O Conversa Afiada reproduz dez reflexões de Saturnino Braga:
DEZ PONTOS PARA REFLEXÃO
- Sim foi mais um golpe, não adianta parecer jurídico de sustentação nem discurso no Congresso; a evidência do senso comum é arrasadora e vai prevalecer a longo prazo. Temer na presidência não terá legitimidade.
- Grande parte da opinião acabou apoiando o golpe convencida, realisticamente, de que seria a única maneira de tornar o País governável, visto que Dilma Rousseff teria perdido completamente a condição de governar. É o pragmatismo do fato consumado se sobrepondo aos princípios institucionais.
- Se a Presidenta realmente perdeu esta condição de governabilidade, foi por força da crescente e asfixiante crise política forjada para o golpe, desencadeada no momento em que ela foi reeleita, com o propósito claro de derrubá-la. A crise fez parte do golpe, como condição de êxito, e cumpriu o seu papel. Só que, agora, constituirá um grande problema a ser enfrentado pelos golpistas
- O golpe foi cuidadosamente arquitetado e trabalhado, a partir da derrota eleitoral dos golpistas em 2014, por um comando competente e experiente.
- Foi um golpe declarado e energizado pela mídia, deflagrado por membros Ministério Público e do Judiciário que já estavam atuando desde um ano antes, com vistas ao resultado eleitoral que foi perdido. Acabou conjurado e desenvolvido no Congresso com apoio na cúpula do Judiciário. Tal como o golpe do Paraguai, poucos anos atrás.
- Foi uma operação de grande envergadura, planejada e coordenada com competência especializada e forte poder de sustentação econômica, incluindo o poder de influir sobre o mercado que, com suas “incertezas”, cooperou decisivamente para o golpe.
- As evidências também vão mostrando que as razões do golpe estão muito ligadas à política internacional do Brasil, de rejeitar a ALCA, aderir aos BRICS, criar as novas instituições financeiras mundiais alternativas, e liderar a América do Sul em movimento de independência com o Mercosul e a Unasul. Brasil, Argentina e Venezuela, agora realinhadas politicamente com o grande capital, serão apoios muito importantes para o novo Tratado Transatlântico, nos moldes do transpacífico, que vem encontrando resistências na Europa. E José Serra nas Relações Exteriores é o homem certo para este novo alinhamento
- A atual embaixadora dos EE UU no Brasil é a mesma que tramou o golpe contra o Presidente Lugo no Paraguai e, como disse Marcelo Lavenère na Comissão do impeachment, o cérebro e o cofre deste golpe no Brasil estão fora do País.
- A Presidenta Dilma Rousseff demonstra com altivez seu caráter forte e límpido, sai cercada pelo respeito de uma pessoa honrada, condenada por um Congresso enlameado de corrupção, e vai continuar lutando contra o golpe.
- É imprevisível, instável e temerária a situação do Brasil nos próximos meses de um governo sem legitimidade, em meio a uma crise econômica que o próprio golpe engendrou. E isto também, o atraso do Brasil, atende aos interesses do cérebro e do cofre que comandaram o golpe.
E a pergunta surge então naturalmente; surge como manifestação de humor negro mas deixa um resíduo grosso e ácido que não desaparece: depois desta nova demonstração de poder e dominação (a quarta demonstração que eu presenciei ao longo da minha vida), depois deste golpe paraguaio no Brasil, o senso de realismo que a política exige não recomendaria que desistisse o Brasil de ser uma nação independente e aderisse abertamente à grande federação do Norte? Afinal, política demanda respeito à realidade e esta nos mostra fartamente que a autonomia nacional brasileira é só um sentimento, não uma objetividade. Cada vez que iniciamos uma política brasileira que contraria os interesses do grande capital, a mídia, que faz a cabeça do povo, investe maciçamente contra ela e o golpe se efetiva, de uma forma ou de outra, para anular aquele projeto. Então, brasileiros, diz a sabedoria realista, vamos cuidar cada um de sua vida e parar de sonhar com projetos nacionais. Vamos globalizar o nosso país e, a partir deste reconhecimento pós-moderno, poderemos reivindicar o envio deputados nossos a Washington para obter recursos para melhorar a nossa vida. Poderemos abolir as Forças Armadas, como faz a Costa Rica com grande economia, e confiar ao Império a nossa defesa em caso improvável de agressão. Poderemos renunciar à nossa moeda e adotar o dólar, como faz o Equador, sem que tenhamos de nos preocupar mais com estabilidade do Real. Enfim, reconhecer a realidade incontrastável e cuidar com sabedoria das nossas praias, das nossa favelas e os nossos festejos.
Quantos brasileiros, destes muitos que não gostam do Brasil e que sonham em viver em Miami, que gostam desses golpes políticos que nos reaproximam do mundo rico; quantos brasileiros já não pensam assim, mesmo que não tenham consciência clara?
