Por isso é tão cobiçada pelo capital nacional e internacional. Estes não aceitam e nunca aceitaram a existência de uma empresa estatal num ramo tão lucrativo. O tal "mercado" faz de tudo para tornar possível sua privatização e para isso conta com a imprensa amiga, o famoso PIG, o verdadeiro partido de oposição do nosso país, para conseguir seu intento.
NÃO PASSARÃO!
Carlos Dória
QUANTO VALE A PETROBRAS
O
adiamento do balanço da Petrobras do terceiro trimestre do ano passado
foi um equívoco estratégico da direção da companhia, cada vez mais
vulnerável à pressão que vem recebendo de todos os lados, que deveria,
desde o início do processo, ter afirmado que só faria a baixa contábil
dos eventuais prejuízos com a corrupção, depois que eles tivessem, um a
um, sua apuração concluída, com o avanço das investigações.
A divulgação do balanço há poucos dias, sem números que não deveriam ter sido prometidos, levou a nova queda no preço das ações.
E, naturalmente, a novas reações iradas e estapafúrdias, com mais especulação sobre qual seria o valor
- subjetivo, sujeito a flutuação, como o de toda empresa de capital
aberto presente em bolsa - da Petrobras, e o aumento dos ataques por
parte dos que pretendem aproveitar o que está ocorrendo para destruir a
empresa - incluindo hienas de outros países - vide as últimas idiotices
do Financial Times - que adorariam estraçalhar e dividir, entre baba e dentes, os eventuais despojos de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.
O que importa mais na Petrobras?
O valor das ações, espremido também por uma campanha que vai muito além da intenção de sanear a empresa
e combater eventuais casos de corrupção e que inclui de apelos, nas
redes sociais, para que consumidores deixem de abastecer seus carros nos
postos BR; à aberta torcida para que “ela quebre, para acabar com o
governo”; ou para que seja privatizada, de preferência, com a entrega de
seu controle para estrangeiros, para que se possa - como afirmou um
internauta- pagar um real por litro de gasolina, como nos EUA " ?
Para
quem investe em bolsa, o valor da Petrobras se mede em dólares, ou em
reais, pela cotação do momento, e muitos especuladores estão fazendo
fortunas, dentro e fora do Brasil, da noite para o dia, com a flutuação
dos títulos derivada, também, da campanha antinacional em curso,
refletida no clima de“terrorismo” e no desejo de "jogar gasolina na
fogueira", que tomou conta dos espaços mais conservadores -para não
dizer golpistas, fascistas, até mesmo por conivência - da internet.
Para
os patriotas, e ainda os há, graças a Deus, o que importa mais, na
Petrobras, é seu valor intrínseco, simbólico, permanente, e intangível, e
o seu papel estratégico para o desenvolvimento e o fortalecimento do
Brasil.
Quanto vale a luta, a coragem,
a determinação, daqueles que, em nossa geração, foram para as ruas e
para a prisão, e apanharam de cassetete e bombas de gás, para exigir a
criação de uma empresa nacional voltada para a exploração de uma das
maiores riquezas econômicas e estratégicas da época, em um momento em
que todos diziam que não havia petróleo no Brasil, e que, se houvesse,
não teríamos, atrasados e subdesenvolvidos que“somos”, condições
técnicas de explorá-lo ?
Quanto vale a
formação, ao longo de décadas, de uma equipe de 86.000 funcionários,
trabalhadores, técnicos e engenheiros, em um dos segmentos mais
complexos da atuação humana?
Quanto
vale a luta, o trabalho, a coragem, a determinação daqueles, que, não
tendo achado petróleo em grande quantidade em terra, foram buscá-lo no
mar, batendo sucessivos recordes de poços mais profundos do planeta;
criaram soluções, "know-how", conhecimento; transformaram a Petrobras na
primeira referência no campo da exploração de petróleo a centenas,
milhares de metros de profundidade; a dezenas, centenas de quilômetros
da costa; e na mais premiada empresa da história da OTC -Offshore
Technology Conferences, o "Oscar" tecnológico da exploração de petróleo
em alto mar, que se realiza a cada dois anos, na cidade de Houston, no
Texas, nos Estados Unidos ?
Quanto
vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, ao longo da
história da maior empresa brasileira -condição que ultrapassa em muito,
seu eventual valor de "mercado" -enfrentaram todas as ameaças à sua
desnacionalização, incluindo a ignominiosa tentativa de alterar seu
nome, retirando-lhe a condição de brasileira, mudando-o para
"Petrobrax", durante a tragédia privatista e “entreguista” dos anos 1990
?
Quanto vale uma companhia presente
em 17 países, que provou o seu valor, na descoberta e exploração de óleo
e gás, dos campos do Oriente Médio ao Mar Cáspio, da costa africana às
águas norte-americanas do Golfo do México ?
Quanto vale uma empresa que reuniu à sua volta, no Brasil, uma das maiores estruturas do mundo em Pesquisa e Desenvolvimento,
no Rio de Janeiro, trazendo para cá os principais laboratórios, fora de
seus países de origem, de algumas das mais avançadas empresas do
planeta?
Por que enquanto virou moda - nas redes sociais e fora da internet
- mostrar desprezo, ódio e descrédito pela Petrobras, as mais
importantes empresas mundiais de tecnologia seguem acreditando nela, e
querem desenvolver e desbravar, junto com a maior empresa brasileira, as
novas fronteiras da tecnologia de exploração de óleo e gás em águas
profundas?
