Paulo Moreira Leite: Eduardo Cunha representa o atraso no Congresso
Introduzido no primeiro escalão da política brasileira pelo tristemente inesquecível tesoureiro PC Farias, Eduardo Cunha é o candidato dos falsos moralistas e reacionários, como Marco Feliciano. Também tem apoio dos partidários de um golpe militar, como Jair Bolsonaro. Político de interesses particulares e “particulares”, Eduardo Cunha representa o que de mais atrasado se pode encontrar no Congresso.
Por Paulo Moreira leite*
Eduardo Cunha (foto: divulgação)
"Faz a política da pré-política, do tempo medieval que insiste em sobreviver, no qual senhores feudais de paletó e gravata não separam o público do privado"
Introduzido no primeiro escalão da política brasileira pelo tristemente inesquecível tesoureiro PC Farias, Eduardo Cunha é o candidato dos falsos moralistas e reacionários, como Marco Feliciano. Também tem apoio dos partidários de um golpe militar, como Jair Bolsonaro. Político de interesses particulares e “particulares”, Eduardo Cunha representa o que de mais atrasado se pode encontrar no Congresso.Faz a política da pré-política, do tempo medieval que insiste em sobreviver, no qual senhores feudais de paletó e gravata não separam o público do privado. Qual sua causa? Quais interesses? Não importa. Caso venha ser vitorioso, irá quebrar um recorde. Ele é a favor do quê mesmo?
Pela primeira vez, o presidente do Congresso terá interesses especiais a defender. Nem Severino Cavalcanti, flagrado quando recebia um dinheiro de um dono de restaurante no parlamento, poderia ser definido assim.
Ninguém sabe, neste momento, quem vencerá a disputa pela presidência da Câmara de Deputados, onde Eduardo Cunha (PMDB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), chegaram a um empate técnico. (Há poucas horas, uma das mais competentes raposas de Brasília estimava que Arlindo avançava com uma pequena vantagem no olho eletrônico mas vamos combinar que isso é puro palpite, longe de um levantamento real).
Há menos de um mês a vitória de Eduardo Cunha era tida como inevitável como a chegada da quarta-feira de Cinzas depois do Carnaval. Um número considerável de dirigentes do PT passou o Reveillon debatendo se era conveniente enfrentar Eduardo Cunha, em vez de aderir a sua candidatura em troca de um cargo na Mesa diretora.
O pessimismo era tanto que vozes respeitadíssimas temiam o pior. Convencidas de que Eduardo Cunha já formara um conjunto de alianças invencível, se perguntavam se não era tarde demais até para bater na porta na posição de quem vai pedir uma esmola.
O empate técnico mostra o absurdo dessa visão.
Ocorre em Brasília, neste momento, uma disputa política em torno de apostas para o futuro e remédios para o presente – e é com argumentos dessa natureza que os aliados de Arlindo Chinaglia têm conseguido reforçar sua candidatura
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