Do Sul ao Rio: Dilma no caminho de Brizola
O Rio é o tambor do Brasil
Ator Vincent Cassel na Madeleine, em Paris, no show do Caetano
A carreira política de Dilma Rousseff tinha um ponto fraco: ela não morou no Rio nem em São Paulo.
Nasceu em Belo Horizonte, passou anos
na cadeia, foi direto para Porto Alegre onde se tornou brizolista e de
lá para Brasília, já como petista.
Ela não viveu, não foi ao supermercado,
ao boteco, ao cabeleireiro, tomou caipirinha em cidades que contêm o
Brasil e dali fazem o barulho que o Brasil ouve.
Dizem que Brizola chamou o Rio de "tambor do Brasil".
Não terá sido Vargas quem disse?
Os dois fizeram esse percurso: do Sul ao Rio.
Há duas cidades assim: São Paulo e Rio.
São Paulo é, porém, uma província à sua moda: ela não pensa o Brasil.
A elite que a controla e a representa quer que o Brasil se lixe.
São Paulo é secessionista desde 1932.
E só não provocou a Secessão
irreversível, porque conseguiu fazer, a partir do JK e dos militares,
com que o Brasil inteiro, mais os nordestinos que os outros, trabalhasse
para São Paulo.
Com subsídios, controle do Banco do Brasil, Ministério da Fazenda e Banco Central, e salários de mão de obra escrava.
E com a Globo!
Porém, o Brasil mudou e o plano estratégico, secreto, da Dilma e do Lula foi levar o Brasil novo para fora de São Paulo.
Com universidades federais, por exemplo, no Recôncavo baiano, no semi-árido nordestino, em Uberaba - uma ideia subversiva!
Essa é uma das causas da crise
brasileira de 2016: a perda relativa de São Paulo - e de sua elite
carcomida, como se dizia na República Velha - diante do Brasil que Lula e
Dilma começaram a construir.
O que a elite de São Paulo tem a oferecer, hoje, é um de seus ilustres representantes: o Golpisto.
E seus açougueiros do neolibelismo do Itaúúúúú.
E seu chanceler entreguista, que vai vender o pré-sal à Chevron.
Todos paulistas irrecuperáveis.
Como o maior dos hipócritas (o que chamou a Dilma de palhaça).
O Rio foi arruinado por JK - que cometeu a insanidade de levar a capital para o meio do deserto de soja - e os militares.
Com ajuda do Almirante Amaral Peixoto, genro de Vargas e sogro do gatinho angorá,
os militares fundiram o Rio com o Estado do Rio e asfixiaram o Rio - a
fusão dobrou os compromissos e reduziu a receita à metade.
A cidade do Rio recebeu um tiro no
peito, quando Sarney, por ordem do Roberto Marinho, decretou, pela mão
de seu ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, a moratória da cidade do
Rio, sob o prefeito Saturnino Braga.
Saturnino pagou o preço de ter
presidido a CPI do Time-Life - provou que Marinho era testa de ferro de
americanos na Rede Globo - e Marinho esperou Sarney para se vingar dele.
A cidade do Rio estava tão quebrada quanto outros 5 mil municípios do Brasil...
Mas, a lei dos royalties do petróleo -
do janguista e brizolista Baby Bocaiuva -, a ressurreição da indústria
naval - promovida por Lula - e a montanha de dinheiro que o Lula e a
Dilma jogaram na cidade - tudo isso levou sangue puro às veias da Cidade
Maravilhosa.
Esse insubstituível tambor.
Em 1962, o ex-governador gaúcho Leonel Brizola se elegeu deputado federal pelo Rio com a maior votação da História.
E foi eleito governador do Rio em 82 - quando o gatinho angorá e o general Golbery tentaram o Golpe da Proconsult - e em 1990.
Dilma é benvinda ao Rio da rua Joaquim
Nabuco, onde morou a mãe do ansioso blogueiro, e mora a historiadora
Rosa Maria Araújo, co-autora, com Sérgio Cabral (pai) do imperdível
musical "Sassaricando"!
Porque os militares e a Globo odiavam o Rio?
Porque o Rio era brizolista!
Como foi a Dilma.
Por que a Globo odeia o Rio (e lambe as botas de São Paulo)?
Porque o eleitor do Rio adora o Lula.
E a Dilma!
Em 2014, ela surrou o Aecím, o "mais chato", com 55% dos votos do Rio.
E um conselho inútil de carioca:
Presidenta, faça mais o percurso em direção à Praia de Copacabana do que
em direção ao Arpoador.
A Avenida Atlântica foi onde morou o Brizola.
Quem sabe ele reaparece por lá, de lenço vermelho!
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