário crescentemente fragmentado.

Dos seis candidatos que superaram as primárias, três concentraram 92% dos votos válidos.

O vitorioso nesse primeiro turno foi o candidato da situação, apoiado por Cristina Fernández, Daniel Scioli (que teve 36,6% dos votos). Do outro lado, em segundo lugar, ficou o candidato da direita, Mauricio Macri (com pouco mais de 34,5% dos votos). O terceiro grupo mais votado foi a Frente Renovadora, do peronista dissidente Sergio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, cujos 21,1% de votos serão decisivos para o segundo turno.

Os votos dados à Massa determinaram, pela primeira vez na história da Argentina, a realização de um segundo turno presidencial e, certamente, serão determinantes para o dia 22 de novembro.

II) O que aconteceu na Colômbia? Os resultados das urnas mostram, mais uma vez, que na Colômbia manda quem tem dinheiro e poder. A cada dia, fica mais claro que as forças alternativas, as organizações populares, dificilmente poderão fazer política e resistir ao poder montado no país por Washington. As duas grandes correntes continuam dando as cartas: santistas e uribistas, ambas de direita e ambas comprometidas com o projeto neoliberal.

Não se sabe ao certo quanto dinheiro correu para garantir a vitória da direita. Mas as evidências apontam para uma enorme corrupção e compra de votos em Bogotá, Barranquilla, Cali e outras cidades colombianas. O poder do dinheiro compra consciências e faz investimentos milionários em publicidade na imprensa local, sem qualquer tipo de censura ou regra.

A direita conseguiu tomar a prefeitura de Bogotá, uma das únicas trincheiras da esquerda e da resistência ao projeto neoliberal. Enrique Peñalosa, está de volta ao poder na capital colombiana com um discurso de “vamos fazer um governo sem política”, exemplo claro da crise institucional e do discurso neoliberal de que não devemos nos intrometer com a política!

III) Total confusão na Guatemala! A Guatemala, como noticiamos no Informativo anterior, passou por um processo eleitoral completamente confuso. Depois da derrubada do presidente Pérez Molina, o processo eleitoral guatemalteco ficou complicado. O discurso contra a corrupção, motivo da queda do presidente anterior, tomou conta do cenário e até a sua esposa, lançada candidata pelo partido de Molina, assumiu a “luta contra a corrupção”. Mas foi fragorosamente derrotada por um comediante evangélico, Jimmy Morales.

Isso mesmo! Você não está lendo errado, o novo presidente eleito da Guatemala é um comediante, apresentador de TV e evangélico.

Morales, de 46 anos, da Frente de Convergência Nacional, foi eleito presidente com 67,43% dos votos. Sua rival, a ex-primeira-dama Sandra Torres, da Unidade Nacional da Esperança (UNE), obteve 32,57% dos votos. A diferença de votos entre eles foi de 1.421.658.

Segundo os dados atualizados do Supremo Tribunal Eleitoral, publicados em seu portal, dos mais de 7,5 milhões de guatemaltecos chamados às urnas, no domingo, 4.253.417 votaram, o que significa uma participação de 56,29% e uma taxa de abstenção de 43,71%.

Curiosamente, entre os principais apoiadores e financiadores da campanha de Jimmy Morales estão ex-militares golpistas empresários e donos dos grandes monopólios de informação no país.

IV) Haiti: ninguém sabe o resultado. A apuração dos votos no Haiti teve início na tarde de segunda-feira (26), mas ninguém sabe quando vai ser divulgado o resultado oficial. O Conselho Eleitoral Provisório do Haiti começou a contagem dos votos das eleições presidenciais, legislativas e municipais, mas ainda não há previsão de divulgação do resultado. Cerca de 5,8 milhões de haitianos foram às urnas para escolher presidente, 119 deputados, 20 senadores e 142 prefeitos. Os eleitores tiveram de escolher entre 54 candidatos à Presidência.

A maior derrota dos EUA! O dia 27 de outubro de 2015 vai ficar marcado na história como a maior e mais impressionante derrota dos EUA. Por 191 votos a 2, a ONU condenou, mais uma vez, o bloqueio de Washington contra Cuba.

Depois de ouvir numerosos oradores, que descreveram como os cubanos estão sobrevivendo com muito sacrifício e enfrentando o bloqueio imposto pelos EUA, a Assembleia Geral da Organização votou, mais uma vez sobre a suspensão do bloqueio. Das 193 nações que participam da ONU, com direito a voto, 191 votaram pelo imediato fim do bloqueio. Apenas dois votos pela manutenção: EUA e Israel, como seria de esperar!