Pra mim, como disse, é humor negro; mas eu estou fora do mundo real, sou um velho socialista, não vejo televisão e não tenho celular. Ora.
- Grande parte da opinião acabou apoiando o golpe convencida, realisticamente, de que seria a única maneira de tornar o País governável, visto que Dilma Rousseff teria perdido completamente a condição de governar. É o pragmatismo do fato consumado se sobrepondo aos princípios institucionais.
- Se a Presidenta realmente perdeu esta condição de governabilidade, foi por força da crescente e asfixiante crise política forjada para o golpe, desencadeada no momento em que ela foi reeleita, com o propósito claro de derrubá-la. A crise fez parte do golpe, como condição de êxito, e cumpriu o seu papel. Só que, agora, constituirá um grande problema a ser enfrentado pelos golpistas
- O golpe foi cuidadosamente arquitetado e trabalhado, a partir da derrota eleitoral dos golpistas em 2014, por um comando competente e experiente.
- Foi um golpe declarado e energizado pela mídia, deflagrado por membros Ministério Público e do Judiciário que já estavam atuando desde um ano antes, com vistas ao resultado eleitoral que foi perdido. Acabou conjurado e desenvolvido no Congresso com apoio na cúpula do Judiciário. Tal como o golpe do Paraguai, poucos anos atrás.
- Foi uma operação de grande envergadura, planejada e coordenada com competência especializada e forte poder de sustentação econômica, incluindo o poder de influir sobre o mercado que, com suas “incertezas”, cooperou decisivamente para o golpe.
- As evidências também vão mostrando que as razões do golpe estão muito ligadas à política internacional do Brasil, de rejeitar a ALCA, aderir aos BRICS, criar as novas instituições financeiras mundiais alternativas, e liderar a América do Sul em movimento de independência com o Mercosul e a Unasul. Brasil, Argentina e Venezuela, agora realinhadas politicamente com o grande capital, serão apoios muito importantes para o novo Tratado Transatlântico, nos moldes do transpacífico, que vem encontrando resistências na Europa. E José Serra nas Relações Exteriores é o homem certo para este novo alinhamento
- A atual embaixadora dos EE UU no Brasil é a mesma que tramou o golpe contra o Presidente Lugo no Paraguai e, como disse Marcelo Lavenère na Comissão do impeachment, o cérebro e o cofre deste golpe no Brasil estão fora do País.
- A Presidenta Dilma Rousseff demonstra com altivez seu caráter forte e límpido, sai cercada pelo respeito de uma pessoa honrada, condenada por um Congresso enlameado de corrupção, e vai continuar lutando contra o golpe.
- É imprevisível, instável e temerária a situação do Brasil nos próximos meses de um governo sem legitimidade, em meio a uma crise econômica que o próprio golpe engendrou. E isto também, o atraso do Brasil, atende aos interesses do cérebro e do cofre que comandaram o golpe.
E a pergunta surge então naturalmente; surge como manifestação de humor negro mas deixa um resíduo grosso e ácido que não desaparece: depois desta nova demonstração de poder e dominação (a quarta demonstração que eu presenciei ao longo da minha vida), depois deste golpe paraguaio no Brasil, o senso de realismo que a política exige não recomendaria que desistisse o Brasil de ser uma nação independente e aderisse abertamente à grande federação do Norte? Afinal, política demanda respeito à realidade e esta nos mostra fartamente que a autonomia nacional brasileira é só um sentimento, não uma objetividade. Cada vez que iniciamos uma política brasileira que contraria os interesses do grande capital, a mídia, que faz a cabeça do povo, investe maciçamente contra ela e o golpe se efetiva, de uma forma ou de outra, para anular aquele projeto. Então, brasileiros, diz a sabedoria realista, vamos cuidar cada um de sua vida e parar de sonhar com projetos nacionais. Vamos globalizar o nosso país e, a partir deste reconhecimento pós-moderno, poderemos reivindicar o envio deputados nossos a Washington para obter recursos para melhorar a nossa vida. Poderemos abolir as Forças Armadas, como faz a Costa Rica com grande economia, e confiar ao Império a nossa defesa em caso improvável de agressão. Poderemos renunciar à nossa moeda e adotar o dólar, como faz o Equador, sem que tenhamos de nos preocupar mais com estabilidade do Real. Enfim, reconhecer a realidade incontrastável e cuidar com sabedoria das nossas praias, das nossa favelas e os nossos festejos.
Quantos brasileiros, destes muitos que não gostam do Brasil e que sonham em viver em Miami, que gostam desses golpes políticos que nos reaproximam do mundo rico; quantos brasileiros já não pensam assim, mesmo que não tenham consciência clara?
Pra mim, como disse, é humor negro; mas eu estou fora do mundo real, sou um velho socialista, não vejo televisão e não tenho celular. Ora.
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