O modelo caça às bruxas da Lava Jato
A versão de que a Lava Jato é isenta e só recorre a vazamento de delações premiadas tornadas públicas é constantemente desmentida pelos fatos. Ou melhor, pelos boatos.
Tome a reportagem do Valor de hoje, “Diretor da Oi ligado ao PT vira alvo da Lava Jato”.
Lá, fica-se sabendo que José Zunga Alves de Lima é suspeito de atuar em favor da Oi.
Os motivos que alicerçam a suspeitas são os seguintes:
- Ele é visto pela Polícia Federal como tendo “bom trânsito” junto a altos escalões do governo federal. Aliás, como todo conselheiro de agência reguladora que vai trabalhar no setor privado.
- Além de diversos contatos com autoridades, em nome da Andrade Gutierrez, “os quais podem ter sido beneficiados por repasses ou travestidos de doações eleitorais, chama a atenção a intermediação do contato entre Zunga e Benedicto Junior (presidente da Odebrecht Infraestrutura) buscando resolver problemas relacionados ao Consórcio Mobilidade Bahia”.
- Zunga é próximo a Lula, que o indicou para conselheiro da Anatel.
- Zunga prestou assessoria à Gamecorp, de Lulinha, vendida para a Andrade.
- O relatório admite que Zunga pode ter sido procurado por Benedicto Junior devido ao fato da Andrade ter enfrentado o mesmo problema em São Paulo.
Ao jornal, Zunga negou conhecer qualquer pessoa da Odebrecht e negou interferências na Bahia, afirmando não ter nenhum conhecimento por lá.
Apenas isso bastou para que a Lava Jato vazasse as suspeitas contra uma pessoa, a suspeita ganhasse as páginas dos jornais e, a partir de agora, se inicie uma caça às bruxas.
Zunga intermediou repasses “travestidos de doações eleitorais”? Não há nenhuma comprovação no relato da PF. Ele “pode” ter feito isso, segundo o próprio relato.
Os únicos dados objetivos – e que explicam esse julgamento público – é de ele ter sido da CUT e, segundo o relatório, ser próximo a Lula.
No começo, eles pegaram meu vizinho, depois pegaram outros na rua, depois pegaram os judeus...
Há uma consciência jurídica no país, mas essa escalada está sendo alimentada de forma imprudente por uma mídia irresponsável e um Ministro da Justiça medroso.
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