Dois sonhos excludentes da direita liberal
Foto: Fernando Donasci/Reuters |
Os brasileiros que tanto lutaram pela democracia estão de luto desde o
impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mais do que isto, estão
envergonhados. Este é, pelo menos, o meu caso. A democracia foi uma
conquista do povo brasileiro, eu a considero consolidada, e por isso,
diante do golpe parlamentar, senti vergonha e tristeza pelo meu país.
Ontem houve uma impressionante manifestação popular contra o impeachment em São Paulo. E a demanda foi por “diretas já”. Não creio, porém, que esta seja uma boa tese para as forças populares. Sem dúvida, o ideal seriam eleições presidenciais o mais breve possível, mas como aprová-las se o PMDB e o Centrão apoiam o novo governo?
O que as manifestações populares de ontem mostraram foi o que as pesquisas de opinião já indicavam – que falta apoio popular ao governo. Não lhe falta, porém, apoio nas elites econômicas, além de não lhe faltar apoio no parlamento.
O impeachment resultou da coalizão perversa de políticos e economistas liberais, que foram derrotados nas eleições de 2014 (PSDB, DEM e PPS) com os políticos oportunistas do PMDB e, mais amplamente, do Centrão.
Os dois grupos são oportunistas. Os liberais querem aproveitar a oportunidade surgida pela crise fiscal, causada pelos erros da ex-presidente em 2013 e 2014 e por uma grande recessão, não para fazer ajuste fiscal (que é necessário) mas para realizar seus dois sonhos excludentes: reduzir “estruturalmente” as despesas do Estado, dessa forma desmontando o Estado Social que o Brasil construiu desde a transição democrática de 1985; e eliminar os direitos trabalhistas que os brasileiros conquistaram ainda nos anos 1940 ao fazer prevalecerem os acordos sindicais sobre a Consolidação das Leis do Trabalho na qual nem os militares mexeram.
Já os oportunistas do PMDB e do Centrão aproveitaram a oportunidade da crise econômica e política por que passa o país para ocupar o poder. Para isso precisavam o apoio das elites econômicas e políticas liberais, e, para isso, prepararam o plano, “Uma ponte para o futuro”, no qual prometeram as reformas constitucionais visando atender às duas demandas das elites.
Não creio, porém, que essas reformas constitucionais radicais irão à frente. O neoliberalismo que as inspira está em profunda crise nos países ricos – crise econômica desde 2008, marcada pelas baixas taxas de crescimento, crise política desde o Brexit, marcada pela divisão da sociedade entre vencedores e perdedores.
É verdade que o Brasil geralmente “se atrasa” em adotar as modas ideológicas do Ocidente, mas o neoliberalismo já está velho, já demonstrou quão radical e elitista é. Os brasileiros querem uma sociedade razoavelmente una ao invés de dividida como é a sociedade proposta pelos neoliberais. As manifestações populares de ontem mostraram mais uma vez isto.
Ontem houve uma impressionante manifestação popular contra o impeachment em São Paulo. E a demanda foi por “diretas já”. Não creio, porém, que esta seja uma boa tese para as forças populares. Sem dúvida, o ideal seriam eleições presidenciais o mais breve possível, mas como aprová-las se o PMDB e o Centrão apoiam o novo governo?
O que as manifestações populares de ontem mostraram foi o que as pesquisas de opinião já indicavam – que falta apoio popular ao governo. Não lhe falta, porém, apoio nas elites econômicas, além de não lhe faltar apoio no parlamento.
O impeachment resultou da coalizão perversa de políticos e economistas liberais, que foram derrotados nas eleições de 2014 (PSDB, DEM e PPS) com os políticos oportunistas do PMDB e, mais amplamente, do Centrão.
Os dois grupos são oportunistas. Os liberais querem aproveitar a oportunidade surgida pela crise fiscal, causada pelos erros da ex-presidente em 2013 e 2014 e por uma grande recessão, não para fazer ajuste fiscal (que é necessário) mas para realizar seus dois sonhos excludentes: reduzir “estruturalmente” as despesas do Estado, dessa forma desmontando o Estado Social que o Brasil construiu desde a transição democrática de 1985; e eliminar os direitos trabalhistas que os brasileiros conquistaram ainda nos anos 1940 ao fazer prevalecerem os acordos sindicais sobre a Consolidação das Leis do Trabalho na qual nem os militares mexeram.
Já os oportunistas do PMDB e do Centrão aproveitaram a oportunidade da crise econômica e política por que passa o país para ocupar o poder. Para isso precisavam o apoio das elites econômicas e políticas liberais, e, para isso, prepararam o plano, “Uma ponte para o futuro”, no qual prometeram as reformas constitucionais visando atender às duas demandas das elites.
Não creio, porém, que essas reformas constitucionais radicais irão à frente. O neoliberalismo que as inspira está em profunda crise nos países ricos – crise econômica desde 2008, marcada pelas baixas taxas de crescimento, crise política desde o Brexit, marcada pela divisão da sociedade entre vencedores e perdedores.
É verdade que o Brasil geralmente “se atrasa” em adotar as modas ideológicas do Ocidente, mas o neoliberalismo já está velho, já demonstrou quão radical e elitista é. Os brasileiros querem uma sociedade razoavelmente una ao invés de dividida como é a sociedade proposta pelos neoliberais. As manifestações populares de ontem mostraram mais uma vez isto.
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