Mentiras sobre “recuperação” espanhola. Tentando retomar a credibilidade internacional, o governo espanhol anda espalhando notícias sobre uma “recuperação econômica” que estaria em curso no país, mas a realidade é bem diferente da que o governo de Mariano Rajoy divulga por aí.

Uma instituição britânica que tem como principal tarefa estudar a situação econômica na União Europeia, o “Centre for European Reform”, acaba de divulgar em sua página na internet que “as perspectivas econômicas na Espanha são nebulosas, contrariamente ao que pensa a opinião pública”. Há poucas evidências de que a Espanha está voltando a crescer, como afirma o governo.

Os números são cruéis. Ainda que a Espanha cresça 3% em 2015 e 2,5% em 2016, como propagandeia o governo, não serão recuperados os níveis anteriores à crise, diz o documento. E o desemprego também vai continuar elevado por mais alguns anos, sem perspectivas de melhora.

Catalunha inicia processo de independência! A coligação independentista, formada pelo Junts pel Sí (Juntos pelo Sim) e pela CUP (Candidatura Unidade Popular), aprovou no Parlamento da Catalunha, na terça-feira (27/10), um documento que dará início ao processo de independência da comunidade autônoma. O texto ainda precisa passar por nova votação.

O presidente de governo da Espanha, Mariano Rajoy, veio a público condenar a iniciativa que, segundo ele, é “inconstitucional”.

O documento possui nove pontos e, para a coalizão - que possui maioria no parlamento regional -, representa “um ato de obediência ao povo da Catalunha”. Entre os pontos estão a declaração do início do processo de criação do Estado catalão, a rejeição de qualquer decisão judicial que vise suspender o processo e a deslegitimação do Tribunal Constitucional espanhol.

Fontes anônimas do El País passaram ao jornal que o governo espanhol também considera suspender totalmente a autonomia catalã.

Em 2014, a população da província havia votado a favor da independência em plebiscito. O referendo foi considerado ilegal e o atual presidente da Catalunha, Artur Mas - um dos líderes do Junts pel Sí -, pode ser impugnado por sua promoção.

Síria (1). O exército sírio está retomando o controle do país e os terroristas armados por Washington vão de derrota em derrota. Na província de Hama, a 209 quilômetros a noroeste da capital (Damasco), os soldados sírios atacaram um acampamento da autoproclamada “Agrupação das Brigadas e al-Ezza”, causando uma grande quantidade de baixas, incluindo o chefe do bando, Ahmad Bilal.

Aviões da Força Aérea síria bombardearam objetivos dos terroristas nas zonas de Arefeh, al-Latamneh e Latmin, destruindo armas e munições. Bandos vinculados à Frene al-Nusra, um braço armado da al-Qaeda na Síria, foram atacados nos arredores dos povoados de al-Ameriye, Ein Hassan, al-Jaboubi e Talbiseh, com grandes perdas para os terroristas.

Síria (2). “Isto é uma guerra de rapina comandada pela OTAN”, afirma um jornalista sírio. Miguel Fernández Martínez, jornalista da Agencia Informativa Latinoamericana Prensa Latina está na Síria, como correspondente e envia a sua visão do que está acontecendo. “A Síria vive um inferno, e a crise continuará enquanto houver países dispostos a financiar o terrorismo. O Ocidente tenta destruir o governo sírio para criar pequenos estados fracos a fim de garantir a segurança de Israel”.

“Não estamos lutando somente contra grupos terroristas dentro da Síria, mas também contra grupos terroristas que procedem de todas as partes do mundo, com o apoio dos mais ricos e os mais poderosos países. A Turquia, que tem estreitas relações com o Ocidente, abastece de armas, dinheiro e voluntários tanto à Frente al-Nusra como ao Estado Islâmico” afirmou o presidente sírio, Bashar al-Assad em uma entrevista ao canal de TV russo, RT.

O jornalista Miguel Fernández dá um quadro da situação ao escrever que, segundo a UNICEF, há 5,6 milhões de crianças sírias que sofrem com pobreza extrema e estão obrigadas a fugir de seus lares para escapar das zonas de guerra.

Uma pergunta pertinente. Falando sobre a declaração do governo Obama de que continuaria apoiando e fornecendo armas à uma “oposição moderada” em seu país, o embaixador sírio na ONU, Bashar al-Yafari, fez o seguinte questionamento perante a Assembleia Geral da organização: “Seria possível existir uma oposição armada ‘moderada’ na França, no Reino Unido ou nos EUA? Por que os países ocidentais só aceitam a presença de opositores armados nos países árabes?”

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