Jornal Nacional acusa Lula por obstrução da Justiça por 4 minutos. E dá 10 segundos para sua resposta
O Jornal Nacional divulgou hoje o que seria o “vazamento” da denúncia da Procuradoria Geral da Justiça contra Lula motivado pela delação premiada de Delcídio do Amaral.
Todo o que se tem contra ele, de concreto, é ter se reunido com Delcídio, que à época era líder do Governo no Senado.
Curioso é que Delcídio disse, na gravação, ter conversado com ministros do Supremo, mas não com Lula.Mas depois de pego, disse que era mentira e estava falando apenas para impressionar. Falar de Lula não impressionaria.
De toda forma, na matéria do Jornal Nacional, de quatro minutos, foram dados 10 segundos de defesa a Lula, que tinha fornecido uma detalhada nota ao noticioso, da qual menos de um parágrafo foi pinçado.
É a democracia da Globo.
Veja a íntegra da nota de Lula, embora notas, a esta altura, pouco adiantem.
Íntegra da resposta não lida pelo Jornal Nacional
O ex-presidente Lula já esclareceu em
depoimento prestado à Procuradoria Geral da República, em 7 de abril,
que jamais conversou com o ex-senador Delcídio do Amaral ou qualquer
outra pessoa, objetivando interferir na conduta do condenado Nestor
Cerveró ou em qualquer outro assunto relativo à operação Lava Jato.
O acordo de delação premiada
negociado entre o Ministério Público Federal e Delcídio do Amaral com a
finalidade de permitir que este último saísse da prisão e tivesse as
penas abrandadas não tem o poder de alterar essa realidade. Primeiro,
porque delação premiada não é meio de prova, mas “meio de obtenção de
prova”, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal (IQ 4.130-QO).
Segundo, porque a narrativa apresentada por Delcídio como parte desse
acordo em relação a Lula é mentirosa e incompatível com afirmações
anteriores, emitidas de forma espontânea. Exemplo disso é a gravação
feita por Bernardo Cerveró, divulgada pela imprensa, em que Delcídio não
menciona qualquer atuação do ex-Presidente em relação a Nestor Cerveró
ou à Lava Jato.
Os depoimentos prestados por Nestor
Cerveró nos processos da Lava Jato deixam claro que quem de fato tinha
temor das revelações era Delcídio, pois a ele vieram ser imputadas
graves acusações.
O procurador geral da República
também fez referência a chamadas telefônicas entre um número atribuído
a José Carlos Bumlai e a outro que seria utilizado por Lula. No entanto,
os extratos anexados na peça processual revelam apenas a existência de
chamadas entre dois terminais. Não permitem concluir que as pessoas
referidas efetivamente conversaram e muito menos saber o assunto
tratado.
Também é citado um e-mail do
Instituto Lula no qual é citada uma reunião agendada entre o
ex-presidente e Delcídio do Amaral. O documento apenas demonstra que
Delcídio pediu uma reunião com Lula e nada mais. Lula já esclareceu em
depoimento que seus contatos se restringiam à função de Delcídio como
líder do governo.
O ex-presidente tem a sua vida
investigada há 40 anos e já foi submetido a condução coercitiva que o
privou da liberdade sem previsão legal, além de ter sofrido reprovável
devassa em sua vida, na de seus familiares e até mesmo na relação com
seus advogados. Nem mesmo esse abuso de autoridade permitiu a
identificação de qualquer elemento que pudesse indicar a prática de um
ato ilícito, porque Lula sempre agiu dentro da lei antes, durante e
depois de exercer dois mandatos como presidente da República.
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