Por que em novembro de 2014, há apenas pouco mais de três meses, portanto, a General Electric
inaugurou, no Rio de Janeiro, com um investimento de 1 bilhão de reais,
o seu Centro Global de Inovação, junto a outras empresas que já
trouxeram seus principais laboratórios para perto da Petrobras, como a BG, aSchlumberger, a Halliburton, a FMC, a Siemens, a Baker Hughes, a Tenaris Confab, a EMC2 a V&M e a Statoil ?
Quanto
vale o fato de a Petrobras ser a maior empresa da América Latina, e a
de maior lucro em 2013 - mais de 10 bilhões de dólares - enquanto a PEMEXmexicana, por exemplo, teve um prejuízo de mais de 12 bilhões de dólares no mesmo período ?
Quanto vale o fato de a Petrobras ter ultrapassado, no terceiro trimestre de 2014, a EXXON
norte-americana como a maior produtora de petróleo do mundo, entre as
maiores companhias petrolíferas mundiais de capital aberto ?
É
preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial, rasteira, e
odiosa, da Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas no
âmbito da corrupção, especulação esta que não é apenas econômica, mas
também política.
A PETROBRAS teve um
faturamento de 305 bilhões de reais em 2013, investe mais de 100 bilhões
de reais por ano, opera uma frota de 326 navios, tem 35.000 quilômetros
de dutos, mais de 17 bilhões de barris em reservas, 15 refinarias e 134
plataformas de produção de gás e de petróleo.
É
óbvio que uma empresa de energia com essa dimensão e complexidade, que,
além dessas áreas, atua também com termoeletricidade, biodiesel,
fertilizantes e etanol, só poderia lançar em balanço eventuais prejuízos
com o desvio de recursos por corrupção, à medida que esses desvios ou
prejuízos fossem “quantificados” sem sombra de dúvida, para depois ser -
como diz o “mercado” - "precificados", um por um, e não por atacado,
com números aleatórios, multiplicados até quase o infinito, como tem
ocorrido até agora.
As cifras
estratosféricas (de 10 a dezenas de bilhões de reais), que contrastam
com o dinheiro efetivamente descoberto e desviado para o exterior até
agora, e enchem a boca de "analistas", ao falar dos prejuízos, sem citar
fatos ou documentos que as justifiquem, lembram o caso do "Mensalão".
Naquela
época, adversários dos envolvidos cansaram-se de repetir, na imprensa e
fora dela, ao longo de meses a fio, tratar-se a denúncia de Roberto
Jefferson, depois de ter um apaniguado filmado roubando nos Correios, de
o "maior escândalo da história da República", bordão esse que voltou a
ser utilizado maciçamente, agora, no caso da Petrobras.
Em
dezembro de 2014, um estudo feito pelo instituto Avante Brasil, que,
com certeza não defende a “situação”, levantou os 31 maiores escândalos
de corrupção dos últimos 20 anos.
Nesse
estudo, o “mensalão” - o nacional, não o “mineiro” - acabou ficando em
décimo-oitavo lugar no ranking, tendo envolvido menos da metade dos
recursos do “trensalão” tucano de São Paulo e uma parcela duzentas menor
que a cifra relacionada ao escândalo do Banestado, ocorrido durante o
mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, em primeiríssimo lugar,
envolveu, segundo o levantamento, em valores atualizados,
aproximadamente 60 bilhões de reais.
E
ninguém, absolutamente ninguém, que dizia ser o mensalão o maior dos
escândalos da história do Brasil, tomou a iniciativa de tocar, sequer,
no tema - apesar do “doleiro” do caso Petrobras, Alberto Youssef, ser o
mesmo do caso Banestado - até agora.
Os
problemas derivados da queda da cotação do preço internacional do
petróleo não são de responsabilidade da Petrobras e afetam igualmente
suas principais concorrentes.
Eles
advém da decisão tomada pela Arábia Saudita de tentar quebrar a
indústria de extração de óleo de xisto nos Estados Unidos, aumentando a
oferta saudita e diminuindo a cotação do produto no mercado global.
Como
o petróleo extraído pela Petrobras destina-se à produção de
combustíveis para o próprio mercado brasileiro, que deve aumentar com a
entrada em produção de novas refinarias, como a Abreu e Lima; ou para a
“troca” por petróleo de outra graduação, com outros países, a empresa
deverá ser menos prejudicada por esse processo.
A
produção de petróleo da companhia está aumentando, e também as
descobertas, que já somam várias depois da eclosão do escândalo.
E,
mesmo que houvesse prejuízo - e não há - na extração de petróleo do
pré-sal, que já passa de 500.000 barris por dia, ainda assim valeria a
pena para o país, pelo efeito multiplicador das atividades da empresa,
que garante, com a política de conteúdo nacional mínimo, milhares de
empregos qualificados na construção naval, na indústria de equipamentos,
na siderurgia, na metalurgia, na tecnologia.
A
Petrobras foi, é e será, com todos os seus problemas, um instrumento de
fundamental importância estratégica para o desenvolvimento nacional, e
especialmente para os estados onde tem maior atuação, como é o caso do
Rio de Janeiro.
Em vez de acabar com ela, como muitos gostariam, o que o Brasil precisaria é ter duas, três, quatro, cinco Petrobras.
É necessário punir os ladrões que a assaltaram ?
Ninguém duvida disso.
Mas é preciso lembrar, também, uma verdade cristalina.
A Petrobras não é apenas uma empresa.
Ela é uma Nação.
Um conceito.
Uma bandeira.
E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.
Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.
E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.
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